É o que podemos concluir através
de um artigo publicado na REVISTA
NATURE, no passado dia 25 de Julho, cuja principal autora é ELINOR KARLSSON (na
foto seguinte), professora assistente de medicina molecular na Escola de Medicina
da Universidade de Massachusetts, que adianta ser a genética uma ferramenta
realmente poderosa e nova, mas como é realmente nova, ainda não compreendemos
todo o seu significado.
À parte disto, segundo é
adiantado e denunciado no artigo, a ciência por detrás do teste genético para cães
está atrasada, o que não impede que o seu mercado esteja a crescer. Em todo o
mundo, há pelo menos 19 laboratórios que comercializam testes genéticos para
cães, testes que geralmente custam menos de 200 dólares e que dizem revelar o
risco genético para mais de 100 doenças. Apesar do pouco que ainda se sabe sobre
esta matéria, “uma cadeia de hospitais veterinários dos Estados Unidos até
recomenda o teste genético para todos os cães, alegando que os testes podem
informar "cuidados de saúde individualizados" e orientar o treino
comportamental de cada cão” – afirmaram os autores.
KARLSSON e
os seus colegas dizem que para se desmembrar quais mutações ou combinações de
mutações podem levar a condições de saúde, é necessário realizar enormes
estudos de testes genéticos com a participação de dezenas de milhares de
animais, já que a maioria das pesquisas relacionadas com cães é até ao momento
baseada em pequenos e pouco abrangentes estudos. Por outro lado, e passo a
citar: “A maioria dos veterinários não sabe o suficiente sobre as limitações
dos estudos, ou sobre a genética em geral, para poder aconselhar os donos
preocupados".
Completando esta afirmação,
a mesma cientista deu o seguinte exemplo: “ um estudo genético pode descobrir
que cães com uma condição médica têm uma mutação genética específica . Mas o
próximo passo, que a maioria dos pesquisadores de canídeos ainda tem que fazer,
é conseguir um novo grupo de cães para testar quantos com a mutação vão
desenvolver a doença. Esse passo permitiria aos pesquisadores, com base nessa
mudança genética, prever que cães a contrairiam. Essa é a parte que estamos perdendo
e que é muito importante, caso queiramos usar os resultados clinicamente.”
Para melhorar o teste
genético para cães, os autores recomendaram várias etapas que podem ser
imediatamente implementadas, que incluem
a partilha de estudos sobre genética dos animais de companhia (neste momento, a
maioria dos estudos industriais são privados, o que significa que outros
investigadores não podem ler e avaliar os resultados) e treinar conselheiros
genéticos de animais de estimação que possam explicar os resultados dos testes
aos veterinários e aos donos de animais.
Entendem também estes
cientistas que a indústria deverá criar uma metodologia padrão para testar a
genética dos cães, delineando, entre outras coisas, como as amostras deverão
ser colectadas, enviadas e analisadas. Em simultâneo, os estudos sobre animais
de estimação deverão ter um determinado número de participantes, antes das
alegações serem feitas sobre os resultados. E, se porventura um gene é suspeito
de aumentar o risco de uma condição médica, a empresa deveria indicar, numa
escala de 1 a 5, quão grave é esse risco e o que a evidência diz acerca dele.
Os autores do artigo
terminam dizendo que os resultados dos actuais testes não são ainda conclusivos
para se proferir uma sentença de vida ou de morte dos animais, que servem
somente como indicadores e que “as comunidades científica e industrial precisam
de estabelecer alguns padrões básicos para garantir que sabemos o que os testes
realmente significam." O presente trabalho não poderia ser mais oportuno,
porque já havia por aí gente que abatia animais antes da manifestação ou
desenvolvimento duma possível doença, que poderiam contrair ou não, tudo com base em testes de ADN ao dispor
do consumidor.
Sem comentários:
Enviar um comentário