Sempre
ouvi dizer em Portugal que a ocasião faz o ladrão, mas eu não creio que seja
assim, penso é que os ladrões se aproveitam das ocasiões, porque já o são antes
do surgimento das situações que lhes são vantajosas. Tenha lá eu razão ou não,
vamos lá narrar o sucedido na cidade alemã de Euskirchen, cidade também
duramente castigada pelas recentes inundações, pertencente à região
administrativa de Köln e ao Estado de Nordrhein-Westfalen, onde ontem pela
manhã, uma senhora que se encontrava a passear o seu cão no Parque Erftauen, encetou
uma conversa com um casal que se dizia ter ficado desabrigado durante as
inundações e que se viu obrigado a ficar no referido parque dentro de uma
barraca azul e verde escura. No seguimento da conversa, o casal pediu à senhora
permissão para tomar banho na casa dela. Num gesto claro de solidariedade, a permissão
foi concedida. Depois disso, a senhora de 47 anos (já tinha idade para ser
menos confiada), descobriu que ficou sem dinheiro na carteira e no apartamento,
conforme disse a polícia local hoje. Os suspeitos foram descritos do seguinte
modo: homem com idade compreendida entre os 30 e os 35 anos, 1.75 metros de
altura, magro, barba cheia com bigode e cabelo preto curto; a mulher aparentava
ser da mesma idade, 1.60 metros de altura, cabelo escorrido, longo, loiro claro
sobre os ombros e notoriamente desdentada.
Os donos dos cães, porque diariamente têm que andar a pé com eles, por vezes até por lugares menos frequentados e mais isolados para não incomodarem os demais ou serem insultados, sujeitam-se a toda a sorte de encontros, deparando-se com gente boa e má, podendo facilmente ser vítima da última devida à argúcia desta e da sua própria bondade (ingenuidade). Não me considero desconfiado, mas entendo as pessoas estranhas como o geral da contabilidade, que até prova em contrário está toda errada, protocolo que a idade me ensinou face à exagerada tolerância que vou adquirindo, e não me tenho dado mal. Todavia, qualquer um de nós pode ser ludibriado ou traído pelos seus sentimentos como aconteceu com a senhora de Euskirchen, cuja vontade de ajudar foi tanta que nem viu que estava a ser enganada, porque se pôs no papel dos outros e entendeu o drama deles como seu (não restam dúvidas quanto à nobreza do seu coração). Infelizmente, como ficou provado mais uma vez, temos que usar de todas as cautelas dentro e fora de casa para não cairmos nas esparrelas dos criminosos, cuja felicidade aumenta com o crescente número das suas vítimas.
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