O
Royal Veterinary College em Londres, através de uma das suas conferencistas, a
Dra. Rowena Packer (na foto seguinte), divulgou um estudo onde conclui que os
cães comprados durante a pandemia têm maior probabilidade de serem afectados
pela ansiedade da separação e mais agressivos para os outros cães. Por ocasião
do Covid-19 e graças ao isolamento a que obrigou, ao número dos cães já
existente nos lares britânicos foi acrescentado mais um milhão, com muita gente
a ter um cão pela primeira vez. Packer afirma que os cães comprados nessa
ocasião parecem apresentar altos índices de problemas de comportamento, como
ansiedade de separação e agressão a outros animais, o que tem feito com que
muitos proprietários ao lidar com a situação possam “chegar ao limite” e tentar
entregar os seus cães para adopção. A conferencista faz saber também que os
maus comportamentos dos cães “são, em muitos casos, potencialmente exacerbados
pelos proprietários que usam técnicas de treino baseadas na punição” (até onde
vai o desespero!).
Quatro
em cada cinco proprietários pesquisados, financiados pela instituição de
caridade Battersea, e que compraram os seus animais de estimação em 2019 e
2020, relataram o uso de treino aversivo, como gritar, que pode aumentar o medo
e a ansiedade. Apenas 18% utilizaram técnicas menos abrasivas, como brinquedos
e guloseimas como indução ao bom comportamento. Battersea também afirma ter
observado um aumento no número de cães com comportamentos problemáticos ligados
à pandemia. Isto seguiu-se a um boom relatado no comércio ilegal de filhotes.
Denise Mariner-Chappell, 53 anos, de perto de Wakefield, West Yorks, adquiriu o
seu Labrador Ted em 2020. Devido ao confinamento, ela teve dificuldades com “o
treino e a socialização”. Ela disse: “Ele é um cachorro louco quando está fora.
Ele é simplesmente maníaco. Ele só quer brincar, cheirar e tudo mais, mas não
com humanos.” O Ted não pôde frequentar aulas para cachorros durante a pandemia,
mas mais tarde veio a ter um treinador. As lesões causadas por cães aumentaram
pouco mais de um terço entre 2018 e 2022, segundo foi relatado.
O presente estudo não aparenta ter acrescentado nada dos pontos de vista académico e científico, porque não passa de uma constatação, é generalista, pouco abrangente e pouco rigoroso, evidenciando conceitos científicos há muito aceites e dispensando-se de análises específicas que só enriqueceriam o estudo e que levariam a uma reflexão mais séria e objectiva. Estamos perante uma pseudopesquisa feita a pensar no grande público, que apenas veio reafirmar aquilo que já se sabia.
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