Quando um terreno não dá
para mais nada, não abunda em água, fica num local ermo e é de difícil acesso,
plantam-se lá uns eucaliptos do jeito que der e por vezes contra o ordenamento
dos pertencentes aos proprietários vizinhos. Para ajudar à festa, porque estas
árvores crescem rapidamente e dispensam maiores cuidados, poucos são os que se
preocupam com o mato circundante, que ali nasce, murcha e seca às camadas
servindo em simultâneo de adubo prós eucaliptos e de combustível prós
incêndios. Assim aconteceu mais uma vez, desta vez ao redor de Pedrógão Grande,
onde deflagrou um grande incêndio florestal que matou mais de 60 pessoas, causou
dezenas de feridos, devastou várias aldeias, queimou hectares infindos de floresta,
deixou muita gente sem tecto e muitos sem coisa alguma – o fogo tudo levou!
Para que isto não volte a
acontecer Verão após Verão, é importante relembrar que a desertificação está a invadir
Portugal, urge fazer um ordenamento ou reordenamento florestal nacional,
levantar leis eficazes para a protecção e alargamento das nossas florestas que
desaparecem à medida que o fogo avança e que mais nos expõem aos malefícios da
poluição. Continuar a consentir que qualquer um plante como lhe aprouver uma
mata de pinheiros ou eucaliptos é “arranjar lenha para nos queimar”, pelo que
importa regrar e estabelecer condições a quem deseja aumentar o nosso depauperado
parque florestal.
Contrariamente
ao que nos é dito pelos governantes, que raramente perdem o controlo das
situações e a quem cabe serenar os ânimos populares, se nada se fizer neste
sentido, não haverá Protecção Civil ou meios que nos bastem, porque sempre estaremos
condenados a inválidos planos de contingência, que a priori só servirão para contabilizar as vítimas e inventariar os
prejuízos.
Obsta
à solução do problema o facto dos governantes serem eleitos pelo voto, pelo que
evitam tomar medidas antipopulares, impedir os magros proventos de muitos e
sobrecarregar de impostos quem tem sido tão espoliado. Porém, não nos resta
outro remédio do que preservar e aumentar a nossa floresta, enquanto fonte de
vida, arranjar-lhe meios de defesa e socorro mais eficazes para que perdure até
às futuras gerações.
Ando à procura de alguém inteligente que me explique porque razão se deixa chegar a floresta e o mato até às estradas, uma vez que muitas das vítimas ocorridas no incêndio de Pedrógão Grande morreram quando intentavam escapar-se de automóvel pelas principais vias de acesso. No tempo em que o Alentejo era cultivado, nesta altura do ano e para evitar o pior, os feitores mandavam ceifar uma larga faixa das searas ao longo das estradas, não fosse algum cigarro dali vindo incendiá-las.
Ando à procura de alguém inteligente que me explique porque razão se deixa chegar a floresta e o mato até às estradas, uma vez que muitas das vítimas ocorridas no incêndio de Pedrógão Grande morreram quando intentavam escapar-se de automóvel pelas principais vias de acesso. No tempo em que o Alentejo era cultivado, nesta altura do ano e para evitar o pior, os feitores mandavam ceifar uma larga faixa das searas ao longo das estradas, não fosse algum cigarro dali vindo incendiá-las.
Sempre será mais fácil
resolver os problemas relativos à nossa floresta do que os advindos da nossa
baixa taxa de natalidade, porque a floresta sempre poderá ser replantada e
ressurgir, enquanto uma taxa de natalidade de 1.1 significa que em escassas
décadas a nossa identidade e cultura sucumbirão connosco. Das cinzas
poderá erigir-se uma floresta mas jamais se erigirá ou perpetuará uma nação sem
povo. Lamentam-se as vítimas do fogo, quem lamentará Portugal?
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