sexta-feira, 11 de maio de 2018

AZAWAKH: O CÃO QUE NÃO GOSTA DE SER TOCADO POR ESTRANHOS

Raro lebrel do deserto, com a dupla função de guardar rebanhos e de caçar, o Azawakh é um habitante da região do Sahel (África subsaariana), uma faixa com 500 a 700 km de largura média e 5 400 km de extensão, entre o Deserto do Saara ao norte e a savana do Sudão ao sul, com o Oceano Atlântico a oeste e o Mar Vermelho a leste.
Este cão tem estado desde sempre associado ao povo nómada tuaregue desta região, que engloba grande parte do moderno Mali, do Níger e do Burkina Faso.
Aparentado com os lebréis árabes Saluki e Sloughi, este galgo da África Negra, de quem dizem ser o mais elegante de todos os cães, é uma derivação de cães selvagens párias da África Ocidental, pelo que se crê ter sido um ramo inicial do Basenji.
O Azawakh tem cinco características que o distinguem dos restantes membros do seu grupo somático: é extraordinariamente territorial (o que é raro nos galgos), serve em simultâneo para caçar e proteger, conserva uma hierarquia semelhante à dos lobos, dorme e ataca em matilha, e é o que melhor suporta as temperaturas mais elevadas por ser um landrace. Quem o conhece sabe que não gosta de ser tocado por estranhos, o que se compreende por ser excessivamente territorial.
Não é preciso ser nenhum entendido na matéria para o poder distinguir dos demais galgos, porque é extraordinariamente magro, medindo em média 70 cm de altura e pesando um pouco menos de 25 kg. A sua pele é muito fina e o seu pelo muito raso. É rectangular, com os membros mais compridos que as costas, óptimo na graciosidade e transição de andamentos, no que lembra o gato.
É mais comprido de focinho que de crânio, apresenta uma cabeça angular e cinzelada, bochechas planas, lábios finos e apertados. Os olhos são grandes, escuros e amendoados, as orelhas são finas, de alta implantação e dispostas lateralmente. A raça apresenta dimorfismo sexual e as fêmeas têm somente um cio anual.
O seu corpo não apresenta reservas de gordura e a sua pele é colada aos músculos e aos ossos. O seu pescoço e o dorso são compridos e delgados, a linha do dorso eleva-se da cernelha para a garupa. A garupa é marcadamente inclinada e o seu tórax é profundo e estreito, cobrindo 40% da altura dos seus membros anteriores. É elevado e estreito de rins, apresenta uma cauda fina e afunilada, de baixa inserção, que normalmente desloca abaixo da linha horizontal.
Os membros são erectos, esbeltos e perfeitamente rectos quando vistos de frente e os membros inferiores são muito finos. A sua pelagem é extremamente fina e quase desaparece na barriga, na virilha e no interior das coxas. Existem Azawakhs com máscara e sem máscara e as cores mais comuns são: areia, azul, branco, castanho, cinzento, creme, fulvo, preto e vermelho. Tem uma esperança de vida entre os 10 e os 12 anos.
Quanto ao carácter e comportamento, que por vezes indicia afastamento, desinteresse e indiferença, e nisto não difere dos outros lebróides, estamos a falar de um cão carinhoso para a família sem ser brincalhão, que cedo estabelece com ela profundos vínculos afectivos, particularidade que obrigará a adquiri-lo o mais cedo possível (antes dos 4 meses de idade). Apesar um dedicado protector do seu lar e família, sozinho raramente é agressivo e em matilha pode sê-lo, o que não impedirá que ladre de modo ameaçador e persistente caso se sinta ou veja os seus ameaçados.
Não apresenta problemas de sociabilização inter pares, muito embora prefira a companhia doutros Azawakhs, não é um cão de grande interacção e frustra-se diante de estímulos constantes, preferindo deitar-se perto dos donos quando não está exercício (não chateia nem quer ser chateado). Quem pretender torná-lo sociável com todas as pessoas, deverá iniciar essa tarefa o mais cedo possível.
Apesar de ser sociável com os outros cães, é de todo conveniente não o deixar sozinho com cães pequenos ou com outros animais de estimação. Não é um cão indicado para crianças por interagir pouco, abomina tarefas que ultrapassem os propósitos da sua criação, pelo que não deverá ser treinado treiná-lo convencionalmente, o que se reverteria numa perca de tempo escusável, porque abomina rotinas, é independente e satura-se depressa (sentir-se-á mais feliz se lhe disponibilizarem 2 horas de exercício diário). 
Ademais, é silencioso, limpo e não aborrece ninguém, apesar de não dispensar a liderança humana nos passeios à rua, porque doutro modo deitará abaixo qualquer animal menor que cruze a sua linha de visão. Limpá-lo é extremamente fácil (basta uma luva) e é pouco propenso a doenças. As mais comuns, apesar de pouco frequentes, são: Espondilopatia cervical, Epilepsia, Hipotireoidismo, Dilatação gástrica/volvulus e Doença de von Willebrand.
Muito mais haveria a dizer sobre este cão extraordinário, que apesar de raro, tem muito para contar, um africano de 4 patas nascido, criado e adaptado para o deserto, exactamente como o povo tuaregue que acompanha. Penso que o essencial foi dito e só me resta dizer que não me importava de ter um.

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