domingo, 29 de julho de 2018

AINDA NÃO É SEGURO NEM CONCLUSIVO TOMAR DECISÕES DE VIDA OU DE MORTE COM BASE EM TESTES DE ADN DOS ANIMAIS

É o que podemos concluir através de um artigo publicado na REVISTA NATURE, no passado dia 25 de Julho, cuja principal autora é ELINOR KARLSSON (na foto seguinte), professora assistente de medicina molecular na Escola de Medicina da Universidade de Massachusetts, que adianta ser a genética uma ferramenta realmente poderosa e nova, mas como é realmente nova, ainda não compreendemos todo o seu significado.
À parte disto, segundo é adiantado e denunciado no artigo, a ciência por detrás do teste genético para cães está atrasada, o que não impede que o seu mercado esteja a crescer. Em todo o mundo, há pelo menos 19 laboratórios que comercializam testes genéticos para cães, testes que geralmente custam menos de 200 dólares e que dizem revelar o risco genético para mais de 100 doenças. Apesar do pouco que ainda se sabe sobre esta matéria, “uma cadeia de hospitais veterinários dos Estados Unidos até recomenda o teste genético para todos os cães, alegando que os testes podem informar "cuidados de saúde individualizados" e orientar o treino comportamental de cada cão” – afirmaram os autores.
KARLSSON e os seus colegas dizem que para se desmembrar quais mutações ou combinações de mutações podem levar a condições de saúde, é necessário realizar enormes estudos de testes genéticos com a participação de dezenas de milhares de animais, já que a maioria das pesquisas relacionadas com cães é até ao momento baseada em pequenos e pouco abrangentes estudos. Por outro lado, e passo a citar: “A maioria dos veterinários não sabe o suficiente sobre as limitações dos estudos, ou sobre a genética em geral, para poder aconselhar os donos preocupados".
Completando esta afirmação, a mesma cientista deu o seguinte exemplo: “ um estudo genético pode descobrir que cães com uma condição médica têm uma mutação genética específica . Mas o próximo passo, que a maioria dos pesquisadores de canídeos ainda tem que fazer, é conseguir um novo grupo de cães para testar quantos com a mutação vão desenvolver a doença. Esse passo permitiria aos pesquisadores, com base nessa mudança genética, prever que cães a contrairiam. Essa é a parte que estamos perdendo e que é muito importante, caso queiramos usar os resultados clinicamente.”
Para melhorar o teste genético para cães, os autores recomendaram várias etapas que podem ser imediatamente  implementadas, que incluem a partilha de estudos sobre genética dos animais de companhia (neste momento, a maioria dos estudos industriais são privados, o que significa que outros investigadores não podem ler e avaliar os resultados) e treinar conselheiros genéticos de animais de estimação que possam explicar os resultados dos testes aos veterinários e aos donos de animais.
Entendem também estes cientistas que a indústria deverá criar uma metodologia padrão para testar a genética dos cães, delineando, entre outras coisas, como as amostras deverão ser colectadas, enviadas e analisadas. Em simultâneo, os estudos sobre animais de estimação deverão ter um determinado número de participantes, antes das alegações serem feitas sobre os resultados. E, se porventura um gene é suspeito de aumentar o risco de uma condição médica, a empresa deveria indicar, numa escala de 1 a 5, quão grave é esse risco e o que a evidência diz acerca dele.
Os autores do artigo terminam dizendo que os resultados dos actuais testes não são ainda conclusivos para se proferir uma sentença de vida ou de morte dos animais, que servem somente como indicadores e que “as comunidades científica e industrial precisam de estabelecer alguns padrões básicos para garantir que sabemos o que os testes realmente significam." O presente trabalho não poderia ser mais oportuno, porque já havia por aí gente que abatia animais antes da manifestação ou desenvolvimento duma possível doença, que poderiam contrair ou não, tudo com base em testes de ADN ao dispor do consumidor.

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