Pesquisadores da
Universidade inglesa de Leicester, liderados por Jonathon Brooks, estudante de
doutorado em Química daquele estabelecimento superior de ensino britânico,
estão a trabalhar em conjunto com as polícias do Reino Unido para melhorarem a
precisão dos cães policiais na identificação de restos humanos em investigações
criminais, analisando os aspectos químicos da decomposição, nomeadamente os
compostos orgânicos voláteis (COV) emitidos quando a matéria biológica se
decompõe.
Esta equipa de
investigadores pretende saber quais sãos os produtos químicos que os cães têm
vindo a detectar, se apenas um composto ou uma combinação desses compostos,
estando simultaneamente a trabalhar com os adestradores policiais convidando-os
ao uso dessas substâncias no treino dos seus cães. Os pesquisadores provaram
que apesar dos diferentes tecidos se decomporem em diferentes taxas, eles
dividem perfis de COV similares, muito embora o ambiente a que se encontrem
expostos possa alterar-lhes esse mesmo perfil, o que sugere que as amostras
usadas pelas forças policiais não são por vezes representativas dos restos
humanos enterrados.
Estes investigadores britânicos
estão a usar grande variedade de técnicas analíticas para caracterizar e medir
as substâncias libertadas pela decomposição dos tecidos, trabalhando em
paralelo com os adestradores policiais para que os seus cães reconheçam esses
diferentes compostos, porque à medida que o corpo humano se decompõe, liberta
essas pequenas moléculas para o ambiente adjacente, sendo muitas delas
detectadas pelos cães. Dependendo das condições encontradas, diferentes
compostos serão lançados e os cães terão que ser capazes de reconhecer grande variedade
de moléculas.
Este apoio dos
investigadores tem-se revelado primordial para o treino dos cães destinados à
detecção de cadáveres, já que as amostras entregues às forças policiais para
esse fim são geralmente limitadas, o que pode ter como consequência uma redução
significativa da eficácia nas investigações criminais. A equipa da Universidade
de Leicester está a trabalhar em paralelo com os Hospitais Universitários
daquela cidade e com polícias de todo o país para determinar como esses dados
poderão vir a ser usados nas investigações criminais no futuro. Por outro lado,
a Universidade de Leicester, a única que aplica a “cromatografia
multidimensional”, o que melhora a separação das misturas químicas complexas e
o entendimento do processo de decomposição, está a trabalhar em paralelo com os
laboratórios das Universidades Tecnológica de Sidney na Austrália e com os da
Universidade de Liége na Bélgica.
Como os cães de cadáveres
no Reino Unido se encontram limitados ao uso de amostras de animais no treino,
por determinação da legislação em vigor, a contribuição dos colaboradores
australianos, que recentemente abriram uma instalação de decomposição humana,
ao porem o seu site e laboratório à disposição dos seus parceiros ingleses, permitiram-lhes
avançar no conhecimento analítico que sustenta aquela investigação singular.
Visando um treino mais
adequado e uma maior eficácia dos cães nas investigações criminais, estão a ser
introduzidos protocolos na Grã-Bretanha que permitem o uso pelas forças
policiais de restos humanos doados pelos hospitais. Mas como isso ainda não foi
implementado, a regularidade, consistência e suprimento de tecido humano para
esse fim são ainda desconhecidos. Sobre o assunto três conclusões podemos tirar
de imediato: que a ciência e a cinotecnia cada vez mais se entreligam, que à
medida que a ciência avança mais sabemos de cães e que a utilidade destes
companheiros não pára de aumentar.
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