Enquanto o sangue salvar
vidas, tanto de pessoas como de animais, não deixará de ser um chorudo negócio para
alguns, como acontece também acontece no panorama canino. Apesar da esmagadora
maioria dos proprietários doar gratuitamente o sangue dos seus cães, essa gratuidade
não deixará de ser acompanhada de algumas contrapartidas, que acompanharão
esses animais para toda a vida, mesmo quando já não puderem ser dadores
(alimentação, acompanhamento médico e tratamentos).
Como essas contrapartidas
acabam por aliviar orçamentos e subsidiar outros projectos, há quem faça dos
seus quintais e do grosso dos seus cães um verdadeiro banco de sangue. E se já
há pouco sangue à disposição dos veterinários, caso assim não fosse ainda menos
haveria e, até que chegasse e não chegasse, muito cão morreria.
Existem mais grupos
sanguíneos caninos do que humanos (mais de treze) e um deles sempre apresenta
escassas reservas - o DEA 1.1 negativo, presente em muitos Dobermans, Galgos,
Boxers, Pastores Alemães, Retrievers, Airedale Terriers, Weimaraners, Bulldogs
Americanos, Pointers e Bull Terriers ingleses, entre tantos outros.
“DEA”, Dog
Erythrocyte Antigen (em português: antígeno eritrocitário
canino) é a designação reconhecida internacionalmente para identificar os
diferentes grupos sanguíneos caninos, o equivalente ao nosso “Rh”. Os cães
portadores de DEA negativo são dadores universais e por isso mesmo bastante
procurados.
O grupo somático mais solicitado
para o efeito é o dos lebréis, nomeadamente os Greyhounds que são referidos
internacionalmente como “dadores universais”, porque o sangue de 70% deles pode
ser usado em todas as raças, apresentando ainda como vantagem adicional o facto
de ser muito rico em glóbulos vermelhos, o que torna os grandes criadores e/ou
proprietários de Greyhounds num alvo preferencial de quem reclama e necessita
do sangue daqueles cães, apesar de qualquer cão, com raça definida ou não, poder
ser dador de sangue.
Quem faz a colheita do
sangue tem em consideração 7 condições básicas para eleger cães dadores, são
elas: os animais terão que ter uma idade compreendida entre 1 e 6 anos de idade;
não necessitam de ser de uma raça específica; devem pesar 25 kg no mínimo; carecem
de ser saudáveis, amistosos e bem-comportados nos consultórios dos veterinários;
encontrar-se livres dos parasitas do coração, de pulgas e carraças; disponíveis
para doar sangue de 2 em 2 meses e residirem nas cercanias de quem efectua as
recolhas.
Nos países europeus de
primeira linha, aqueles que dizem circular a maior velocidade, normalmente
credores e não devedores, graças a frutíferas campanhas públicas e à respectiva
sensibilização das populações, não faltam cães dadores de sangue, contrariando o
que aqui se passa, onde essas campanhas são inexistentes, os dadores são caçados
à meia-volta e a recolha do sangue invariavelmente obriga a deslocações de várias
centenas de quilómetros. Caso pretenda que o seu cão seja dador de sangue,
procure o seu veterinário e solicite o seu parecer, pois gostar de cães é também valer aos alheios.