segunda-feira, 2 de julho de 2018

NÓS POR CÁ: NEM A VIRGEM APARECEU, NEM A SORTE NOS SORRIU

Portugal foi corrido do Mundial de Futebol e bem, facto que apenas surpreendeu quem sempre espera milagres ou pensa que a sorte nunca acaba. O nosso seleccionador nacional, para quem a defesa é o melhor ataque, foi campeão europeu sem saber ler nem escrever e não voltará a sê-lo por mais tempo que durar (desejo-lhe longa vida, mas não à frente dos destinos da Selecção Nacional). Não é este senhor que joga a bola, mas é ele que impede os jogadores de o fazerem acertadamente, porque a meu ver desconsidera o seu potencial e pede-lhes o que não têm para dar, ao pedir-lhes grande solidez defensiva, como se tivessem os mesmos índices de envergadura de outros, em detrimento da sua irreverência e habilidade natural, o que tem tornado sofríveis as exibições da Selecção e o sofrimento em palavra de ordem (sofrimento para quem joga e para quem asiste aos jogos).
Cristiano Ronaldo já não é o que era (nem podia ser) e isso ficou patente neste Mundial, porque já não consegue e nem pode resolver sozinho todos os jogos que é obrigado a enfrentar, não aguenta mais do que um ou dois sprints por partida e continua a ser marcado eficazmente. Factos que nada abonam em favor da nossa Selecção, sabendo-se de antemão que é Ronaldo-dependente, o que sempre me pareceu um tremendo disparate, porque basta que ele não esteja bem para a equipa entrar em profunda agonia. Verdade seja dita: a nossa equipa nacional não tinha, na cabeça do seu seleccionador, qualquer opção, “um bem-vindo Plano B”, que conseguisse dispensar o contributo de Ronaldo e o resultado disso saltou à vista.
Por outro lado, alguns dos jogadores seleccionados andaram à procura de um pé porque o outro era cego, o que em alta competição não é admissível, tão inadmissível como um guarda-redes não saber jogar com os pés, pormenor que apenas culpabiliza Fernando Santos por havê-los seleccionado, já que o erro vem dos clubes nacionais, sempre à brocha com pesados passivos e carentes de vender jogadores, de acordo com o velho e ortodoxo hábito do “desenrascanço” que teima em se ir embora.
Apesar de praticamente só assistir aos jogos da Selecção Nacional, porque a nossa I Liga tresanda a máfia, não tenho sido poupado aos comentários pouco apropriados dos jornalistas desportivos, alguns já com idade de não ser levados em conta, mercê das asneiras que sempre disseram e do estatuto que indevidamente alcançaram, os mesmos das outrora “vitórias morais”, do mau tempo que só afectava as equipas nacionais e dos “30 metros que faltavam ao futebol português”. Esta gente, com o poder que lhe é reconhecido, fez escola, está a perpetuar disparates (vários complexos de inferioridade) e a entravar esta modalidade desportiva tão ao gosto dos portugueses, graças à subjectividade e ao clientelismo que obstam à crítica necessária.
Todos sabemos que o jogador português, como de resto o espanhol e o sul-americano, vale pela sua excepcional qualidade técnica e pela vantagem que alcança nos duelos de 1 para 1, mais-valias que o tornam difícil de travar e que deverão possibilitar-lhe a entrada pela grande área das equipas adversárias, que para o travar terão que o deixar passar ou então cometer falta. Mas não foi isso que vimos fazer à nossa Selecção neste Mundial, apesar da muita habilidade da maioria dos seus jogadores, que apenas contornou as defesas adversárias e viu-se obrigada a jogar para trás ou a lateralizar à falta de melhores soluções, como se estivesse a jogar andebol sem remates em suspensão. 
Sim, para os portugueses a melhor defesa é o ataque e temos por cá muita gente capaz disso! Porque ganham os jogadores de futebol rios de dinheiro? Quem não quer ser lobo, não lhe veste a pele e isto percisa de ser-lhes dito, para que ganhem ousadia, sejam melhores profissionais e melhor representem as cores nacionais. E se é para apanhar pancada, melhor é apanhá-la na procura dos golos do que sofrê-la a empastelar a progressão das equipas adversárias, como vimos fazer primeiro em França e recentemente na Rússia.
Na guerra e na paz, em qualquer serviço ou trabalho, quem não cumpre com os objectivos ou é despromovido ou vai para a rua! Qual era o objectivo da Equipa Nacional para este Mundial? A esperança? Até onde vai “o mais longe possível”? Apesar de exigível, pois não estamos a falar de turismo, ninguém exigiu ao Seleccionador Nacional e aos seus jogadores que ganhassem a competição, pelo que todos cumpriram cabalmente o seu objectivo: nenhum! E quando os objectivos não são claros, muito menos serão as suas metas! Diante deste panorama a Federação Nacional de Futebol é uma mera esbanjadora de riqueza e o apoio que mereceu por parte dos políticos é vergonhoso, já que deveria ser o Governo o primeiro a exigir-lhe responsabilidades. Será que o dinheiro dos contribuintes não entrou nesta paródia? Foi Deus que nos condenou à derrota ou será este o nosso fado?
À imitação de um ex-Presidente dum clube de futebol, que tem agora mais tempo para a sua filhinha recém-nascida, também o neto de Fernando Santos deveria ter todo o tempo do mundo para gozar da companhia do seu avô, que a meu ver deveria demitir-se do cargo, atendendo ao término do seu ciclo (que não tem mais nada para dar), à necessidade de mudança na Selecção Nacional e à exorbitância do que ganha face ao número crescente de portugueses no limiar da pobreza. Eu não entendo muito de futebol, sou o que na gíria se diz “um treinador de sofá”, mas face ao que vejo e oiço, não me inibo em manifestar a minha discórdia e em adiantar a minha opinião.

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