quarta-feira, 18 de julho de 2018

ENCONTREI UM SACO DE PLÁSTICO NO BOLSO…

Tal como havia suspeitado no texto “O MEU AMIGO PACO E EU”, editado no dia 7 deste mês, estou com saudades daquele pequeno cão, hoje agravadas por ter encontrado um saco de plástico no bolso das calças do meu fato de treino, acessório que usava quando saía com ele à rua para apanhar os seus dejectos. Ao sentir o saco na minha mão, a saudade bateu-me à porta e por momentos senti-me mais só. E como a tristeza só serve de inspiração para os poetas e para os fadistas, decidido a eliminá-la quanto antes, afaguei o BLACK, um CPA de 4 anos que vive comigo há mais de 2 anos e que só agora se entende comigo às mil maravilhas.
Por várias razões, entre elas a idade, lembro-me mais depressa de factos ocorridos há décadas atrás do que os acontecidos recentemente, relembrando inclusive episódios da minha infância que julgava não ter memória, como o ocorrido no dia em que fui apresentado ao Director de um colégio interno para onde fui enviado, homem pouco tolerante que me descarregou um “par de galhetas” quando lhe disse que queria ser “engenheiro de obras feitas”, depois de me haver perguntado o que queria ser quando fosse grande, resposta que me foi aconselhada pelos residentes mais velhos daquele internato.
Lembro-me esporadicamente das idas à missa com uma das minhas tias, a quem diziam ser eu muito bonito (hoje detesto olhar para o espelho), ao que ela respondia “que tinha tanto de bom como de mau; tanto de anjo como de demónio”. Agora, alguém muito próximo de mim, pessoa que mui dificilmente dispensarei a sua companhia, sai-se com esta: “com o potencial que tens, poderias ser tudo o que quisesses e logo te foste apaixonar pelos cães”.
Não posso negar que gosto imenso de cães, que continuo a informar-me e a debruçar-me sobre tudo o que lhes diz respeito, estudando horas infindas para melhor os conhecer e compreender, não para os divinizar ou colocá-los acima ou no lugar das pessoas, mas para melhor valer ao meu semelhante sem atropelar o bem-estar do extraordinário animal que o acompanha. O adestramento é o meu veículo social preferencial para alcançar quem necessita de ajuda e os cães a melhor das minhas ferramentas, auxiliares preciosos que irradiam felicidade, paz e alegria.
Não obstante, apesar de ser um ser social, não deixo de ser um indivíduo e hoje senti falta do Paco, fraqueza que me robustece para continuar a valer aos demais. Quanto à idade, que não pára de surpreender-nos por ser traiçoeira, primeiro obriga-nos a levar tudo a peito, depois a rirmo-nos de nós mesmos e finalmente a esperar a compreensão ou a piedade alheias. E quando atingimos este seu terceiro estágio, é melhor ajudar do que ser ajudado, isto se não quisermos também uma ajudinha para o caixão. Como diz o outro: “vamos à vida que a morte é certa!”

Sem comentários:

Enviar um comentário