SE
PENSA IR VISITAR MARROCOS NÃO LEVE CONSIGO O SEU CÃO, DEIXE-O EM CASA COM UM
AMIGO OU ENTREGUE-O AOS CUIDADOS DE UM HOTEL CANINO,
mesmo que seja só por um fim-de-semana. Se ao invés de ter uma parlamento
eleito democraticamente, o Reino de Marrocos se guiasse pela Sharia (1),
estaríamos perante um “reino de manetas”, de tanto ladrão que por lá há. Não
estou com isto a fazer a apologia de qualquer estado islâmico fundamentalista
ou a defender qualquer governo teocrata, venha ele donde vier, mas a denunciar situações
onde os ladrões são mais que muitos!
À medida que se estabeleceu
uma cultura emergente de propriedade de animais de estimação, a demanda por
cães de raça pura disparou no Reino de Maomé VI, ao ponto do seu roubo para
revenda se ter transformado num desporto nacional, cujas vítimas, obviamente,
são os turistas, que lamentavelmente acabam sem os seus animais de estimação,
cuja sorte não é fiável. As raças mais roubadas ali são os Huskies Siberianos e
os Malamutes do Alasca, porque são dóceis, grandes e ali raros, rendendo por
isso bom dinheiro. Os Pastores Alemães, os Malinois e os Rottweilers também são
objecto da procura dos ladrões, se forem cachorros ou cães amistosos. Shih
Tzus, Yorkshire Terriers e Bichons, são animais de estimação muito procurados
em Marrocos, tornando-se alvos fáceis para os ladrões por serem fáceis de
esconder e transportar.
Os cães são
preferencialmente roubados nos Souks (2) e
os ladrões estão cada vez mais ousados. A maioria dos assaltos acontece por manobra
de cerco, quando 3 ou 4 meliantes rodeiam e ameaçam com facas os donos dos
cães. Depois disto, os cães são evacuados numa motocicleta e deixam de ser
vistos pera sempre. Numa situação destas, o dono surripiado deverá dirigir-se
imediatamente ao souk mais próximo, na tentativa de resgatar o animal, antes
que ele vá parar a outras mãos por uns míseros dirrãs (3).
Há relatos de roubo de
cães nos destinos turísticos mais procurados em Marrocos, mas têm acontecido
com maior incidência em: Hay el Fath, Rabat; Souk Korea de Casablanca; Souk
Laayoune, Souk de Sidi Allal El Bahraoui, perto de Rabat e no grande Souk em
Sale el Jadida. Neste último local, virado para o Atlântico, existe uma
cidadela portuguesa que data de 1514, à qual foi posto o nome de Mazagão e que
permaneceu sobre domínio português até 10 de Dezembro de 1769. Esta cidadela
(El Jadida), em 30 de Junho de 2004, durante a 28.ª sessão do Comité do
Património Mundial, que se realizou em Suzhou, na China, foi inscrita na lista
do Património Mundial da UNESCO.
Já sabe, se for a Marrocos
não leve o seu cão consigo, pois tem todas as razões para não o fazer, a menos
que queira ir para lá treinar o seu cão de guarda e pô-lo a capturar uns quantos
ladrões desdentados vestidos de Kaftans (4). Caso persista em levar o seu cão para
Marrocos, tome os seguintes cuidados para não lamentar a sua perca: Não o deixe
andar à solta para não incomodar e assustar as pessoas; Não o deixe fugir ou
andar solto junto às estradas, porque os marroquinos não costumam parar se
apanharem um cão pela frente; Não tente sociabilizar ou aproximar o seu cão dos
cães marroquinos, porque são selvagens e andam em matilha, por mais sossegados
que pareçam, porque atacam um cão estranho quando o vêem e não se esqueça do
calor insuportável a que irá sujeitar o seu cão (50ºC), evita a sua
desidratação. Em síntese – Nunca solte o seu cão!
PS: Para viajar com o seu cão para Marrocos,
o que se desaconselha, o seu amigo de quatro patas necessita de ter as vacinas
em dia, ter microchip, Passaporte para Animal de Companhia da União Europeia
(comprado no veterinário) e certificado Zoossanitário para Animais de Companhia
(passado pela Direcção Geral de veterinária).
(1)Sharia – Nome dado ao direito islâmico,
onde não há separação entre religião e direito, sendo o Alcorão a mais
importante fonte da jurisprudência islâmica e a segunda a Suna (obra que narra
a vida e os caminhos do profeta); (2) Souk - mercado
árabe; bazar; (3) Dirrã – unidade monetária de Marrocos; (4) Kaftan – Túnica tradicional de Marrocos.
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