Em
todos os tempos e em todos os lugares houve, há e haverá gente louca,
indivíduos malévolos e fratricidas que, valendo-se dos cães, acabam por criar
verdadeiros monstros para se impor, amedrontar ou levar vantagem sobre os
outros, ideias pioneiras do “super-cão soldado” , que descaradamente foram
embutidas nalgumas raças caninas com pedigree. “Lurcher” é uma designação genérica que se dá a qualquer cão de caça
mestiço resultante do cruzamento de um cão lebrel com outro de outra raça de
méritos específicos reconhecidos. A proliferação destes animais teve o seu
expoente máximo no Séc.XVII, na era que antecedeu as raças especialistas ou
especializadas, vindo a desaparecer até aos nossos dias. Devido ao seu
cruzamento, os Lurchers caçavam e caçam tudo o que se mexe na sua frente:
coelhos, texugos, lebres, raposas, veados e até javalis, já que o lebrel é
dominante na construção do Lurcher.
Ainda
que em pequena escala, em locais distantes e diferenciados entre si, há ainda quem
persista em cruzar os lebréis (galgos) com outros tipos de cães de trabalho,
entre os quais se destacam os terriers, os molossos, os retrievers, os cães de
aponte e até cães de pastoreio, sendo estes produzidos para pastorear. Os
cruzamentos mais comuns de meio-sangue no Reino Unido e na Irlanda são: Greyhound
x Deerhound; Whippet x Border Collie; Greyhound x Pit Bull x Greyhound x Bull
terrier (“Bull Lurcher”); Saluki x Irish Wolfhound; Greyhound e American
Bulldog. Contudo, estes cães podem descender de 3 ou mais raças diferentes.
Curiosamente, ainda que pouco conhecido para além das fronteiras das Terras de
Vera Cruz, alguns brasileiros também desenvolveram um Lurcher próprio,
resultante do cruzamento do Dogue Agentivo com o Greyhound (Galgo Inglês), que
foi baptizado com o nome de “Dogal”.
Cães
destes contribuem decisivamente para o desequilíbrio ecológico e para o
desaparecimento irremediável de alguns ecossistemas, o que obviamente todos
pretendemos evitar atendendo ao mundo em que vivemos, ao nosso bem-estar e à
preservação das diferentes espécies que contribuem para a nossa sobrevivência.
Como que ignorando isto, há quem esteja a criar agora Bull Lurchers a partir de Greyhounds com American Pit Bull Terrier,
exterminadores que sendo universais, não remetem exclusivamente as suas
façanhas para os campos de caça, podendo por isso caçar também nos espaços
urbanos tudo o que lhes for ordenado, porque o Pit Bull americano transmite à
sua descendência a territorialidade que lhe doaram no seu aprimoramento,
podendo por isso caçar também pessoas. Assim como os países construtores de
automóveis depressa os transformem em maquinaria de guerra em caso de
necessidade, também estes inveterados caçadores caninos poderão trocar de
presas sem grande dificuldade, já que caçam à vista, têm uma força descomunal, são
tremendamente rápidos e possuem uma potentíssima força de mordedura.
Há
coisa de poucos dias atrás, na Escócia, foram apreendidos dois cães destes a um
tal de Martin Davidson, junto com uma Staffordshire Terrier, animais que usava
para caçar quase toda a fauna ao seu redor, podendo também dar caça a lontras,
faisões e gatos domésticos. Este treinador de exterminadores foi proibido de
ter cães durante cinco anos, melhor seria ter sido para toda a vida, porque se
a sua índole não mudar, breve retornará á sua actividade criminosa. Como
dissemos atrás, é também considerado Bull Lurcher todo o cão descendente de
Galgo e de Bull Terrier, mestiço de características idênticas ao gerado do
cruzamento do Greyhound com o American Pit Bull Terrier. Estes animais, devido
à sua forte memória afectiva e quando entregues em boas mãos, poderão vir a ser
reeducados e constituir-se em excelentes cães de companhia, rastreamento e
desporto. Por outro lado e pelo que foi dito, desiludam-se aqueles que pensam
que os rafeiros ou mestiços nascem ou são todos bonzinhos, uns anjinhos 4 patas
e umas veras fontes de carinho. Eu já vi e eduquei mestiços levados da breca,
principalmente os oriundos do cruzamento lupino-molosso.
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