terça-feira, 29 de setembro de 2020

A BRINCAR COM A VIDA E A DESAFIAR A MORTE

 

Parece não haver dúvidas quanto ao animal que mata mais pessoas nas cidades – o cão. Nos países subdesenvolvidos ou em vias de desenvolvimento ele mata de duas maneiras: abatendo simplesmente as pessoas e transmitindo-lhes a raiva. Nos países desenvolvidos tornou-se um especialista a ferir e eliminar os mais fracos e os incautos, particularmente bebés e idosos, para além de “intrusos” e viandantes. De acordo com uma notícia que nos chegou de Leobersdorf, no Distrito de Baden, na Baixa Áustria, há cinco semanas atrás, quando se encontrava a caminhar numa floresta em Verditz, na Caríntia, Margit Berndt foi surpreendida por um Leão da Rodésia solto que avançou na sua direcção e que acabou por morder-lhe gravemente uma das mãos, conforme se pode ver na foto abaixo, não se sabendo ainda se poderá voltar a mexer os dedos ou não.

Esta senhora fez questão de publicar no Facebook a foto da sua mão desfigurada e acabada de coser, adiantando-lhe o seguinte comentário: “Não estou postando estas fotos horríveis para despertar a vossa pena… Este é um apelo a todos os donos de cães para que mantenham os seus cães à trela nas áreas públicas… Este cão (o que a mordeu) nunca tinha mordido ninguém antes e de acordo com o seu dono, ele é muito bem-disposto. Infelizmente há situações excepcionais.” Como se compreende, o susto e o sofrimento não toldaram o raciocínio de Margit Berndt, porquanto conseguiu encontrar com clareza a causa do incidente que a vitimou – o cão solto!

Gostava de adiantar aqui alguns pormenores sobre o Leão da Rodésia, o seu perfil psicológico e a natureza dos seus ataques, porque se trata de um cão único cujas intenções nem sempre são fáceis de adivinhar, não fora ele um cão caçador, mais dissimulado do que ostensivo, como convém aos cães que enfrentam presas bem acima do seu tamanho, envergadura e peso. Quero desde já adiantar um pormenor da raça que tem a ver com os seus dentes, verdadeiras lancetas que se entranham na carne das vítimas dispensando por isso grande força de mandíbula para provocar grandes estragos. 

Ao contrário dos cães mais territoriais, que mordem junto dos donos ou quando o seu território é invadido, o Leão da Rodésia, enquanto caçador e excursionista, quando solto, pode empreender perseguições e ataques dissimulados no exterior, porque ladra pouco, não morre de amores por estranhos e é extraordinariamente inteligente. Com estas qualidades, se fosse um pouco mais territorial do que é, certamente seria mais procurado. Por tudo o que disse, ser atacado de surpresa por um cão destes, inevitavelmente irá deixar marcas, mesmo nos mais experimentados nestas andanças. Há cães destes simpáticos e amigáveis? Sem dúvida! Em abono do Leão da Rodésia, há que dizê-lo, ele é extraordinariamente afectuoso com as crianças e nunca tive notícia de que um deles tenha atacado alguma.

Margit Berndt tem carradas de razão, a única solução capaz de travar os ataques caninos na via pública e em todos os lugares, é trazer os cães à trela e nos casos mais graves trazê-los também açaimados. Enquanto isso não acontecer globalmente, andamos por cá a brincar com a vida e a desafiar a morte, a constituir-nos em algozes uns dos outros. Não será o Covid-19 já mal que baste?

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