Raro lebrel do deserto, com a dupla função de guardar rebanhos e de caçar,
o Azawakh é um habitante da região do Sahel (África subsaariana), uma faixa com
500 a 700 km de largura média e 5 400 km de extensão, entre o Deserto do Saara
ao norte e a savana do Sudão ao sul, com o Oceano Atlântico a oeste e o Mar Vermelho
a leste.
Este cão tem estado desde sempre associado ao povo nómada tuaregue desta
região, que engloba grande parte do moderno Mali, do Níger e do Burkina Faso.
Aparentado com os lebréis árabes Saluki e Sloughi, este galgo da África
Negra, de quem dizem ser o mais elegante de todos os cães, é uma derivação de
cães selvagens párias da África Ocidental, pelo que se crê ter sido um ramo
inicial do Basenji.
O Azawakh tem cinco características que o distinguem dos restantes
membros do seu grupo somático: é extraordinariamente territorial (o que é raro
nos galgos), serve em simultâneo para caçar e proteger, conserva uma hierarquia
semelhante à dos lobos, dorme e ataca em matilha, e é o que melhor suporta as
temperaturas mais elevadas por ser um landrace. Quem o conhece sabe que não
gosta de ser tocado por estranhos, o que se compreende por ser excessivamente territorial.
Não é preciso ser nenhum entendido na matéria para o poder distinguir
dos demais galgos, porque é extraordinariamente magro, medindo em média 70 cm
de altura e pesando um pouco menos de 25 kg. A sua pele é muito fina e o seu
pelo muito raso. É rectangular, com os membros mais compridos que as costas, óptimo
na graciosidade e transição de andamentos, no que lembra o gato.
É mais comprido de focinho que de crânio, apresenta uma cabeça angular e
cinzelada, bochechas planas, lábios finos e apertados. Os olhos são grandes,
escuros e amendoados, as orelhas são finas, de alta implantação e dispostas
lateralmente. A raça apresenta dimorfismo sexual e as fêmeas têm somente um cio
anual.
O seu corpo não apresenta reservas de gordura e a sua pele é colada aos
músculos e aos ossos. O seu pescoço e o dorso são compridos e delgados, a linha
do dorso eleva-se da cernelha para a garupa. A garupa é marcadamente inclinada
e o seu tórax é profundo e estreito, cobrindo 40% da altura dos seus membros
anteriores. É elevado e estreito de rins, apresenta uma cauda fina e afunilada,
de baixa inserção, que normalmente desloca abaixo da linha horizontal.
Os membros são erectos, esbeltos e perfeitamente rectos quando vistos de
frente e os membros inferiores são muito finos. A sua pelagem é extremamente
fina e quase desaparece na barriga, na virilha e no interior das coxas. Existem
Azawakhs com máscara e sem máscara e as cores mais comuns são: areia, azul,
branco, castanho, cinzento, creme, fulvo, preto e vermelho. Tem uma esperança
de vida entre os 10 e os 12 anos.
Quanto ao carácter e comportamento, que por vezes indicia afastamento,
desinteresse e indiferença, e nisto não difere dos outros lebróides, estamos a
falar de um cão carinhoso para a família sem ser brincalhão, que cedo
estabelece com ela profundos vínculos afectivos, particularidade que obrigará a
adquiri-lo o mais cedo possível (antes dos 4 meses de idade). Apesar um
dedicado protector do seu lar e família, sozinho raramente é agressivo e em
matilha pode sê-lo, o que não impedirá que ladre de modo ameaçador e
persistente caso se sinta ou veja os seus ameaçados.
Não apresenta problemas de sociabilização inter pares, muito embora
prefira a companhia doutros Azawakhs, não é um cão de grande interacção e
frustra-se diante de estímulos constantes, preferindo deitar-se perto dos donos
quando não está exercício (não chateia nem quer ser chateado). Quem pretender
torná-lo sociável com todas as pessoas, deverá iniciar essa tarefa o
mais cedo possível.
Apesar de ser sociável com os outros cães, é de todo conveniente não o
deixar sozinho com cães pequenos ou com outros animais de estimação. Não é um
cão indicado para crianças por interagir pouco, abomina tarefas que ultrapassem
os propósitos da sua criação, pelo que não deverá ser treinado treiná-lo convencionalmente,
o que se reverteria numa perca de tempo escusável, porque abomina rotinas, é
independente e satura-se depressa (sentir-se-á mais feliz se lhe disponibilizarem
2 horas de exercício diário).
Ademais, é silencioso, limpo e não aborrece ninguém, apesar de não
dispensar a liderança humana nos passeios à rua, porque doutro modo deitará
abaixo qualquer animal menor que cruze a sua linha de visão. Limpá-lo é
extremamente fácil (basta uma luva) e é pouco propenso a doenças. As mais
comuns, apesar de pouco frequentes, são: Espondilopatia cervical, Epilepsia, Hipotireoidismo,
Dilatação gástrica/volvulus e Doença de von Willebrand.
Muito mais haveria a dizer sobre este cão extraordinário, que apesar de
raro, tem muito para contar, um africano de 4 patas nascido, criado e adaptado
para o deserto, exactamente como o povo tuaregue que acompanha. Penso que o
essencial foi dito e só me resta dizer que não me importava de ter um.
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