Se
Deus criou o Homem à sua imagem e semelhança, conforme diz a Bíblia, o Homem tem
vindo a criar o cão de modo semelhante, ao ponto do animal entender e reflectir
as emoções, ambições e preocupações do seu criador. A compreensão das emoções
humanas pelos cães é primeiro facilitada pelo seu excepcional olfacto que
consegue identificar, mediante diferentes odores químicos, os estados
emocionais humanos correspondentes, como é o caso, por exemplo, da detecção e
ataque dos cinófobos ou a detecção da tristeza nos donos. Homens e cães possuem
inteligência emocional, conseguem reconhecer e avaliar as suas emoções e as dos
outros, construindo a partir disso sólidas relações sociais, o que muito releva
a transmissão emocional dos conteúdos de ensino no adestramento, porque nos
binómios destinados ao trabalho não são só os donos que precisam de ser
ajudados, os cães também e provavelmente até mais, para que se constituam num
todo indivisível (cara de um, focinho de outro).
Penso
que ninguém duvida que os cães agem por vezes em função daquilo que os seus
donos são, espelhando emoções iguais ou contrárias às dos seus líderes,
dependendo isso do perfil psicológico individual de cada animal, sendo muito
conhecidos os seguintes exemplos: gente pacífica tem cães pacíficos; indivíduos
instáveis têm cães conturbados; gente agressiva tende a ter cães agressivos,
indivíduos demasiado tolerantes acabam surpreendidos por cães abusadores; donos
muito inibidos podem gerar cães esquivos, desconfiados e anti-sociais e gente
ambiciosa tende a formar cães competitivos. Quando não existe uma verdadeira
simbiose emotiva entre donos e cães, esses binómios jamais virão a
constituir-se verdadeiramente e poderão vir a ser assolados por sérias confrontações.
Como
já vimos e sabemos, quando um dono parte para um obstáculo novo ou difícil na
incerteza do cão o vencer, é mais do que certo que o animal vacilará e não o
transporá conforme o desejável, porque o animal acaba por espelhar a incerteza
presente no seu condutor, pelo que importa exalar sentimentos positivos perante
as dificuldades encontradas e proceder à transmissão das emoções necessárias e
próprias para os diferentes desempenhos, arrebatamento só possível pela exteriorização
do ânimo, pela clareza dos incentivos e pelo auxílio da mímica apropriada,
mímica que deverá estar sempre de acordo com a mensagem emocional a transmitir.
Tal como os cães nos fazem a nós, pelo uso da inteligência emocional, devemos perscrutar através das emoções caninas o que lhes vai pela cabeça. A melhor maneira de nos fazermos compreender a um cão é exteriorizar emocionalmente aquilo que queremos. De que valeria o reforço positivo se tirássemos das diversas recompensas a respectiva entrega e apego emocional? Provavelmente só restaria o frio e mecânico protocolo de alimentar, normalmente destinado aos encarcerados que ansiosamente esperam pela liberdade que sempre tarda. Liberte-se e liberte o seu cão!
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