segunda-feira, 30 de julho de 2018

NÓS POR CÁ: O HÁBITO NÃO FAZ O MONGE

Muitos portugueses gostam de mexericos, sofrem de inveja e os media vão ao seu encontro, obrigando os restantes cidadãos a consultarem ou a assistirem aos noticiários internacionais. Acabado o “folhetim Bruno de Carvalho”, outro se levanta agora e parece que vai durar, o relativo a RICARDO ROBLES (na foto seguinte), deputado do BLOCO DE ESQUERDA, partido que juntamente com o PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS apoia o actual governo, popularmente alcunhado de "geringonça".
O destaque dado a Robles resulta do facto de se dizer contra a especulação imobiliária (que é voz corrente no seu partido) e de ter comprado com a sua irmã um prédio à Segurança Social em Alfama, em 2014 (na foto abaixo), de frente para o Museu do fado, num montante de 347.000 € (que grande negócio fez o Estado!), quantia que os obrigou a contrair dois empréstimos à banca, respectivamente à CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS e ao MONTEPIO GERAL.
Depois das obras de requalificação que os dois irmãos empreenderam, no valor de 650.000 €, o imóvel está agora a ser vendido por uma imobiliária de luxo, ao preço de 5.700 000 € (cinco milhões e setecentos mil euros), negócio que não se coaduna em absoluto com as declarações do co-proprietário do prédio, enquanto político de esquerda quando diz que “ lamenta que o problema da habitação em Lisboa se esteja a agravar”, que “Os preços continuam a aumentar brutalmente e isto está a criar uma crise social. Encontrar casa, seja para arrendar seja para compra, apesar de o crédito para a habitação estar mais acessível, continua a ser proibitivo" e “Esta é uma cidade cada vez mais para ricos e menos para lisboetas e para quem quer viver na cidade, para trabalhar, morar, estudar."
Nada disto me espanta, porque há muito sei que o hábito não faz o monge, que em todos os partidos há gente pior do que outra e que raros são os políticos, sejam eles de esquerda, do centro ou da direita, que tendo oportunidade para “deitar a mão à massa”, não o farão ou não mentirão para “chegar ao poleiro”. No meio de tudo isto, o movimento do “SACO AZUL(1) do GES, de Portugal para a Suíça, num montante de 3 200 000 000 €, ocorrido entre 2006 e 2014, não mereceu o devido destaque e acabou por passar despercebido!
Ser dum partido político é prometer ao povo o que ele quer e não ter ideia de o cumprir, por se haver comprometido anteriormente com outros que aceitaram e promoveram a sua ascensão. Dito isto, não faltam por cá “CONDES DE ABRANHOS(2). Entretanto, o folclore continua lá para os lados do PALÁCIO DE BELÉM, porque hoje DOM MARCELO I, o popular, recebe a SELECÇÃO PORTUGUESA DE FUTEBOL SUB-19, sagrada campeã europeia na Finlândia, num jogo frente à sua congénere italiana. Será que a época do “fado é que instrói e o futebol é que induca” nunca mais acaba? Infelizmente, a maioria destes jovens campeões, tal como aconteceu com outros que os antecederam, saltará de empréstimo em empréstimo e de clube em clube até passarem ao anonimato, por via dos bons negócios que as SAD’S(3) são obrigadas a fazer.
Como parece que um onda de calor se aproxima, com temperaturas acima dos 40º celsius, resta-nos pedir à Virgem de Fátima que nos livre dos incêndios, faça com que a rede do SIRESP(4) funcione e que os helicópteros Kamov consigam descolar. Por via das dúvidas, é melhor dar também uma palavrinha a Santa Bárbara, para que nos mande chuva em caso de necessidade, porque nestas coisas da desgraça só a Divina Providência nos pode valer!

(1)SACO AZUL corresponde a fundos não declarados na contabilidade oficial de uma empresa com o objectivo de fugir ao fisco e/ou de pagar subornos. É sinónimo de contas clandestinas (caixa 2 ou caixa b são outros sinónimos) que apenas são do conhecimento de um círculo restrito de pessoas. Contudo, e como explica o Ciberdúvidas, este termo nem sempre teve esta conotação pejorativa. (2) “O CONDE DE ABRANHOS” é uma obra póstuma do grande escritor português Eça de Queiroz, que narra e satiriza uma figura do constitucionalismo, Alípio Abranhos. (3) Sociedades Anónimas Desportivas que permitem constituir um tipo de sociedade, sob a forma de sociedade anónima, cujo objecto é a participação numa modalidade em competições desportivas de carácter profissional, a promoção e organização de espectáculos desportivos e o fomento ou desenvolvimento de actividades relacionadas com a prática desportiva profissionalizada dessa modalidade. (4) Operadora de comunicações da Rede Nacional de Emergência e Segurança resultante da parceria público-privada promovida pelo Ministério da Administração Interna, que segundo tudo indica não funcionou em pleno nos incêndios ocorridos no ano passado em Pedrogão Grande.

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