segunda-feira, 2 de setembro de 2019

I HAVE A SHELTER DOG TOO

BORIS JOHNSON, Primeiro-Ministro de Sua Majestade Isabel II, provavelmente o menos convencional de todos, porque se apresenta com um ar estouvado, com aspecto de ter fugido de uma clínica psiquiátrica ou de ter sobrevivido a uma catástrofe recente, o político conservador que vai conduzir o Reino Unido para fora da União Europeia, decidiu adoptar, com a anuência da sua actual namorada (Carrie Symonds) um cão de abrigo - um Jack Russel com 15 semanas de idade, também ele de pêlo cerdoso.
Ainda que o pareça, Boris de tonto não tem nada, tem a noção exacta do politicamente correcto, aplica-o na circunstância certa, não recusa o populismo e escuda-se num discurso chauvinista que agrada a grande parte dos britânicos. A recente aquisição deste cachorrinho, desprezado por ser prógnata e que acaba resgatado pelo morador do nº10 de Downing Street, adequa-se perfeitamente ao papel político de Boris Johnson, que não resgata só o cão, mas também o Reino Unido da União Europeia.
Com a quebra da sacralização dos políticos, que está a acontecer há várias décadas pelo mundo, particularmente na Europa, os presidentes das diversas repúblicas valem-se da companhia de cães, na sua maioria resgatados de abrigos, para estabelecerem com os seus povos uma relação afectiva mais próxima, do género: “eu e tu somos iguais, eu também tenho um cão de abrigo!  De Norte a Sul e de Leste a Oeste não faltam Monarcas e Presidentes da República que se fazem acompanhar de cães, excepção feita ao nosso, que trocou o cachorro que lhe ofereceram pela distribuição de beijos a toda a gente (um cachorrinho não hesitaria em dar a pata).
Parece não haver dúvida que estas “inocentes e bem-intencionadas” adopções servem de estratégia no assalto ao poder, podem contribuir para reeleições e ajudar a alcançar maiorias absolutas, pois por um voto se ganha e por outro se perde. Como o povo tem por norma memória curta, vale a pena perguntar: não foram os antecessores destes políticos que barraram, durante anos consecutivos, a promulgação da Carta Universal dos Direitos dos Animais nos seus países? Não serão os actuais políticos lobos disfarçados de cordeiros? Não sei se António Costa, o actual Primeiro-Ministro de Portugal tem cão. Se não tem, deveria arranjar um e se tem, deveria trazê-lo para a ribalta, porque o seu impacto seria muito mais proveitoso que as maçadoras e entediantes respostas a Catarina Martins.

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