O EQUICOACHING,
terapia com cavalos vinda dos Estados Unidos, está gradualmente a alcançar mais
adeptos no Velho Continente, principalmente na França e na Bélgica onde faz furor,
países por tradição de muitos e bons cavalos. Na boca dos seus adeptos, o
Equicoaching “ é uma disciplina que permite às pessoas recuperar a
autoconfiança ou controlar o stress graças aos cavalos” e “um trabalho de
desenvolvimento pessoal e profissional, facilitado pelo cavalo para levar a
pessoa ao bem-estar”. No dizer de quem ministra este terapia, ela tanto pode
ser vocacionada para indivíduos como para empresas. Como o “segredo” e a
diferença residem no cavalo, é-nos dito que ele é um "espelho e como tal devolverá
tudo o que cada um lhe transmitir (medo, desconfiança, confiança) porque consegue
capturar todas as emoções sem tecer qualquer julgamento, tendo ainda a vantagem
de aceitar as pessoas como são, por ser um animal benevolente, transparente e
autêntico”. Para que esta terapia seja bem-sucedida importa que os pacientes
tenham “o corpo, o coração e a cabeça sintonizados".
Em cada sessão o paciente
é convidado para dois momentos diferentes. No primeiro, com os olhos fechados
ou vendados, aproxima-se calmamente do cavalo com o braço estendido, com a mão
a mexer-se no vazio à procura da garupa do animal. Este primeiro contacto visa
a mútua confiança, o paciente alcança o freio do cavalo e acaricia-o ainda com
maior serenidade. Depois o paciente é convidado para a conduzir o cavalo
apeado, desenvolvendo com ele um conjunto de exercícios debaixo dos conselhos e
olhar atento do “equicoach”. As sessões, que custam 70 euros por hora, são
realizadas sozinhas ou em grupos, principalmente durante seminários de negócios
(até cinco pessoas), podendo também ser direccionadas para corredores ou
atletas que desejem preparar-se mentalmente para uma competição ou evento (há
nisto tudo um perfume de “cura hipnótica).
Ao debruçar-me sobre esta
terapia e ao querer transportá-la para a nossa realidade, lembrei-me
imediatamente dos burros que temos por cá, que são do mais pacífico que há, conseguem
captar todas as emoções à sua volta e também não tecem qualquer julgamento. ASNOCOACHING?
Porque não? Os burros de Miranda agradecem que os acariciem e alimentem, e os
do Sul não lhes vão ficar atrás, agora que estão em vias de extinção. E porque
não MULACOACHING?
Não teremos mulas e oportunistas que cheguem? Precisará o homem de artificialismos
para se levantar, de um culto ou sacrifício para se reerguer? Se sim, então é ele
que mete os pés ao caminho e encontra a “cura dos seus achaques”, sendo por
isso terapeuta de si mesmo, não os animais.
Afagar uma toupeira, um
canarinho ou até um furão, não nos transmitirá idêntica sensação de bem-estar?
Um ombro amigo ou uma mão estendida em ajuda, não valerão muito mais que umas
quantas festas na garupa de um animal comum? A Humanidade está doente, os
homens já não conseguem comunicar entre si, a desconfiança reina e só a mudez
dos animais consola os que não têm voz, os que estão prestes a rebentar e os que são ostracizados.
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