Penosa
e cheia de reveses tem sido a passagem para a condução em liberdade dos cães do
José Maria, provavelmente por serem demasiados para a sua paciência que
invariavelmente choca com a ansiedade de querer fazer bem. Pouco a pouco, nem
sempre com o acerto necessário, graças também à qualidade dos animais que vem
em auxílio do dono, os Pastores do José Maria estão a dar mostras do seu
potencial genético e a abandonar a mediocridade, evolução que não pode ser
separada do empenho do seu condutor cuja principal qualidade é a persistência.
Como adestrador sou obrigado a ser também visionário, a esperar o que há-de vir
e a acreditar nisso. E, se assim não fosse, dificilmente acreditaria no progresso
cinotécnico deste profissional liberal perito em argumentação. Anteontem à noitinha,
sexta-feira, 26 de janeiro de 2024, “fez-se dia” para o CPA negro Schwartz,
porque não hesitou em executar um salto de precisão conforme se pode ver no GIF
acima, o que muito alegrou o seu condutor e fortaleceu a aposta do adestrador
em ambos. O FSM Doc, em segundo plano na foto seguinte, executou na ocasião
aquele mesmo salto com êxito, não sendo a sua execução aqui registada por
inexactidão da fotógrafa convidada que lhe cortou a suspensão e a saída do
salto.
Aproveitámos
a noite e o ambiente nocturno para proceder à condução em liberdade, para
condicionar os cães a tomar sentido nos donos, a obedecer-lhes e a permanecerem
vigilantes. Para além das distracções que os sons e odores da noite oferecem,
os binómios foram ainda surpreendidos por umas gravações a decorrer ao seu redor,
por toda a sorte de pessoas que passeava, com cão ou sem cão, e por alguns
bêbados que tendem a eliminar as noites quando as estrelas fazem gazeta.
Contudo, permaneceram fiéis às ordens que lhe foram dadas.
Quando
procuramos alcançar a condução em liberdade com duas mãos direccionais sempre
somos confrontados com problemas cinestésicos por parte dos alunos que, por uma
razão ou outra, acabam por perder a percepção do movimento, induzindo com isso
os seus cães ao vício e ao erro. Acresce ao problema o facto de se investir
pouco na expressão cultural em Portugal, arte que até há pouco tempo, mercê de
manifesta ignorância era vista por alguns como andrógina e por isso mesmo
desaconselhada, não obstante as posturas e expressões culturais terem um
importantes papel na comunicação interespécies, sendo por isso de certo modo
linguagem universal. Na foto abaixo, os dois condutores foram flagrados em
manifesto erro, o primeiro a dar a indicação do movimento de “à frente” com a
mão errada e o segundo a deixar o cão esquivar-se para o lado esquerdo. As
imperfeições detectadas apenas apontam numa direcção – na necessidade do
treino.
Se
a noite de sexta-feira serviu de testemunho ao progresso do Schwartz e de
confirmação da categoria do Doc (que ainda tem muito mais para dar), ela
prestou-se também à evolução, agora galopante, do Boxer Balzac, que executou
pela primeira vez e ao longo do Círculo de 6m o “à frente” em liberdade,
progresso notável para um cão que ainda recentemente claudicava de um dos
membros ao andar. Cabe agora ao Cláudio a difícil tarefa de equilibrar a regra
com a recompensa, período transitório que convém ser resolvido
satisfatoriamente considerando as possíveis
futuras implicações.
Sexta-feira foi uma noite de vitórias que foi bem aproveitada pela sociedade SCHWARTZ, DOC & BALZAC LDA, que o digam o José Maria, o José António e o Cláudio. Com o Paulinho recolhido aos seus aposentos para evitar males maiores, a reportagem fotográfica esteve a cargo da Matilde, muito embora tenha cabido ao dono do CPA Bohr optimizá-la.
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