sábado, 13 de janeiro de 2024

DEVAGAR (LANGSAM) VISTO À LUPA

 

O comando “Devagar”, advindo do adjectivo alemão “Langsam” muito em uso nas nossas classes de trabalho e desportivas (que não são assim tantas), antes que soe tal qual as rodas de uma carroça a travar ou a uma cobra assustada a silvar, o que lamentavelmente poderá causar o efeito contrário nos cães, importa explicar o que é, como deve ser aplicado e em que circunstâncias deverá ser solicitado, para se evitar o chiar de quem tem qualquer coisa entre os dentes e não a consegue expulsar. O “Devagar” é um comando neutro, porque o seu uso presta-se ao exercício de diferentes disciplinas cinotécnicas, que indica um modo lento de progressão aos cães, não sendo por isso um subsídio ou comando direccional como são por exemplo os comandos de “à frente” e “atrás”.

Como comando de modo que é, como são os comandos de “up”, “abaixo”, cruza” e ”rasteja”, entre outros, carece de ser correctamente aplicado para que se torne distintivo, automático, prático e operacional, independentemente das linguagens usadas para a sua execução. Quando usamos este comando em exercícios ou acções de segurança, importa que ele seja executado sem ser visível e audível. O condicionamento do comando deverá iniciar-se à trela e não desprezar a recompensa, valendo-se os condutores das duas mãos, ainda que de modo inverso, com a direita a controlar levemente a velocidade dos cães e a esquerda a indicar-lhes o modo pretendido, num gesto entre o “alto” e o senta”, acompanhado serenamente e sem causar qualquer suspeição pelo comando de “devagar”. A entoação do comando verbal deverá ser baixa e suave, transmitir confiança aos animais, não como tantas vezes vejo por aí, gritada e em tom de ameaça ou como uma advertência perante um perigo eminente. Com os cães a olhar para os seus condutores, naturalmente acontecerá a desejável transferência da linguagem verbal para a gestual do comando ”Devagar”. Como ele se deseja assimilado sem defeito, importa aproveitar bem o tempo no seu aperfeiçoamento não olhando ao seu débito.

O comando deverá ser usado em todas as acções ou situações onde importe controlar ou reduzir a velocidade dos cães, sejam elas desportivas, de socorro, salvamento, operacionais ou de segurança, incluindo-se ainda as relativas à salvaguarda dos próprios animais como um todo. No que à execução dos condutores diz respeito e porque estamos a tratar de um trabalho de escola, o “Devagar” deverá resultar sempre da elegância e nunca de nenhum atropelo. Dentro do possível, nas acções relativas à segurança, a transição de andamentos pelos cães deverá ser o menos pronunciada e inaudível possível para a surpresa não sair comprometida. 

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