sexta-feira, 10 de setembro de 2021

COMEÇAR DO ZERO

 

Com o calcanhar da Leonor a melhorar, começámos por corrigir-lhe a postura para aliviar o impacto visual sobre a Cookie, libertar ambas da tensão, levar o animal a levantar a cabeça, a olhar para a dona e a procurar os alinhamentos necessários (foto acima), uma vez que a postura contraída e curvada dos condutores sobre os cães tende, consoante o perfil psicológico individual cada um deles, ou a acobardá-los ou a convidá-los para a brincadeira. Depois explicámos à Leonor que a Cookie vai certa no “JUNTO” quando as patas dianteiras da cadelinha vão alinhadas pelo seu pé de projecção e que deve conduzir a Cookie com o seu braço esquerdo completamente descontraído e encostado à coxa esquerda, para aumentar a sensibilidade da mão condutora, transmitir tranquilidade e dotar a condução de naturalidade (foto seguinte).

Por não lhe pormos a vista em cima há tanto tempo, já o julgávamos fora de circulação ou destacado para parte incerta e longínqua. Estamos a falar do Tomás, desaparecido há meses e também do Híbrido Dingo, de quem também já tínhamos saudade, um bom gigante com um ar patusco que, para o melhor e para o pior, não pode esconder a sua ascendência em Doberman e Fila de S. Miguel. Quanto ao Tomás, chegou como sempre: de bem com a vida, descontraído e com um sorriso nos lábios.

Aproveitando a presença do binómio Tomás/Dingo, procedemos durante alguns momentos à “TROCA DE CONDUTORES” movidos pelas seguintes razões pedagógicas: 1. Capacitar gradualmente A Leonor para conduzir todo e qualquer cão no intuito de se valer a si mesma e aos outros; 2. Levar de vencida os seus possíveis receios diante de uma ou mais raças caninas particulares; 3. Demonstrar-lhe a supremacia dos comandos sobre as diversas circunstâncias; 4. Dar-lhe a possibilidade de antever até onde pode chegar com a sua cadela; 5. Operar a fixação dos comandos na Cookie; 6. Neutralizar os seus ataques instintivos contra outros cães; 7. Operar a sua submissão; 8. Ajudá-la a perder o medo de estranhos; 9. Usufruir da ajuda de um condutor mais experimentado; 10. Avaliar o grau de obediência do Dingo. Na foto abaixo vemos a Leonor a conduzir este cão.

Mais rápido do que o esperado, a situação também era uma novidade para a cadela, o Tomás conseguiu pôr a Cookie a andar junto sem puxar, coisa que à partida não parecia ser uma tarefa fácil, muito embora a experiência conte muito nesta matéria.

Pouco a pouco, porque ninguém nasce ensinado e a surpresa pode desarmar-nos, a Leonor foi ganhando confiança e acabou por conduzir o bom do Dingo com bastante naturalidade, melhor até do que estivesse a conduzir a Cookie.

Com a Leonor mais confiante e a Cookie mais à vontade, os cães voltaram para os seus donos e abraçaram novas tarefas, mostrando-se o Dingo muito agradado ao ter o seu dono de volta, enquanto a Cookie o analisava.

Para aumentar a destreza da Leonor e ajudar na sociabilização da sua cadela, a menina foi convidada para conduzir os dois cães em simultâneo, tarefa que executou razoavelmente, apesar da Cookie ter aproveitado a ocasião de se encontrar nas mãos da dona para tentar agredir o Dingo. Como um verdadeiro cavalheiro que é, até porque se tratava de uma cadela, o Dingo não deu grande importância ao assunto e não ripostou.

Mas quando foi o Tomás a conduzi-lo, a situação inverteu-se, sentindo o híbrido mais à vontade para conhecer e cortejar a cadelinha. Vale a pena reparar na mímica das orelhas da Cookie e reparar no medo que nela habita, medo de origem genética e não traumática, pois na sua ninhada já era assim, contrariamente aos seus irmãos (que petisco duro de roer vamos ter pela frente).

No final da aula, a pensar no bem-estar da Cookie e na supressão dos seus medos, procedemos ainda ao “CRUZAMENTO FRONTAL”, manobra de sociabilização animal onde os dois cães se comportaram exemplarmente.

Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Leonor/Cookie e Tomás/Dingo. Todas as metas presentes no Plano de Aula foram alcançadas; o Adestrador serviu de fotógrafo; o Tomás esteve à altura e espera-se que a Leonor tenha gravado tudo aquilo que aprendeu.

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