Os
cães de conservação dividem-se principalmente em duas categorias: cães de
guarda e cães farejadores (também chamados de detectores. Os cães guardiões
protegem as espécies vulneráveis dos predadores (caçadores furtivos inclusive),
enquanto os farejadores localizam alvos de interesse através do seu poderoso
olfacto. Nos últimos 15 anos, os cães começaram a desempenhar um papel crucial
na conservação em todo o mundo. Reparemos então no seu precioso trabalho
desenvolvido na Austrália. Os cães guardiões ficaram famosos com o filme
Oddball de 2015. O filme é baseado na história real de cães da Maremma,
treinados para proteger pequenos pinguins das raposas em Middle Island, perto
de Warrnambool, no sudoeste de Victoria. A população de pinguins havia
diminuído para menos de dez antes da chegada dos cães da Maremma (Pastor-Maremano-Abruzês).
A raça foi escolhida pela sua longa associação com a guarda de ovelhas na
Europa. Mas a maioria dos cães de conservação são cães farejadores, porque têm
muitos usos. Eles podem ser treinados para encontrar animais ou plantas, ou
sinais “indirectos” que os animais deixaram para trás, como cocó ou penas. Os
cães podem detectar qualquer coisa que tenha odor e tudo tem cheiro! Os cães
farejadores são treinados para detectar um cheiro alvo e apontá-lo para seu
colega de trabalho humano (por vezes chamado de manipulador ou delimitador).
Os cães farejadores são treinados para diversas missões como: encontrar espécies raras e ameaçadas de extinção; detecção de animais invasores durante a erradicação ou contenção, como formigas de fogo ou cobras: localizando plantas pragas; apoiar pesquisas sobre a vida selvagem detectando fezes, urina, vómitos, ninhos, carcaças e até doenças. Eles trabalharam em condições extremas em terra (inclusive em ilhas subantárticas) e no mar, podendo até detectar odores localizados no subsolo . Cães farejadores são também treinados para reconhecer animais individuais, como tigres, pelo cheiro. O cão é a melhor máquina de detecção e de extracção de odores: estima-se que o nariz de um cão seja 100.000 a 100 milhões de vezes mais sensível que o nariz humano, dependendo isso da raça a que pertence.
Uma proporção muito maior (7 a 40 vezes maior) do cérebro do cão é dedicada à descodificação dos odores. Isso significa que os cães podem detectar concentrações de odores muito baixas, uma colher de chá de açúcar em cinco milhões de litros de água (o equivalente a duas piscinas olímpicas) . Eles também conseguem diferenciar odores muito semelhantes. Os cães analisam o ar de cada narina de forma independente, detectando pequenas variações na concentração do odor, o que lhes dá um olfacto direccional que pode guiá-los para a esquerda ou para a direita até que eles percebam a origem do cheiro. Graças às narinas que são muito sofisticadas, os cães podem evitar contaminar um odor com o próprio hálito (exalando ar pelos lados das narinas). Conseguem também analisar odores continuamente, independentemente de estarem a inalar ou a exalar. Para além de serem a melhor máquina de detecção de odores, os cães são grandes embaixadores da conservação, derretendo corações até na indústria cinematográfica de Hollywood. Que venham mais cães de conservação, você o seu cão podem contribuir para um mundo melhor!
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