Por vezes sinto supérfluo
o compromisso que voluntariamente assumi com os cães, ainda mais quando morrem
tantas crianças à fome no mundo, o número de órfãos não pára de aumentar, os
êxodos continuam e novos genocídios acontecem. Para grande tristeza minha, não
tenho nem remédio nem poder para resolver os problemas que assolam a
Humanidade, constatação que não impede o meu inato senso de justiça de se revelar,
na defesa dos mais fracos e daqueles que não podem falar. Sempre fui assim, um
defensor de causas perdidas que avança na esperança de ganhar alguma, mesmo que
passe a maior parte do tempo “a falar prà parede”.
Todavia, acho que hoje vou
ser ouvido, pelo menos parece-me, porque tenho mais sorte com os cães (apesar
de escrever para os donos), o combate não é só meu e a brutalidade brada aos
céus. Na Indonésia, uma minoria dos seus cidadãos come carne de cão e gato (na
evoluída Suíça também), animais que encontram à venda em miseráveis mercados de
rua, nojentos e grotescos, onde o mínimo de condições higiénicas é tradicionalmente
esquecido. Dir-me-á alguém que tal consumo é cultural, não tenho dúvidas que o
seja, como não tenho dúvidas que seja um hábito suicida, porquanto contribui localmente
para a disseminação da raiva. E sabem que mais, a Indonésia prometeu eliminar a
raiva até 2020!
Os cães são transportados
para aqueles mercados de qualquer jeito, apinhados dentro de gaiolas e debaixo
da maior porcaria. Ainda antes de serem massacrados, já se encontram com as
suas bocas atadas, assistindo ao esborrachar das cabeças dos seus companheiros
até chegar a sua vez.
Alguns ainda se encontram
vivos e conscientes quando lhes é aplicado o maçarico, de cima para baixo e vice-versa,
para queimar os pêlos restantes antes de serem cortados para alimento. Estas
práticas foram reveladas numa investigação realizada pelo DOG MEAT-FREE INDONESIA (DMFI),
que abrangeu todo o país, em dois dos 200 mercados de animais tradicionais na Província
de Sulawesi do Norte, na Ilha de Sulawesi.
De acordo com as
estimativas da DMFI,
organização contra a crueldade animal, o número de animais abatidos para
consumo humano ronda de 1 milhão de cães anualmente. Wendy Higgins da HUMANE SOCIETY INTERNACIONAL, discorda
do número adiantado e acredita que ele seja maior. Os activistas dos Direitos
do Animal ali são vítimas da violência dos gangues que roubam animais de
estimação para o comércio. Calcula-se que 90% dos animais abatidos nos mercados
sejam roubados aos seus donos. O consumo de carne de gato representa ¼ do
consumo total de carne dos animais de estimação.
Entretanto, chocadas com a
situação vivida diariamente por aqueles animais, ano após ano, 90 celebridades
enviaram uma carta ao Presidente do país, JOKO
WIDODO (na foto abaixo), exigindo a sua urgente atenção
contra a crueldade e brutalidade cometidas sobre aqueles animais, pedindo-lhe
que reprima tais actividades e que ponha em prática as leis de protecção
animal. Convém adiantar que a Indonésia é um destino turístico por excelência e
que a brutalidade contra os animais não lhe servirá como melhor cartaz
promocional. Como poderá um europeu ou um americano levar os seus filhos a um
mercado destes sem os traumatizar?
Seja do jeito que for e
mais cedo do que se espera, se não quiser ver a sua economia doravante mais
fragilizada, a Indonésia terá que inverter a polaridade da sua política
relativa aos animais, companheiros que seguem cada vez mais os seus donos para toda a parte.
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