sábado, 12 de setembro de 2020

CANNABIS: A NOVA PANACEIA

A história de donos e cães “pedrados” já não é de hoje e a recente legalização da Cannabis, dita para efeitos medicinais, irá perpetuá-la até mais ver. Tal como aconteceu com o Aloé Vera, que de um momento para o outro passou a estar presente em muito daquilo que hoje consumimos, a Cannabis tende a roubar-lhe o primeiro lugar nas listas das panaceias, constituindo-se para os mais simples num medicamente milagroso, mais milagroso que a Santinha de Arcozelo (1), porque debela toda a sorte afecções, não só as dos homens, mas as que assolam também os animais. E a demanda é tão grande e o negócio tão promissor, que os campos que outrora davam trigo e girassol produzem agora maconha.
Duma assentada, começaram a surgir por cá biscoitos, óleos comestíveis, suplementos alimentares, comprimidos e loções de canábis, produtos que julgo terem sido previamente testados a bem dos nossos cães. O negócio da cannabis entre nós, que ainda há pouco começou, é uma agulha no palheiro quando comparado com o verificado no mercado norte-americano, que no biénio de 2018 e 2019 ascendeu a 14,6 milhões de dólares. Estes medicamentos e suplementos são descritos como capazes de aliviar a ansiedade dos animais de estimação, a comichão, a dor, controlar convulsões e tratar o cancro. Tudo isto graças a dois componentes (canabinóides) presentes na cannabis: o CBD e o THC. O CBD é o que não altera a mente nem o humor, em oposição ao THC, que é psicoactivo e que muda o modo do funcionamento do cérebro, alterando pretensamente com isso o humor e o comportamento dos animais (adeus Xanax!). Desconhece-se se funcionam tal qual se diz, porque há menos de um punhado de estudos sobre o seu efeito em animais, contrastando com os relacionados com os humanos que são muitíssimos.
Sabemos que um dono dominado por esta droga psicoactiva dificilmente não a estenderá ao seu cão, o que de todo se desaconselha e condena, porque o animal para além de ficar “pedrado”, poderá cair dumas escadas, vomitar e engasgar-se com o seu próprio vómito, o que de bom não tem nada e pode colocar em risco a sua vida. Sobre este assunto o melhor que há a fazer é consultar o seu veterinário assistente do seu cão. Ignoro se será recomendável, por ausência de estudos credíveis, confiar um cão a um toxicodependente diante da possível relação entre a toxicodependência, o bem-estar-animal e o crime”. Entretanto, com a progressiva legalização global da cannabis, os cães que a detectavam irão perder a sua utilidade podendo as suas vidas ficar em risco.
(1)Maria Adelaide de Sam José e Sousa, popularmente conhecida como Santa Maria Adelaide ou apenas Santinha de Arcozelo (Porto, 1835 - 04 de Setembro de 1885), é uma santa portuguesa cuja carne não foi corrompida pelo tempo e que exala um cheiro a rosas, não sendo reconhecida como tal pela Igreja Católica. Contudo, é venerada como santa pela devoção popular e o seu centro de devoção localiza-se em Arcozelo, em Vila Nova de Gaia, no Distrito do Porto. 

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