domingo, 22 de setembro de 2019

O EQUICOACHING JÁ CHEGOU À EUROPA

O EQUICOACHING, terapia com cavalos vinda dos Estados Unidos, está gradualmente a alcançar mais adeptos no Velho Continente, principalmente na França e na Bélgica onde faz furor, países por tradição de muitos e bons cavalos. Na boca dos seus adeptos, o Equicoaching “ é uma disciplina que permite às pessoas recuperar a autoconfiança ou controlar o stress graças aos cavalos” e “um trabalho de desenvolvimento pessoal e profissional, facilitado pelo cavalo para levar a pessoa ao bem-estar”. No dizer de quem ministra este terapia, ela tanto pode ser vocacionada para indivíduos como para empresas. Como o “segredo” e a diferença residem no cavalo, é-nos dito que ele é um "espelho e como tal devolverá tudo o que cada um lhe transmitir (medo, desconfiança, confiança) porque consegue capturar todas as emoções sem tecer qualquer julgamento, tendo ainda a vantagem de aceitar as pessoas como são, por ser um animal benevolente, transparente e autêntico”. Para que esta terapia seja bem-sucedida importa que os pacientes tenham “o corpo, o coração e a cabeça sintonizados".
Em cada sessão o paciente é convidado para dois momentos diferentes. No primeiro, com os olhos fechados ou vendados, aproxima-se calmamente do cavalo com o braço estendido, com a mão a mexer-se no vazio à procura da garupa do animal. Este primeiro contacto visa a mútua confiança, o paciente alcança o freio do cavalo e acaricia-o ainda com maior serenidade. Depois o paciente é convidado para a conduzir o cavalo apeado, desenvolvendo com ele um conjunto de exercícios debaixo dos conselhos e olhar atento do “equicoach”. As sessões, que custam 70 euros por hora, são realizadas sozinhas ou em grupos, principalmente durante seminários de negócios (até cinco pessoas), podendo também ser direccionadas para corredores ou atletas que desejem preparar-se mentalmente para uma competição ou evento (há nisto tudo um perfume de “cura hipnótica).
Ao debruçar-me sobre esta terapia e ao querer transportá-la para a nossa realidade, lembrei-me imediatamente dos burros que temos por cá, que são do mais pacífico que há, conseguem captar todas as emoções à sua volta e também não tecem qualquer julgamento. ASNOCOACHING? Porque não? Os burros de Miranda agradecem que os acariciem e alimentem, e os do Sul não lhes vão ficar atrás, agora que estão em vias de extinção. E porque não MULACOACHING? Não teremos mulas e oportunistas que cheguem? Precisará o homem de artificialismos para se levantar, de um culto ou sacrifício para se reerguer? Se sim, então é ele que mete os pés ao caminho e encontra a “cura dos seus achaques”, sendo por isso terapeuta de si mesmo, não os animais.
Afagar uma toupeira, um canarinho ou até um furão, não nos transmitirá idêntica sensação de bem-estar? Um ombro amigo ou uma mão estendida em ajuda, não valerão muito mais que umas quantas festas na garupa de um animal comum? A Humanidade está doente, os homens já não conseguem comunicar entre si, a desconfiança reina e só a mudez dos animais consola os que não têm voz, os que estão prestes a rebentar e os que são ostracizados.

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