BORIS
JOHNSON, Primeiro-Ministro de Sua Majestade Isabel II,
provavelmente o menos convencional de todos, porque se apresenta com um ar
estouvado, com aspecto de ter fugido de uma clínica psiquiátrica ou de ter
sobrevivido a uma catástrofe recente, o político conservador que vai conduzir o
Reino Unido para fora da União Europeia, decidiu adoptar, com a anuência da sua
actual namorada (Carrie Symonds) um cão de abrigo - um Jack Russel com 15
semanas de idade, também ele de pêlo cerdoso.
Ainda que o pareça, Boris
de tonto não tem nada, tem a noção exacta do politicamente correcto, aplica-o
na circunstância certa, não recusa o populismo e escuda-se num discurso
chauvinista que agrada a grande parte dos britânicos. A recente aquisição deste
cachorrinho, desprezado por ser prógnata e que acaba resgatado pelo morador do
nº10 de Downing Street, adequa-se perfeitamente ao papel político de Boris
Johnson, que não resgata só o cão, mas também o Reino Unido da União Europeia.
Com a quebra da
sacralização dos políticos, que está a acontecer há várias décadas pelo mundo,
particularmente na Europa, os presidentes das diversas repúblicas valem-se da
companhia de cães, na sua maioria resgatados de abrigos, para estabelecerem com
os seus povos uma relação afectiva mais próxima, do género: “eu e tu somos iguais, eu
também tenho um cão de abrigo!” De Norte a Sul e de Leste a Oeste não faltam
Monarcas e Presidentes da República que se fazem acompanhar de cães, excepção
feita ao nosso, que trocou o cachorro que lhe ofereceram pela distribuição de
beijos a toda a gente (um cachorrinho não hesitaria em dar a pata).
Parece não haver dúvida
que estas “inocentes e bem-intencionadas” adopções servem de estratégia no
assalto ao poder, podem contribuir para reeleições e ajudar a alcançar maiorias
absolutas, pois por um voto se ganha e por outro se perde. Como o povo tem por
norma memória curta, vale a pena perguntar: não foram os antecessores destes
políticos que barraram, durante anos consecutivos, a promulgação da Carta Universal
dos Direitos dos Animais nos seus países? Não serão os actuais políticos lobos
disfarçados de cordeiros? Não sei se António Costa, o actual Primeiro-Ministro
de Portugal tem cão. Se não tem, deveria arranjar um e se tem, deveria trazê-lo
para a ribalta, porque o seu impacto seria muito mais proveitoso que as
maçadoras e entediantes respostas a Catarina Martins.
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