domingo, 25 de junho de 2017

NOVOS AVANÇOS NA DETECÇÃO DE RESTOS HUMANOS

Pesquisadores da Universidade inglesa de Leicester, liderados por Jonathon Brooks, estudante de doutorado em Química daquele estabelecimento superior de ensino britânico, estão a trabalhar em conjunto com as polícias do Reino Unido para melhorarem a precisão dos cães policiais na identificação de restos humanos em investigações criminais, analisando os aspectos químicos da decomposição, nomeadamente os compostos orgânicos voláteis (COV) emitidos quando a matéria biológica se decompõe.
Esta equipa de investigadores pretende saber quais sãos os produtos químicos que os cães têm vindo a detectar, se apenas um composto ou uma combinação desses compostos, estando simultaneamente a trabalhar com os adestradores policiais convidando-os ao uso dessas substâncias no treino dos seus cães. Os pesquisadores provaram que apesar dos diferentes tecidos se decomporem em diferentes taxas, eles dividem perfis de COV similares, muito embora o ambiente a que se encontrem expostos possa alterar-lhes esse mesmo perfil, o que sugere que as amostras usadas pelas forças policiais não são por vezes representativas dos restos humanos enterrados.
Estes investigadores britânicos estão a usar grande variedade de técnicas analíticas para caracterizar e medir as substâncias libertadas pela decomposição dos tecidos, trabalhando em paralelo com os adestradores policiais para que os seus cães reconheçam esses diferentes compostos, porque à medida que o corpo humano se decompõe, liberta essas pequenas moléculas para o ambiente adjacente, sendo muitas delas detectadas pelos cães. Dependendo das condições encontradas, diferentes compostos serão lançados e os cães terão que ser capazes de reconhecer grande variedade de moléculas.
Este apoio dos investigadores tem-se revelado primordial para o treino dos cães destinados à detecção de cadáveres, já que as amostras entregues às forças policiais para esse fim são geralmente limitadas, o que pode ter como consequência uma redução significativa da eficácia nas investigações criminais. A equipa da Universidade de Leicester está a trabalhar em paralelo com os Hospitais Universitários daquela cidade e com polícias de todo o país para determinar como esses dados poderão vir a ser usados nas investigações criminais no futuro. Por outro lado, a Universidade de Leicester, a única que aplica a “cromatografia multidimensional”, o que melhora a separação das misturas químicas complexas e o entendimento do processo de decomposição, está a trabalhar em paralelo com os laboratórios das Universidades Tecnológica de Sidney na Austrália e com os da Universidade de Liége na Bélgica.
Como os cães de cadáveres no Reino Unido se encontram limitados ao uso de amostras de animais no treino, por determinação da legislação em vigor, a contribuição dos colaboradores australianos, que recentemente abriram uma instalação de decomposição humana, ao porem o seu site e laboratório à disposição dos seus parceiros ingleses, permitiram-lhes avançar no conhecimento analítico que sustenta aquela investigação singular.
Visando um treino mais adequado e uma maior eficácia dos cães nas investigações criminais, estão a ser introduzidos protocolos na Grã-Bretanha que permitem o uso pelas forças policiais de restos humanos doados pelos hospitais. Mas como isso ainda não foi implementado, a regularidade, consistência e suprimento de tecido humano para esse fim são ainda desconhecidos. Sobre o assunto três conclusões podemos tirar de imediato: que a ciência e a cinotecnia cada vez mais se entreligam, que à medida que a ciência avança mais sabemos de cães e que a utilidade destes companheiros não pára de aumentar.  

Sem comentários:

Enviar um comentário