quarta-feira, 25 de agosto de 2021

EUSKIRCHEN: SOLIDARIEDADE DEFRAUDADA

 

Sempre ouvi dizer em Portugal que a ocasião faz o ladrão, mas eu não creio que seja assim, penso é que os ladrões se aproveitam das ocasiões, porque já o são antes do surgimento das situações que lhes são vantajosas. Tenha lá eu razão ou não, vamos lá narrar o sucedido na cidade alemã de Euskirchen, cidade também duramente castigada pelas recentes inundações, pertencente à região administrativa de Köln e ao Estado de Nordrhein-Westfalen, onde ontem pela manhã, uma senhora que se encontrava a passear o seu cão no Parque Erftauen, encetou uma conversa com um casal que se dizia ter ficado desabrigado durante as inundações e que se viu obrigado a ficar no referido parque dentro de uma barraca azul e verde escura. No seguimento da conversa, o casal pediu à senhora permissão para tomar banho na casa dela. Num gesto claro de solidariedade, a permissão foi concedida. Depois disso, a senhora de 47 anos (já tinha idade para ser menos confiada), descobriu que ficou sem dinheiro na carteira e no apartamento, conforme disse a polícia local hoje. Os suspeitos foram descritos do seguinte modo: homem com idade compreendida entre os 30 e os 35 anos, 1.75 metros de altura, magro, barba cheia com bigode e cabelo preto curto; a mulher aparentava ser da mesma idade, 1.60 metros de altura, cabelo escorrido, longo, loiro claro sobre os ombros e notoriamente desdentada.

Os donos dos cães, porque diariamente têm que andar a pé com eles, por vezes até por lugares menos frequentados e mais isolados para não incomodarem os demais ou serem insultados, sujeitam-se a toda a sorte de encontros, deparando-se com gente boa e má, podendo facilmente ser vítima da última devida à argúcia desta e da sua própria bondade (ingenuidade). Não me considero desconfiado, mas entendo as pessoas estranhas como o geral da contabilidade, que até prova em contrário está toda errada, protocolo que a idade me ensinou face à exagerada tolerância que vou adquirindo, e não me tenho dado mal. Todavia, qualquer um de nós pode ser ludibriado ou traído pelos seus sentimentos como aconteceu com a senhora de Euskirchen, cuja vontade de ajudar foi tanta que nem viu que estava a ser enganada, porque se pôs no papel dos outros e entendeu o drama deles como seu (não restam dúvidas quanto à nobreza do seu coração). Infelizmente, como ficou provado mais uma vez, temos que usar de todas as cautelas dentro e fora de casa para não cairmos nas esparrelas dos criminosos, cuja felicidade aumenta com o crescente número das suas vítimas.

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