É possível que não a
conheça, nós ignorávamos completamente a existência deste génio da psicologia cognitiva
norte-americana, que no passado dia 11 de Maio foi homenageada na Gala Anual do
Génio realizada pelo Liberty Science Center em Jersey City, tendo como
companheiros de homenagem o criptógrafo Vitalik Buterin, a astrofísica Sara
Seager e o pioneiro da genómica George Church. Na foto abaixo podemos ver
Laurie numa foto da citada gala (é a segunda pessoa a contar da direita).
Segundo disse e
demonstrou, os cães podem ser mais
racionais que os humanos, que sofrem de excesso de imitação (over-imitation).
Esta cientista mostrou para o público uma caixa e uma alça cilíndrica separada,
abrindo-a só depois de sacudir a alça várias vezes, vindo a repetir o mesmo
procedimento. Laurie adiantou que se ela pedisse a uma pessoa para abrir a
caixa, ela faria exactamente a mesma coisa: tentaria balançar a alça antes de abrir
o topo da caixa.
Mas em vez de de convidar
um humano para abrir a caixa, a cientista convidou um cão, o CPA Gozer, para
vir ao palco abri-la, caixa que tinha no seu interior um petisco canino. Laurie
mostrou para o cão como abrir a caixa exactamente como o havia feito para a
audiência, abanando primeiro a alça. O cão observou tudo atentamente e quando
chegou a hora de reivindicar a sua recompensa, fungou, ignorou a alça e abriu a
tampa com o focinho!
No parecer desta
homenageada tal ficou a dever-se ao facto dos cães serem melhores a aprender connosco
do que nós uns com os outros, já que eles são menos irracionais a seguir o
nosso comportamento. Por outro lado, os humanos podem sofrer de um fenómeno de excesso
de imitação, que os leva a imitar demasiado e a confiar naquilo que vêem fazer,
mesmo que aquilo que os outros fazem nada tenha de inteligente.
Laurie R. Santos é
professora de psicologia e ciências cognitivas na Universidade de Yale. A sua
pesquisa explora as origens evolutivas da mente humana, comparando as
habilidades cognitivas de seres humanos com outros animais, incluindo primatas
e caninos. Ela é a directora do Laboratório de Cognição Canina em Yale e tem
sido uma palestrante do TED (1). Foi considerada pela revista Popular
Science como uma das 10 mentes jovens mais brilhantes em 2007.
A conhecida revista Times
atribui-lhe em 2013 o título de” líder celebridade do campus”. Em Junho de 2016
foi nomeada chefe do Silliman College, uma das 14 faculdades residenciais de
graduação em Yale, sucedendo Nicholas Christakis. Em Janeiro de 2018, o seu
curso intitulado “Psicologia e Boa Vida” tornou-se no curso mais popular da
história de Yale, com aproximadamente um quarto dos alunos de graduação de Yale
matriculados. Santos nasceu em 1975 em New Bedford, Massachusetts, numa família
de ascendência cabo-verdiana. Decididamente os cabo-verdianos devem sentir-se
orgulhosos.
Confesso
que as conclusões de Laurie Santos, reveladas na Gala Anual do Génio deste ano,
realizada no Liberty Science Center de Jersey City, não me surpreenderam,
porque ao longo dos anos tenho visto imensos cães no treino a acertarem tarefas
debaixo de ordens erradas, facto que nos tem levado às seguintes exclamações: “o
cão é que sabe” e “o cão tem sempre razão!” De qualquer modo, vamos ficar
atentos ao trabalho desta cientista, que pode vir a revestir-se de extrema
importância para nós.
(1) TED
(Technology; Entertainment; Design) é uma série de conferências realizadas na
Europa, na Ásia e nas Américas pela FUNDAÇÃO SAPLING dos Estados Unidos, sem
fins lucrativos e destinadas à disseminação de ideias, ideias que merecem ser disseminadas. As suas
apresentações são limitadas a dezoito minutos e os vídeos são amplamente
divulgados na Internet.
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