É
do conhecimento geral que muitas das cabeças mais ilustres deste mundo são encontradas
na Índia, no Paquistão e até no Afeganistão, o que ainda me faz mais confusão
no caso da Índia, pois não sei se os governantes são ignorantes e apostam na
ignorância ou se o povo é ignorante e não quer sair dela (pode também acontecer
“juntar-se a fome à vontade de comer”). O Estado indiano do Punjab, de maioria
Sikh, registou nos últimos 7 meses 72.414 ataques caninos no total dos seus 22
distritos entre janeiro e julho deste ano, o que dá uma média de 14 ataques por
hora, situação que é considerada grave pelas autoridades de saúde, nomeadamente
as ligadas ao PROGRAMA
ESTADUAL DO CONTROLO DA RAIVA (SRCP).
Os
veterinários dizem que os cães vadios são os que mais contribuem para o
problema, muito embora haja donos que são vítimas dos seus próprios cães. O Dr.
Preeti Thaware, oficial do programa SRCP, disse que estes dados sugerem que a
ameaça dos cães vadios cresceu nos últimos anos. “Devido ao surto do Covid -19,
as pessoas aventuraram-se menos a sair de casa, havendo portanto uma diminuição
dos incidentes relacionados com os ataques caninos no ano passado. Mas a
realidade é que os cães vadios representam uma séria ameaça para a população
humana”, disse o Dr. Thaware. Não existem ali dados oficiais que indiquem a fatalidade
causada pelo ataque à dentada dos cães. Por outro lado “a maioria dos pacientes
obedece a um cronograma estrito do programa necessário a 4 doses da vacina, que
é fornecida gratuitamente. Se as vacinas não forem tomadas nas datas
prescritas, o paciente terá que repetir o ciclo e isso pode causar-lhe problemas
de saúde indesejáveis”, acrescentou.
O
Dr. Sandeep Jain, activista dos direitos dos animais em Ludhiana e ex-membro do
Conselho de Bem-estar da Índia, disse que os cães se tornaram agressivos depois
do surgimento das monções, que marca a sua época de acasalamento e que atacaram
as pessoas devido ao excesso do seu calor corporal. “Mas a esterilização pode
reduzir sua agressividade, pois diminui o nível hormonal. A esterilização de
cadelas também pode evitar que contraiam muitas doenças e aumentar sua
expectativa de vida. A comunidade deve ser educada sobre o comportamento
geral dos caninos para minimizar os ataques de cães ”, acrescentou Sandeep Jain.
As
autoridades disseram que um painel estadual monitora e executa regularmente um
programa anti-rábico organizado. Na última comunicação emitida no dia 1 de
setembro, o director e os órgãos locais, pediram aos comissários municipais e
subcomissários adjuntos que garantam que os seus programas de controlo de
natalidade animal e de vacinação anti-rábica estejam de acordo com as normas
fixadas pelo Conselho de Bem-Estar Animal da Índia. “A administração distrital
e os órgãos locais conduzem a esterilização de cães, mas o surto de Covid-19 atrapalhou
a sua prática desde o ano passado. Vários distritos estão agora a trabalhar
para dar início ao programa de esterilização ”, disse um funcionário do
departamento de pecuária.
Apesar dos esforços dos governos de vários
estados, a Índia vai precisar de todo o apoio que as nações amigas e as ONG’s
lhe possam dar, porque há muito que o número de cães ali deixou de ser um
problema nacional ou regional, para ser um problema global, mais ainda se
considerarmos o problema da raiva, que nós portugueses já conseguimos erradicar
do nosso território há várias décadas (desde 1961). Seria bom para quem governa
este subcontinente aprender com os erros do passado e nunca mais permitir tão
grande número de cães a vaguear, não só pelos ataques que possam produzir, mas
pelo perigo que representam para a população humana e para os ecossistemas ao
seu redor.
PS: O regresso vitorioso dos Talibãs, que também os há no Paquistão, é um problema para a Índia bem maior do que o causado pelos cães.
Sem comentários:
Enviar um comentário