quinta-feira, 26 de julho de 2018

DEIXEM-ME CONTAR-VOS ALGO QUE SÓ ACONTECE AOS OUTROS

Determinada família, relativamente abastada e com múltiplos afazeres, a viver numa extensa moradia isolada, decidiu contratar um empregado para lhe valer na manutenção daquele espaço e acorrer a alguns recados. A escolha recaiu sobre um amigo de infância do dono da casa, mais por comiseração do que por outra coisa qualquer, um homem a chegar à meia-idade, vindo de contínua vida errante e sem nada de seu, contudo sério, disponível, prestável, pontual e próprio para qualquer biscate, apesar de carecer de maturidade, de se armar em rico, ser vingativo e de beber que nem um cacho, exactamente como aqueles alcoólicos que tremem desvairados quando a bebida lhes falta.
Entretanto a família decidiu adquirir vários cães, disposta a juntar o útil ao agradável, a usufruir simultaneamente da sua companhia e protecção. Os animais deram entrada naquela casa com 2 meses de idade, foram ali criados e ali cresceram. Bem cedo começaram a ser treinados e as expectativas dos donos não saíram goradas, já que não demoraram a denunciar as suas aptidões, dando inclusive sinal de tudo quanto se movia. Apesar de lhe ter sido dito para não se relacionar com os cachorros e muito menos dar-lhes ordens, o empregado, entendia que o devia fazer e ignorava o que lhe era dito, chegando a assustá-los com a mangueira de água do jardim ou a agarrá-los indevidamente para transportá-los de um lado para o outro, acompanhado pelo gemido dos animais, actos aparentemente sem grande importância ou gravidade, mas que pouco a pouco foram cimentando o domínio do homem sobre aqueles cães.
A certa altura, quando o álcool o tornou menos responsável e notoriamente mais desagradável, o dono da casa despediu o empregado, que jurou para si mesmo vingar-se. Nos poucos momentos sóbrios que tinha, o homem ia planeando como prejudicar afincadamente o seu ex-patrão. Optou por fazê-lo de noite e a altas horas, pois o dono da casa trabalhava no seu escritório até bastante tarde. Segundo pensou, assim o fez! Entrou naquela moradia, foi-se aos carros, furou-lhes todos os pneus e pintou-os com um spray escarlate, desconectou o gás da habitação e deixou-o fluir livremente, avançando depois para a piscina, onde brutal e aleivosamente destruiu o seus sistema de manutenção, pondo-se depois ao fresco, na maior das calmas, e os cães... nem piaram, apesar de serem muitos! No meio disto tudo, ainda bem que o ébrio desistiu da ideia de raptar o filho menor daquela família e doutras ideias malucas que envolviam armas de fogo, uma vez que há gente capaz de tudo e o álcool não é o melhor dos conselheiros!
Convém relembrar que temos somente seguro contra roubos, não contra ladrões e que uma das maneiras mais efectivas de dar-lhes caça é pôr-lhes os cães à perna ou onde calhar, quando a nossa vida e a dos nossos estiver em risco. MORAL DA HISTÓRIA: Não devemos despedir os maus empregados? Nada disso! Devemos é impedir, por todos os meios ao nosso alcance, que subordinem de alguma forma os nossos cães e, este conselho, destina-se ao dia de ontem!
PS: Esta história é fictícia e não se reporta a uma pessoa(s) ou situação concreta, apesar de se repetir amiúde por toda a parte.

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