Anteontem,
quarta-feira, na localidade de Aroeira, freguesia da Charneca da Caparica,
pelas 22h30, na rua Duarte de Almeida, três pessoas, inquilinos numa moradia,
foram atacadas pelo seu próprio cão ao entrem em casa, dois homens e uma
mulher, respectivamente com 30, 55 e 25 anos. O cão agressor, presumivelmente
um SRD, tinha 10 anos de idade e estava naquela casa quase desde o dia em que
nasceu. O animal começou por atacar o homem de 30 anos num ombro e o seu pai,
homem de 55 anos, ao tentar socorrer o filho, foi mordido no pescoço. A jovem
mulher, que começou por abrir a boca ao cão, acabou também mordida num braço.
Devido à gravidade dos seus ferimentos, os homens foram transportados para o
Hospital de S. José em Lisboa e a senhora, com ferimentos considerados ligeiros,
foi assistida no Hospital Garcia da Orta em Almada. Desconhecem-se até ao
momento quais as razões de um ataque tão violento e por isso mesmo inexplicável.
As vítimas acabaram por matar o cão ao defenderem-se com uma faca. A notícia
foi dada em primeira mão pela CMTV.
Ao
tomar conhecimento da notícia fiquei intrigado quanto ao seu desfecho, porque
aparentemente não saltam razões à vista para um ataque de natureza tão violenta,
atendendo a que foi perpetrado contra os donos e o cão havia crescido com eles.
Por mera casualidade, conheço a rua em questão e a moradia onde tudo aconteceu,
já por lá passei duas ou três vezes e francamente nunca vi o cão ou dei pela sua
presença, tampouco ouvi o seu rosnar. Segundo foi noticiado, o animal tinha a
sua papelada toda em dia, o que exclui de imediato a possibilidade da raiva.
Pela natureza dos ataques, por muitos considerados assassinos, penso que o cão não
seja tão rafeiro quanto à partida se julga, porque “trabalhos” destes são na
sua maioria de origem genética e há raças que fazem deles o seu modus operandi quando provocados, feridos,
ameaçados, amedrontados ou importunados tanto por estranhos como por dor
intensa (um pequeno número deles é também capaz de o fazer para “ajustar contas”).
Assim, é bem possível estarmos na presença de um híbrido ou de um mestiço de
primeira geração.
Se soubesse qual o tipo de relacionamento que tinham as vítimas com o cão e da existência ou não de anteriores desaguisados, consideraria certamente menos hipóteses e mais depressa descobriria qual a razão deste ataque. Os grandes molossos, geralmente usados como protectores de rebanhos e manadas, tendem a atacar os lobos e outros predadores no pescoço, mas vindos da retaguarda para evitar os seus dentes. Estes cães, que são mais disponíveis até aos 2 anos de idade, quando dominantes ou dispensados de qualquer tipo de controlo, costumam atacar o pescoço das pessoas do mesmo modo quando forçados ou contrariados. Penso, e isto é uma suposição minha (vale o que vale), que a jovem senhora tinha uma relação mais privilegiada e mais próxima do cão, porque tentou abrir-lhe a boca, o que um estranho jamais faria e acabou mordida com menor gravidade, o que não me parece ser fruto do acaso. Com o cão morto, mesmo depois de concluídas as investigações em curso, é possível não se chegar a conclusão nenhuma, porque as “razões” do animal jamais serão ouvidas, já que não pôde ser avaliado. Assim sendo, é possível que tudo fique nos segredos dos deuses e se constitua num mistério para sempre.
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