quinta-feira, 12 de julho de 2018

O MUNDO À NOSSA VOLTA: RONALDO E O SINDICATO DOS TRABALHADORES DA FIAT

Penso que as estações de televisão portuguesas no geral, inclusive a estatal, produzem cada vez mais programas de menor qualidade a avaliar pela sua forma e conteúdo, facto que estranho mas que se compreende face à necessidade imperiosa que todas têm de alcançarem maiores audiências (há que ir ao encontro do populacho). Assim, chovem programas de música pimba com as costumeiras meninas despudoradas, gordas e com pouca roupa, apresentadores do tipo “avantesma” (alguns acham que têm muita graça), jornalistas a dar calinadas na gramática, programas feitos à custa de quem neles participa, rubricas para alimentar a bisbilhotice e as inevitáveis telenovelas, onde se vendem valores que mais atentam contra as já frágeis famílias portuguesas. E quando nada disto resulta ou não sobra qualquer novidade, levamos com o futebol de manhã à noite, não sendo por isso de estranhar que a notícia da transferência de CRISTIANO RONALDO, do Real Madrid para a Juventus, mereça comentários infindos e ocupe grande parte dos telejornais dias a fio.
O assunto alcança novos desenvolvimentos todos os dias e agora entra em cena o SINDICATO dos trabalhadores da FIAT (Unione Sindacale di Base), marca automóvel que é um dos patrocinadores da JUVENTUS, que anunciou terem os seus trabalhadores convocado uma greve por causa da transferência de Cristiano Ronaldo para a Juventus, devido aos valores envolvidos na operação agilizada pela fabricante de automóveis (105 milhões de euros). A greve, marcada para a fábrica de Melfi, acontecerá entre as 22 horas do próximo Domingo e as 18 horas de Terça-feira, dia 17 de Julho, quiçá também para facilitar a ida de alguns trabalhadores à apresentação do craque português.
No dizer do citado sindicato “ Não é aceitável que os trabalhadores continuem a fazer enormes sacrifícios económicos, enquanto a companhia gasta milhões de euros num jogador. Eles dizem às famílias para apertarem cada vez mais o cinto e eles decidem investir tanto dinheiro num jogador. Acham isso justo? É normal uma pessoa ganhar milhões, enquanto milhares de famílias a meio do mês já não têm quase dinheiro? Somos todos empregados como o dono e esta diferença de tratamento não pode continuar. Os trabalhadores da FIAT deram uma fortuna aos patrões nas últimas três gerações, mas em compensação foram compensados com uma vida de miséria. A FIAT deveria investir em novos modelos que garantem o futuro de milhares de pessoas, do que enriquecerem apenas uma pessoa. Esse é que deveria ser o objectivo. A companhia deveria colocar os interesses dos seus empregados em primeiro lugar. Se isso não acontece, é porque eles preferem o mundo do futebol, entretenimento do que tudo o resto (…).”
A preposição deste sindicato dá que pensar, muito embora os seus argumentos não sejam os mais válidos, parecendo tirados na íntegra dos escritos marxistas da segunda metade do século XIX (Ex: “A companhia deveria colocar os interesses dos seus empregados em primeiro lugar”). Infelizmente, as empresas para sobreviverem, precisam de ser competitivas e como tal baixar os custos na produção. A ida do jogador madeirense, considerado como o MELHOR DO MUNDO, é um investimento à partida promissor para a Juventus e quiçá para a própria Fiat. 
Só Andrea Agnelli, Presidente da Juventus, que ninguém tem por tolo, saberá o que tem em mente, uma vez que a marca CR7 é uma marca que vende e muito (a prová-lo esteve a subida das acções da Juventus quando foi anunciada a transferência de Ronaldo para a VECCHIA SIGNORA).
O futebol, à imagem do CIRCO ROMANO e até dos modernos JOGOS OLÍMPICOS, é acima de tudo um negócio que apaixonadamente atrai multidões, uma máquina poderosa para se alcançar influência, poder e fortuna, onde debicam políticos ambiciosos, empresários gananciosos e vaidosos inveterados - gente carente de poleiro. E as massas, permitam-me agora usar também uma linguagem marxista, se for preciso, digladiam-se até à morte numa guerra alheia sustentada pelo tribalismo que não as larga. O futebol não é um mero jogo e mesmo que o fosse, há quem nem a feijões goste de perder. 
A humanidade, que continua a ser criminosa, parece não dispensar o sangue e a contenda, levando a peito coisas sem nenhum interesse. Particularmente, porque não nasci para cão de fila, o que mais gosto no futebol são as flash interview após as partidas, quando treinadores e jogadores são convidados a pronunciar-se sobre os jogos, pois ali se revela a essência de quem faz o futebol. Poucos sabem quanto lamento a partida do Treinador Jorge Jesus para a Arábia Saudita, também ele um verdadeiro “homem das Arábias” que muito me divertia!

Sem comentários:

Enviar um comentário