terça-feira, 24 de agosto de 2021

MADE IN PORTUGAL

 

Quando se trabalham binómios constituídos por portugueses e cães SRD estamos a lidar com a prata da casa, com um produto genuinamente “made em Portugal”, o que para certos sectores da nossa canicultura e cinotecnia é uma escolha desastrada e uma aposta perdida, para além de uma opção de muito mau gosto. Também agarrar num Cão de Água Português e fazer dele um cão de trabalho alheio ao seu histórico serviço é, para além de uma perca de tempo, uma verdadeira blasfémia para os mais conservadores que se sentem nus sem os seus cães de raças importadas. Mas aquilo que outros abominam e rejeitam é para mim motivo de redobrada alegria, porque quando maior for o desafio, mais saborosa será a vitória. As meninas recém-chegadas à escola, que conduzem um SRD e um Cão de Água Português, são umas verdadeiras amazonas em prol dos seus cães e dedicam-se ao trabalho afincadamente. Na foto acima vemos a decisão da Inês ao sair da vala e na seguinte a ensinar o Oliver a andar sobre o tronco.

Depois de ter ensinado o Oliver a andar sobre o tronco (rapidamente aprendeu o Cão de Água a fazê-lo), a Inês foi convidada a atravessar a vala com o Oliver “à frente” e “atrás”. A foto abaixo reporta-se a um dos momentos do “à frente”.

Como o binómio Débora/Kiko levava uma lição de avanço (o Kiko é um atleta e “pêras”), assim que o Oliver venceu o tronco, os binómios passaram a trabalhar em paralelo. Quando as duas condutoras são chamadas a fazê-lo mostram uma radiosa unidade e emprestam aos exercícios uma qualidade estética única.

Ontem, o Cão de Água foi introduzido aos saltos verticais pela transposição de um muro de 60cm. Como o venceu pronta e folgadamente, foi depois convidado para saltar 80cm, salto que executou como o mesmo à vontade do anterior. Na foto seguinte vemo-lo a sair do muro de 80cm, no momento da saída.

No GIF abaixo vemos os dois cães a sair de uma pequena vala, preparação que se prende com a sua necessidade de evasão em caso de acidente, tempestade, cataclismo ou sequestro. Para além destas aplicações, o exercício presta-se a uma maior autonomia dos cães, porque mesmo à trela, progridem num plano diferente ao das suas condutoras, que não ficaram muito bem na fotografia por evoluírem acocoradas como se as trelas não tivessem o comprimento necessário, o que aumentou a suspeição dos animais.

Estas duas portuguesas com dois cachorros portugueses (um nascido na rua e outro em berço de ouro), apesar dos limites que outros lhes impunham à partida, todos os dias me surpreendem e ultrapassam dificuldades “inesperadas”. Tudo isto graças à surpreendente força do amor que, segundo um cidadão romano de há dois mil anos atrás, “tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta.” Só o carinho pelos cães poderá suportar os reveses e levar à transcendência binomial.

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