segunda-feira, 23 de setembro de 2019

QUANDO A ANSIEDADE DE UNS É SUPORTADA PELA DE OUTROS

Quando alguém VIP ou colunável faz-se acompanhar por um cão ou dois, logo os bajuladores caninos aproveitam para publicitar os cães e as suas pretensas vantagens. É evidente que a companhia do cão não é inocente, particularmente para quem vive da opinião pública ou do público, porque a presença do animal é uma atitude politicamente correcta, mais ainda se o cão ou cães em questão tenham sido resgatados de um abrigo.
Os tablóides britânicos, tradicionalmente ávidos de notícias sensacionalistas, fazem menção de referir a relação existente entre a cantora norte-americana ARIANA GRANDE e dois dos seus cães, um cruzado de Pitbull e outro de Beagle com Chihuahua, respectivamente o MYRON e o TOULOUSE. Desta vez a sensação assentou sobre o transporte aéreo destes animais, que voaram de Birmingham para Glasgow 3 horas antes da chegada da cantora, com o triplo objectivo de recebê-la, de fazê-la sentir em casa e de acalmar-lhe os nervos, já que ultimamente tem andado muito ansiosa e deprimida, razões que a levaram a cancelar vários concertos.
Todos nós sabemos quão stressante é o transporte aéreo para os cães, pior quando separados dos seus donos e expedidos para o porão de carga dos aviões. A ansiedade dos animais é tanta, que a alguns são-lhes administrados calmantes ou relaxantes musculares. Transportar um cão num avião sem o dono, mesmo no espaço reservado aos passageiros, é lançá-lo na mais profunda confusão, porque perde as suas duas principais referências, o dono e o seu território, para além de desconhecer onde está e para onde vai. E fazer isto constantemente, por mais acostumados que estejam os animais (são os donos que o dizem e não os cães), é torturá-los de stress e lançá-los na prostração, porque estar quieto nem sempre é sinal de conforto – o trauma também paralisa!
Sobre o tema dos cães de Ariana, que no total são 9, a escritora de canções, cantora e actriz de origem italiana faz saber que odeia deixá-los, mas que ao retornar a casa é dia de festa e que tudo faz para que todos se sintam desejados e amados. Contudo, estranha forma de amar aqueles que obriga a andar de avião de lá para cá e de cá para lá, cujo stress é desconsiderado para que o dela seja apaziguado. Não será isto especismo do mais descarado e antigo? Não estaremos diante de uma clara violação da Declaração Universal dos Direitos do Animal? 
Se apenas tivermos como prioridade o bem que os animais nos fazem, então podemos aceitar com menos pudor os cães-cobaias outrora usados pelos laboratórios farmacêuticos, os cães de guerra e os detectores de explosivos, todos eles escolhidos ou equipados para salvarem vidas humanas. A relação que temos com os animais continua hipócrita, porque a prática comum atenta contra o mais cândido e inspirado dos discursos. E a verdade é esta: os homens só estarão em paz com os animais no dia em que a vivam uns com os outros! Donos afectados não tendem a formar cães perigosos? Vistas as coisas deste prisma, pergunta-se ainda: Poder-se-á entregar um cão a qualquer um?

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