A
história de donos e cães “pedrados” já não é de hoje e a recente legalização da
Cannabis, dita para efeitos medicinais, irá perpetuá-la até mais ver. Tal como
aconteceu com o Aloé Vera, que de um momento para o outro passou a estar
presente em muito daquilo que hoje consumimos, a Cannabis tende a roubar-lhe o primeiro
lugar nas listas das panaceias, constituindo-se para os mais simples num
medicamente milagroso, mais milagroso que a Santinha de Arcozelo (1), porque
debela toda a sorte afecções, não só as dos homens, mas as que assolam também os
animais. E a demanda é tão grande e o negócio tão promissor, que os campos que
outrora davam trigo e girassol produzem agora maconha.
Duma
assentada, começaram a surgir por cá biscoitos, óleos comestíveis, suplementos
alimentares, comprimidos e loções de canábis, produtos que julgo terem sido
previamente testados a bem dos nossos cães. O negócio da cannabis entre nós,
que ainda há pouco começou, é uma agulha no palheiro quando comparado com o verificado
no mercado norte-americano, que no biénio de 2018 e 2019 ascendeu a 14,6
milhões de dólares. Estes medicamentos e suplementos são descritos como capazes
de aliviar a ansiedade dos animais de estimação, a comichão, a dor, controlar
convulsões e tratar o cancro. Tudo isto graças a dois componentes (canabinóides)
presentes na cannabis: o CBD e o THC. O CBD é o que não altera a mente nem o
humor, em oposição ao THC, que é psicoactivo e que muda o modo do funcionamento
do cérebro, alterando pretensamente com isso o humor e o comportamento dos
animais (adeus Xanax!). Desconhece-se se funcionam tal qual se diz, porque há
menos de um punhado de estudos sobre o seu efeito em animais, contrastando com
os relacionados com os humanos que são muitíssimos.
Sabemos que um dono dominado por esta droga
psicoactiva dificilmente não a estenderá ao seu cão, o que de todo se
desaconselha e condena, porque o animal para além de ficar “pedrado”, poderá
cair dumas escadas, vomitar e engasgar-se com o seu próprio vómito, o que de
bom não tem nada e pode colocar em risco a sua vida. Sobre este assunto o
melhor que há a fazer é consultar o seu veterinário assistente do seu cão.
Ignoro se será recomendável, por ausência de estudos credíveis, confiar um cão
a um toxicodependente diante da possível relação entre a toxicodependência, o bem-estar-animal
e o crime”. Entretanto, com a progressiva legalização global da cannabis, os
cães que a detectavam irão perder a sua utilidade podendo as suas vidas ficar
em risco.
(1)Maria
Adelaide de Sam José e Sousa, popularmente conhecida como Santa Maria Adelaide
ou apenas Santinha de Arcozelo (Porto, 1835 - 04 de Setembro de 1885), é uma santa
portuguesa cuja carne não foi corrompida pelo tempo e que exala um cheiro a
rosas, não sendo reconhecida como tal pela Igreja Católica. Contudo, é venerada
como santa pela devoção popular e o seu centro de devoção localiza-se em Arcozelo,
em Vila Nova de Gaia, no Distrito do Porto.
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