Portugal foi corrido do
Mundial de Futebol e bem, facto que apenas surpreendeu quem sempre espera
milagres ou pensa que a sorte nunca acaba. O nosso seleccionador nacional, para
quem a defesa é o melhor ataque, foi campeão europeu sem saber ler nem escrever
e não voltará a sê-lo por mais tempo que durar (desejo-lhe longa vida, mas não
à frente dos destinos da Selecção Nacional). Não é este senhor que joga a bola,
mas é ele que impede os jogadores de o fazerem acertadamente, porque a meu ver
desconsidera o seu potencial e pede-lhes o que não têm para dar, ao pedir-lhes
grande solidez defensiva, como se tivessem os mesmos índices de envergadura de
outros, em detrimento da sua irreverência e habilidade natural, o que tem tornado
sofríveis as exibições da Selecção e o sofrimento em palavra de ordem
(sofrimento para quem joga e para quem asiste aos jogos).
Cristiano Ronaldo já não é
o que era (nem podia ser) e isso ficou patente neste Mundial, porque já não consegue e nem pode
resolver sozinho todos os jogos que é obrigado a enfrentar, não aguenta mais do
que um ou dois sprints por partida e continua a ser marcado eficazmente. Factos
que nada abonam em favor da nossa Selecção, sabendo-se de antemão que é
Ronaldo-dependente, o que sempre me pareceu um tremendo disparate, porque basta
que ele não esteja bem para a equipa entrar em profunda agonia. Verdade seja
dita: a nossa equipa nacional não tinha, na cabeça do seu seleccionador,
qualquer opção, “um bem-vindo Plano B”, que conseguisse dispensar o contributo
de Ronaldo e o resultado disso saltou à vista.
Por outro lado, alguns dos
jogadores seleccionados andaram à procura de um pé porque o outro era cego, o
que em alta competição não é admissível, tão inadmissível como um guarda-redes
não saber jogar com os pés, pormenor que apenas culpabiliza Fernando Santos por
havê-los seleccionado, já que o erro vem dos clubes nacionais, sempre à brocha
com pesados passivos e carentes de vender jogadores, de acordo com o velho e
ortodoxo hábito do “desenrascanço” que teima em se ir embora.
Apesar de praticamente só
assistir aos jogos da Selecção Nacional, porque a nossa I Liga tresanda a
máfia, não tenho sido poupado aos comentários pouco apropriados dos jornalistas
desportivos, alguns já com idade de não ser levados em conta, mercê das
asneiras que sempre disseram e do estatuto que indevidamente alcançaram, os
mesmos das outrora “vitórias morais”, do mau tempo que só afectava as equipas
nacionais e dos “30 metros que faltavam ao futebol português”. Esta gente, com
o poder que lhe é reconhecido, fez escola, está a perpetuar disparates (vários
complexos de inferioridade) e a entravar esta modalidade desportiva tão ao
gosto dos portugueses, graças à subjectividade e ao clientelismo que obstam à
crítica necessária.
Todos sabemos que o
jogador português, como de resto o espanhol e o sul-americano, vale pela sua
excepcional qualidade técnica e pela vantagem que alcança nos duelos de 1 para
1, mais-valias que o tornam difícil de travar e que deverão possibilitar-lhe a
entrada pela grande área das equipas adversárias, que para o travar terão que o
deixar passar ou então cometer falta. Mas não foi isso que vimos fazer à nossa
Selecção neste Mundial, apesar da muita habilidade da maioria dos seus jogadores,
que apenas contornou as defesas adversárias e viu-se obrigada a jogar para trás
ou a lateralizar à falta de melhores soluções, como se estivesse a jogar
andebol sem remates em suspensão.
Sim, para os portugueses a
melhor defesa é o ataque e temos por cá muita gente capaz disso! Porque ganham
os jogadores de futebol rios de dinheiro? Quem não quer ser lobo, não lhe veste
a pele e isto percisa de ser-lhes dito, para que ganhem ousadia, sejam melhores
profissionais e melhor representem as cores nacionais. E se é para apanhar
pancada, melhor é apanhá-la na procura dos golos do que sofrê-la a empastelar a
progressão das equipas adversárias, como vimos fazer primeiro em França e
recentemente na Rússia.
Na guerra e na paz, em
qualquer serviço ou trabalho, quem não cumpre com os objectivos ou é despromovido
ou vai para a rua! Qual era o objectivo da Equipa Nacional para este Mundial? A
esperança? Até onde vai “o mais longe possível”? Apesar de exigível, pois não
estamos a falar de turismo, ninguém exigiu ao Seleccionador Nacional e aos seus
jogadores que ganhassem a competição, pelo que todos cumpriram cabalmente o seu
objectivo: nenhum! E quando os objectivos não são claros, muito menos serão as
suas metas! Diante deste panorama a Federação Nacional de Futebol é uma mera
esbanjadora de riqueza e o apoio que mereceu por parte dos políticos é vergonhoso,
já que deveria ser o Governo o primeiro a exigir-lhe responsabilidades. Será
que o dinheiro dos contribuintes não entrou nesta paródia? Foi Deus que nos
condenou à derrota ou será este o nosso fado?
À imitação de um ex-Presidente
dum clube de futebol, que tem agora mais tempo para a sua filhinha recém-nascida,
também o neto de Fernando Santos deveria ter todo o tempo do mundo para gozar
da companhia do seu avô, que a meu ver deveria demitir-se do cargo, atendendo ao
término do seu ciclo (que não tem mais nada para dar), à necessidade de mudança na
Selecção Nacional e à exorbitância do que ganha face ao número crescente de
portugueses no limiar da pobreza. Eu não entendo muito de futebol, sou o que na
gíria se diz “um treinador de sofá”, mas face ao que vejo e oiço, não me inibo
em manifestar a minha discórdia e em adiantar a minha opinião.
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