quinta-feira, 19 de julho de 2018

QUEM DEVIA FALAR NÃO FALA E FALA QUEM DEVIA ESTAR CALADO

Indexar cães à lista dos perigosos é uma medida mais política do que objectiva, própria para acalmar os ânimos populares sem ferir susceptibilidades, de cariz também económico que estigmatiza diferentes cães em diferentes latitudes. A prová-lo estão os ataques caninos que infelizmente ainda persistem, invariavelmente perpetrados por cães não indexados e indevidamente considerados pacíficos. Como não posso considerar perigosa uma raça canina que vive na estrita dependência do seu dono, sou obrigado a pôr no topo dessa lista o homem, sem dúvida o mais cruel dos cães, que histórica e repetidamente mata os seus iguais por todos os continentes.
O que tem levado à indexação de determinadas raças caninas na lista dos cães perigosos? Basicamente o consenso popular tirado das notícias vindas a lume, sendo nisso ajudado pela actual perseguição que é movida aos cães com pedigree, também alicerçada no temor, na inveja e na cinofobia. Assim, para que determinada raça seja rotulada de perigosa, basta ser estrangeira, mal-afamada, pouco numerosa no país, de considerável envergadura, territorial e de aspecto medonho, independentemente do seu préstimo, força de mordedura, agressividade e frequência dos seus ataques, o que em tudo lembra a “Fábula do Lobo Mau”, também ela gerada pela ignorância popular que muitos lobos vitimou e continua a vitimar.
O que livrará determinada raça canina da lista dos cães considerados perigosos, mesmo que não seja totalmente pacífica? Em primeiro lugar a sua popularidade e por duas razões, porque é conhecida e porque raro é o político que se arrisca a lançar cá para fora uma medida antipopular debaixo da importância do voto. Assim se compreende porque certos cães verdadeiramente perigosos, apesar do dolo e das mortes causadas, continuem apartados da malfadada lista nos seus países de origem ou naqueles onde superabundam, onde são baratos e qualquer um os pode ter, mesmo que sejam menos cúmplices, desobedientes e também persigam outros animais.

Neste sentido convém ler o que faz saber o THE HUDDERSFIELD DAILY EXAMINER na sua edição online de ontem, na rubrica “AS MPS DEBATE BANNING STAFFORDSHIRE BULL TERRIERS WE LIST 10 MOST DANGEROUS DOG BREEDS”, da autoria do jornalista sénior DAVE HIMERFIELD, que abertamente se manifesta contra a proibição do Staffie no Reino Unido e adianta a lista dos 10 cães mais perigosos, que segundo ele são: 1º Dogue Alemão; 2º Boxer; 3º Husky Siberiano; 4º Malamute do Alasca; 5º Bullmastiff; 6º Dobermann, 7º Rottweiler; 8º Pastor Alemão: 9º Akita Japonês e 10º São Bernardo! Será que o chauvinismo não tem limites? 90% dos cães indicados são de raça estrangeira e deles 50% são alemães! Provavelmente ter-se-á esquecido do Cão Pelado do Chile! Não seria mais sensato que este gentleman (na foto baixo) fechasse a boca antes de soltar tamanha asneira?
Afinal quem primeiro deveria ser ouvido sobre os cães verdadeiramente perigosos? Por norma quem não se manifesta, por não poder ou não querer manifestar-se, os mesmos que escolhem, aproveitam, capacitam, testam e aprovam os cães agressivos nos seus diferentes usos. A situação é complexa: uns são obrigados ao silêncio porque o seu trabalho é marginal e trabalham clandestinamente, outros porque não querem perder o seu ganho e outros ainda para não serem acusados de mandar cães assassinos para cima de gente presumivelmente inocente. E quando estes não falam, manifestam-se aqueles que têm os cães desarmados pela castração, os mesmos que “não têm bala na câmara”!
A meu ver o Staffie deveria ser proibido na Grã-Bretanha, não por ser demasiado perigoso ou um assassino sanguinário, mas porque a maioria dos seus proprietários ou é pateta ou descuidada, considerando o número de ataques perpetrados nos últimos anos por cães desta raça naquelas paragens, que não pouparam inclusive crianças. Como resposta à lista do MR. HIMERFIELD, aqui vai a minha lista: 1º Bedlington Terrier; 2º Cavalier King Charles spaniel; 3º Welsh Corgi Pembroke; 4º Shi-Tzu; 5º Smooth Collie; 6º Cocker Spaniel; 7º Galgo Inglês; 8º Clumber Spaniel; 9º Setter Inglês e 10º Old English Sheepdog, cães substancialmente mais perigosos que o Airedale Terrier, o Staffordshire Terrier, o Bull Terrier e os sanguinários cães alemães (sem excepção), que sempre espreitam ocasião para apanharem o fundilho das calças a um inglês incauto! 

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