O
comando “Devagar”, advindo do adjectivo alemão “Langsam” muito em uso nas nossas classes de trabalho e desportivas
(que não são assim tantas), antes que soe tal qual as rodas de uma carroça a travar
ou a uma cobra assustada a silvar, o que lamentavelmente poderá causar o efeito
contrário nos cães, importa explicar o que é, como deve ser aplicado e em que
circunstâncias deverá ser solicitado, para se evitar o chiar de quem tem qualquer
coisa entre os dentes e não a consegue expulsar. O “Devagar” é um comando
neutro, porque o seu uso presta-se ao exercício de diferentes disciplinas cinotécnicas,
que indica um modo lento de progressão aos cães, não sendo por isso um subsídio
ou comando direccional como são por exemplo os comandos de “à frente” e “atrás”.
Como
comando de modo que é, como são os comandos de “up”, “abaixo”, cruza” e ”rasteja”, entre outros, carece de ser correctamente aplicado para que se torne distintivo, automático, prático e operacional, independentemente das linguagens usadas
para a sua execução. Quando usamos este comando em exercícios ou acções de
segurança, importa que ele seja executado sem ser visível e audível. O
condicionamento do comando deverá iniciar-se à trela e não desprezar a
recompensa, valendo-se os condutores das duas mãos, ainda que de modo inverso,
com a direita a controlar levemente a velocidade dos cães e a esquerda a
indicar-lhes o modo pretendido, num gesto entre o “alto” e o senta”,
acompanhado serenamente e sem causar qualquer suspeição pelo comando de “devagar”.
A entoação do comando verbal deverá ser baixa e suave, transmitir confiança aos
animais, não como tantas vezes vejo por aí, gritada e em tom de ameaça ou como
uma advertência perante um perigo eminente. Com os cães a olhar para os seus
condutores, naturalmente acontecerá a desejável transferência da linguagem
verbal para a gestual do comando ”Devagar”. Como ele se deseja assimilado sem
defeito, importa aproveitar bem o tempo no seu aperfeiçoamento não olhando ao
seu débito.
O comando deverá ser usado em todas as acções ou situações onde importe controlar ou reduzir a velocidade dos cães, sejam elas desportivas, de socorro, salvamento, operacionais ou de segurança, incluindo-se ainda as relativas à salvaguarda dos próprios animais como um todo. No que à execução dos condutores diz respeito e porque estamos a tratar de um trabalho de escola, o “Devagar” deverá resultar sempre da elegância e nunca de nenhum atropelo. Dentro do possível, nas acções relativas à segurança, a transição de andamentos pelos cães deverá ser o menos pronunciada e inaudível possível para a surpresa não sair comprometida.
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