Na próxima Quarta-feira,
dia 11 do corrente mês, o meu amigo PACO
vai deixar-me, depois de 15 dias entregue aos meus cuidados. Sei que irei ter
saudades dele (já as tenho hoje só de pensar que se vai embora), porque é único
e faz coisas que nunca tinha visto fazer a um cachorro Pastor Alemão com 5
meses de idade. São muitas as suas “proezas”, mas a melhor de todas é de
carregar água na boca e despejá-la depois no lugar onde se vai deitar.
Tem um bom impulso ao
alimento, uma máquina sensorial potente e afinada, é naturalmente bem-disposto
e curioso, gosta de correr atrás de pombos e dentro de casa é calmo, silencioso
e muito asseado. Com a sua chegada readquiri velhas rotinas de criação, passei
a levantar-me às 5 da manhã para o levar à rua e acostumei-me a trazer vários
saquinhos de plástico no bolso para apanhar os seus dejectos.
O camarada passou a fazer
parte da minha vida e eu da dele, tudo para que o seu bem-estar não seja
afectado e possa continuar a crescer alegre e sadio. As saídas higiénicas
acontecem quatro vezes ao dia, de dois em dois dias come um reforço de carne
com massa (que ele adora e não lhe tira o apetite pela ração) e todas as manhãs
vai correr com os seus dois irmãos, o CAPO e
a PRADA
no jardim que lhes pertence, chegando depois disso a casa invariavelmente
exausto.
Entretanto, procedi à
troca do peitoral pelo usual semi-estrangulador desde sempre em uso na ACENDURA.
O cachorro evolui hoje no “junto” de modo irreparável e tem estado a acostumar-se
ao buliço e às gentes da cidade, a levar de vencida suspeitas e medos infundados
que dificultavam a sua condução. Na rua dá conta de tudo, conseguindo sinalizar
estranhos mesmo antes de avistá-los, tanto de dia como de noite.
Como é bem comportado e
asseado não o encerro em nenhuma dependência da casa, política que o tem
transformado na minha sombra, já que não me larga nem um segundo e vai atrás de
mim para todo o lado. Depois de me apanhar a dormir, provavelmente alertado
pelo meu ressonar, entra no meu quarto e deita-se ao lado da cama, passando ali
a noite a dormir de pernas para o ar. Se porventura eu adormecer, o PACO lambe-me
os pés para me acordar, lembrando-me que já é hora de irmos para a rua, o que
por norma acontece por volta das 6 horas e meia da manhã.
Muito haveria para contar
sobre a nossa amizade, amizade que vai continuar nas lições que irei
ministrar-lhe. Eu não tenho a certeza, mas parece-me que o PACO rejuvenesceu-me,
trouxe-me saúde e um renovado apego a simples rotinas que há muito havia desleixado.
Quando ele se for embora, provavelmente andarei pela casa fora à sua procura
até que me acostume. Eu não sei como se diz “obrigado” na linguagem dos cães,
mas sei muito bem o que é do seu agrado e como fazê-lo feliz. De qualquer modo,
muito obrigado PACO!
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