Todos, independentemente
do seu métier, passamos anos a fio a
ouvir disparates e a repetir-nos (Deus tenha piedade dos professores), mas de
um momento para o outro e donde menos se espera, lá surge um pergunta
inteligente que nos obriga a meditar ou repensar. Na semana passada coube-me
uma a mim: QUÃO
SUBMISSO DEVERÁ SER UM CÃO DE GUARDA AO DONO?
Como
o assunto é de extrema sensibilidade, não deverá ser abordado de ânimo leve,
considerando o bem-estar do animal e a salvaguarda das pessoas. Para melhor
entendimento do que é um cão de guarda na nossa perspectiva, começaremos por
dizer aquilo que ele não é e que poucos questionam.
Há por aí muita gente, nem
toda ela instruenda, que entende que um cão de guarda não necessita de muita
obediência e que insistir nela pode ser até prejudicial, porque tende a cortar
a impetuosidade inerente aos cães guardiões, tornando-os menos autónomos e carentes
de outras condições para desempenharem os seus serviços. O treino do cão de
guarda para estes senhores é muito simples – alto, senta, deita e cai em cima
(se quiser larga, se não quiser, não larga!). Como se antevê, o treino do cão
de guarda tem que ir muito
para além disto, considerando a sua natureza e função, porque o cão é uma arma
que não deverá ser disparada acidentalmente.
Se todas armas não
dispensam um mecanismo de segurança, também o cão guardião não o poderá
dispensar. Já estamos a ver donde virá ele, obviamente da obediência que torna
possível o cumprimento pronto e imediato das ordens, pois sabemos que um cão
não tem mais ou menos obediência - ou tem, ou não tem! Quando estamos a falar
da obediência, não estamos a referir-nos àquela que é incutida pelo concurso da
violência, que nesta matéria é de todo contraproducente, mas da resultante da
cumplicidade que não dispensa a recompensa no acerto. A todos os treinadores de
cães de guarda deveria ser exigido treinar um cão sem o mínimo de características
para isso, para que melhor compreendessem que a brincar… a brincar, podem
alcançar-se coisas muito sérias.
De duas coisas podemos ter
a certeza: os cães de guarda carecem de uma obediência incondicional e esta jamais
deverá ser entendida e praticada como sinónimo de submissão, porque doutro modo
estaremos a treinar indivíduos acostumados a aceitar a derrota, que primeiro
experimentaram com os seus donos. A submissão total de um cão, tão advogada
pelos parcos em valentia, acaba por inviabilizar a acção do animal perante
pessoas de perfil igual ou semelhante ao do seu dono, desgraça que muitas vezes
sucede e de que vamos tendo notícia. A obediência só será sinónimo de submissão
se, ao invés de ser aceite, for imputada, o que normalmente sucede aos cães de
gente apressada.
Para se ter um bom cão de
guarda não é preciso despromovê-lo socialmente, mas elevá-lo a um estatuto tangente
ao do seu dono, ascensão até onde for possível respeitarem-se mutuamente sem
correrem o risco de confrontação, porque se ao dono importa não perder a liderança,
importa ao cão não experimentar a derrota. Só um equilíbrio destes poderá tirar
o máximo partido de dois amigos com um objectivo comum! Perante a pergunta: QUÃO SUBMISSO DEVERÁ SER
UM CÃO DE GUARDA AO DONO? responderemos: SÓ O INDISPENSÁVEL PARA NÃO SE VIRAR CONTRA ELE!
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