quinta-feira, 10 de maio de 2018

ANTES QUE SE ARREPENDA, NÃO TOME O TODO PELA PARTE!

O maior problema que enfrentam os cinófilos contemporâneos, para além do impróprio e exagerado antropomorfismo que dispensam aos cães, é o de tomar o todo pela parte, de julgar que todos são excepcionais e não indivíduos com profundas diferenças entre si, independentemente de pertencerem à mesma raça ou não e do seu histórico ambiental. Esta incapacidade, a que nós chamamos cegueira e que a muitos impede de ver as diferenças, é inimiga da ciência pelo subjectivismo, bastarda para os cães pela impropriedade e altamente lesiva para os homens pelas notícias (resultados) que vamos tendo.
O facto de uma cadela ser capaz de amamentar uma criança não significa que todas sejam assim, porque as há capazes de comerem até os seus próprios filhos; se há um cão capaz de proteger um bebé, haverá outro que aguardará oportunidade para o eliminar; se um cão é capaz de se jogar à água para socorrer uma pessoa em aflição, isso não garante que outro de idêntica morfologia, mesmo irmão de ninhada, faça o mesmo, é até possível que tenha aversão à água, não saiba nadar e possa morrer afogado; a existência de um cão extremamente submisso não impede que outros sejam desafiadores e agressivos, etc..
E como não há dois cães iguais, quando pensar em ter um ou quiser atribuir ao que já tem algum serviço em particular, seja previdente e certifique-se das suas condições individuais, veja se o animal tem o perfil indicado para aquilo que procura sem desconsiderar a sua salvaguarda e a dos seus. Se procedermos assim a vida de muitas crianças será poupada. Quem não consegue ver as diferenças arranjará problemas que o tempo poderá tornar insolúveis. Ao abraçarmos este assunto, lembrámo-nos automaticamente de Albert Einstein quando disse: “uma pessoa inteligente resolve um problema, um sábio previne-o”. Não se esqueça que a existência de cães excepcionais prova que a sua maioria não o é, o que não invalida que tratemos todos com dignidade e que respeitemos o seu bem-estar.
Também não há duas pessoas iguais, mas o cão de cada uma delas será aos seus olhos o melhor do mundo, ainda que o não seja e mesmo que não ande skate, porque não há nenhum que tenha só virtudes ou só defeitos e todos poderão chegar mais longe se souberem ensiná-los devidamente, muito embora seja imprescindível conhecer e considerar a sua individualidade. Ao longo da sua curta existência, quantos cães morreram como ilustres desconhecidos e não viram os seus méritos reconhecidos? Penso inclusive que muitos deles partiram sem nunca serem compreendidos. Não tome o todo pela parte e não faça comparações tolas – você e o seu cão merecem mais!

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