segunda-feira, 2 de julho de 2018

PARA UM MELHOR ENTENDIMENTO DA GENÉTICA LIGADA À DOMESTICAÇÃO

Para uma melhor compreensão da genética ligada à domesticação, importa saber o que esteve por detrás da evolução dos cães, o que os fez transitar de animais selvagens para animais de estimação. Como temos vindo a dar notícia, não têm faltado pesquisas sobre a domesticação canina e a Dr.ª AMANDA PENDLETON, pesquisadora pós-doutorado do DEPARTAMENTO DE GENÉTICA HUMANA DO MICHIGAN, depois de rever alguns deles, apercebeu-se de algo incomum: que em alguns lugares o ADN dos cães modernos parece não corresponder ao ADN dos cães antigos.
Esta constatação levou PENDLETON e colegas a um estudo mais exaustivo para melhor entenderem o genoma do cão e serem capazes de responder a perguntas sobre a biologia genómica, evolução e doença. O último trabalho destes investigadores foi publicado na revista BMC BIOLOGY. Estes cientistas verificaram que nos estudos anteriores muitos dos genes eram apenas comuns aos cães de raça, que só apareceram há 300 anos e que constituem apenas 25% da diversidade canina encontrada em todo o mundo.
Como 75% dos cães, que estes cientistas designaram por “VILLAGE DOGS”, vagueiam livremente, acasalam sem interferência humana e procuram alimento junto das populações humanas mais próximas, para se ter uma ideia mais clara das verdadeiras mudanças genéticas na evolução canina, a equipa de PENDLETON estudou 43 cães de aldeia (rafeiros) em países como Portugal, Índia e Vietname. Depois compararam o ADN destes cães com o dos lobos e de cães antigos encontrados há 5.000 atrás.
A partir de modelos estatísticos, estes cientistas isolaram as alterações genéticas ligadas aos esforços iniciais de domesticação e identificaram os genes que acreditam estar envolvidos nela, descobrindo o que eles faziam, inclusive os específicos que influenciam a função, o desenvolvimento e o comportamento do cérebro. Tudo isto levou os pesquisadores a apoiar a hipótese da DOMESTICAÇÂO DA CRISTA NEURAL.
“A hipótese da crista neural postular os fenótipos dos animais domesticados repetidamente (orelhas caídas, alterações de mandíbula, coloração e mansidão), pode ser explicada por alterações genéticas que actuam num certo tipo de célula durante o desenvolvimento chamado neural, nomeadamente células de crista, que são incrivelmente importantes e contribuem para todos os tipos de tecidos adultos” – explicou PENDLETON.
Um gene em particular destacou-se: o RAI1. Estudos anteriores sugerem que ele se encontra ligado ao ritmo circadiano e ao sono, o que levou os cientistas a concluir que a alteração desse gene pode ajudar a explicar por que razão os cães domesticados são diurnos e não nocturnos como a maioria dos seus ancestrais lupinos. Nesta matéria ainda há muito por descobrir e todos os dias surgem novos contributos para o dissipar das nossas dúvidas. Aguardam-se novos desenvolvimentos.

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