quinta-feira, 16 de setembro de 2021

TANTO À TRELA COMO EM LIBERDADE, O “JUNTO” PODE SALVAR VIDAS

 

Na cidade norte-americana de San Francisco, no Estado da Califórnia, na estação ferroviária de Powell Street, na passada segunda-feira, dia 13 deste mês, por volta das 15h00, uma senhora de 41 anos, Amy Adams, que se fazia acompanhar pelo seu cão, ao sair apressadamente do comboio em que circulava, acabou por ser arrastada pela composição ao longo dos trilhos, depois que as portas desta se fecharam, acabando lamentavelmente por morrer. A defunta que trazia o animal preso pela trela à sua cintura, sem dar por isso, deixou o cão dentro do comboio e foi rebocada pela trela que se encontrava presa ao animal. Ao contrário da dona, cachorro saiu ileso do acidente. Estamos aqui perante uma morte escusada e estúpida, mas que pode repetir-se perante a desatenção dos donos e a ausência de um “junto” digno desse nome.

O “junto” é um comando de obediência que visa em primeira instância a protecção e a salvaguarda binomial, figura que espelha por excelência a unidade de propósitos dos binómios que a assimilaram, codificaram e que assim se deslocam diariamente, lado a lado e para sempre. O verdadeiro “junto” carece de ser inviolável e nada deverá intrometer-se entre o ombro direito dos animais e o joelho esquerdo dos seus donos, quando em evolução. Para que a perfeita assimilação do comando aconteça por parte dos cães, é necessário um excelente e continuado condicionamento à trela, que garantirá a futura e indivisível condução em liberdade. Este comando é uma das pedras basilares da obediência e em cima dele se constrói todo o ornato próprio do adestramento clássico nas suas múltiplas vertentes.

Se a falecida norte-americana, da qual se lamenta a morte, tivesse alcançado um “junto” absoluto com o seu cão, provavelmente não estaríamos a estender condolências à sua família e amigos. O “junto”, quando accionado, carrega uma obrigação recíproca - o dono olha pelo cão e este olha pelo dono, reciprocidade advinda da confiança mútua tantas vezes vivida e reconfirmada. É possível que a malograda Amy Adams tivesse o cão assim preso para não o perder de vista no meio de uma carruagem superlotada, opção que se revelou desastrosa e que por isso mesmo não deverá ser  copiada. 

Sem comentários:

Enviar um comentário