Com
o calcanhar da Leonor a melhorar, começámos por corrigir-lhe a postura para
aliviar o impacto visual sobre a Cookie, libertar ambas da tensão, levar o
animal a levantar a cabeça, a olhar para a dona e a procurar os alinhamentos necessários
(foto acima), uma vez que a postura contraída e curvada dos condutores sobre os
cães tende, consoante o perfil psicológico individual cada um deles, ou a
acobardá-los ou a convidá-los para a brincadeira. Depois explicámos à Leonor que
a Cookie vai certa no “JUNTO”
quando as patas dianteiras da cadelinha vão alinhadas pelo seu pé de projecção e
que deve conduzir a Cookie com o seu braço esquerdo completamente descontraído
e encostado à coxa esquerda, para aumentar a sensibilidade da mão condutora,
transmitir tranquilidade e dotar a condução de naturalidade (foto seguinte).
Por
não lhe pormos a vista em cima há tanto tempo, já o julgávamos fora de
circulação ou destacado para parte incerta e longínqua. Estamos a falar do
Tomás, desaparecido há meses e também do Híbrido Dingo, de quem também já
tínhamos saudade, um bom gigante com um ar patusco que, para o melhor e para o
pior, não pode esconder a sua ascendência em Doberman e Fila de S. Miguel.
Quanto ao Tomás, chegou como sempre: de bem com a vida, descontraído e com um
sorriso nos lábios.
Aproveitando
a presença do binómio Tomás/Dingo, procedemos durante alguns momentos à “TROCA DE CONDUTORES”
movidos pelas seguintes razões pedagógicas: 1. Capacitar gradualmente A Leonor para
conduzir todo e qualquer cão no intuito de se valer a si mesma e aos outros; 2.
Levar de vencida os seus possíveis receios diante de uma ou mais raças caninas
particulares; 3. Demonstrar-lhe a supremacia dos comandos sobre as diversas
circunstâncias; 4. Dar-lhe a possibilidade de antever até onde pode chegar com
a sua cadela; 5. Operar a fixação dos comandos na Cookie; 6. Neutralizar os
seus ataques instintivos contra outros cães; 7. Operar a sua submissão; 8.
Ajudá-la a perder o medo de estranhos; 9. Usufruir da ajuda de um condutor mais
experimentado; 10. Avaliar o grau de obediência do Dingo. Na foto abaixo vemos
a Leonor a conduzir este cão.
Mais
rápido do que o esperado, a situação também era uma novidade para a cadela, o
Tomás conseguiu pôr a Cookie a andar junto sem puxar, coisa que à partida não
parecia ser uma tarefa fácil, muito embora a experiência conte muito nesta
matéria.
Pouco
a pouco, porque ninguém nasce ensinado e a surpresa pode desarmar-nos, a Leonor
foi ganhando confiança e acabou por conduzir o bom do Dingo com bastante
naturalidade, melhor até do que estivesse a conduzir a Cookie.
Com
a Leonor mais confiante e a Cookie mais à vontade, os cães voltaram para os
seus donos e abraçaram novas tarefas, mostrando-se o Dingo muito agradado ao
ter o seu dono de volta, enquanto a Cookie o analisava.
Para
aumentar a destreza da Leonor e ajudar na sociabilização da sua cadela, a
menina foi convidada para conduzir os
dois cães em simultâneo, tarefa que executou razoavelmente, apesar da
Cookie ter aproveitado a ocasião de se encontrar nas mãos da dona para tentar
agredir o Dingo. Como um verdadeiro cavalheiro que é, até porque se tratava de
uma cadela, o Dingo não deu grande importância ao assunto e não ripostou.
Mas
quando foi o Tomás a conduzi-lo, a situação inverteu-se, sentindo o híbrido
mais à vontade para conhecer e cortejar a cadelinha. Vale a pena reparar na mímica
das orelhas da Cookie e reparar no medo que nela habita, medo de origem genética
e não traumática, pois na sua ninhada já era assim, contrariamente aos seus
irmãos (que petisco duro de roer vamos ter pela frente).
No
final da aula, a pensar no bem-estar da Cookie e na supressão dos seus medos,
procedemos ainda ao “CRUZAMENTO
FRONTAL”, manobra de sociabilização animal onde os dois cães
se comportaram exemplarmente.
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Leonor/Cookie e Tomás/Dingo. Todas as metas presentes no Plano de Aula foram alcançadas; o Adestrador serviu de fotógrafo; o Tomás esteve à altura e espera-se que a Leonor tenha gravado tudo aquilo que aprendeu.
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