segunda-feira, 30 de julho de 2018

A ORIGEM DOS CÃES DE GUERRA AMERICANOS

Contrariamente ao que se julga, antes da II GUERRA MUNDIAL os Estados Unidos não tinham qualquer esquadrão ou companhia cinotécnica, muito embora já tivessem usado cães como mascotes ou para qualquer outra capacidade não oficial. O aproveitamento dos cães aconteceu em JANEIRO DE 1942, obra de alguns membros do AMERICAN KENNEL CLUB e de outros entusiastas caninos, que formaram uma organização civil denominada de DOGS FOR DEFENSE, com o objectivo de treinar cães-sentinelas para o exército ao longo da costa dos Estados Unidos.
Ao tomar conhecimento daquela organização e do seu esforço, o Ten.Cor. CLIFFORD C. SMITH, chefe da Divisão de Protecção de Plantas da Divisão de Inspecção do Quartel-General, sugeriu ao seu Comandante que o exército passasse a usar aqueles cães-sentinela nos depósitos de suprimentos, sugestão que foi aceite (Março de 1942) e que originou um programa experimental com sucesso, levando o QUARTERMASTER CORPS em Agosto do mesmo ano a estabelecer centro de treinos para cães de guerra em Front Royal, VA; Fort Robinson, NE; Ilha do Gato (Gulfport), MS; Camp Rimini (Helena), MT; e San Carlos. Sobre a formação de cães na Ilha do Gato já editamos um artigo intitulado: “O SEGREDO DE CAT ISLAND: VARRER O JAPÃO À DENTADA!”, editado em 21/11/2014.
O K-9 CORPS aceitou treinar inicialmente 32 raças caninas, mas dois anos depois já havia reduzido essa lista a sete, sendo elas: Pastor Alemão; Doberman; Pastor Belga; Husky Siberiano; Collie; Cão de Esquimó e Malamute do Alasca. Os responsáveis pela DOGS FOR DEFENSE entregaram para o efeito ao exército cerca de 18.000 cães e quase 8.000 foram dispensados (44,4%) após os testes realizados nos centros. As razões que presidiram à dispensa destes animais foram: “excitabilidade quando sujeitos a ruídos e a tiros, doenças, falta de olfacto e temperamento inadequado”.
O QUARTERMASTER CORPS treinou tratadores e cães segundo o MANUAL TÉCNICO 10-396 de 01 de Julho de 1943, que delineava a doutrina a ser observada no treino. A sua duração normal ia de 8 a 12 semanas. Os cães passavam primeiro por algo a que poderia chamar-se “treino básico”, altura em que se acostumavam à vida nas forças armadas. Depois eram recrutados para um programa de treino especializado que os capacitava como cães mensageiros, de sentinela e de patrulha.
Em Março de 1944 formaram-se pelotões de Cães de Guerra para ajudar as forças militares americanas nas operações ofensivas na Europa e no Pacífico, servindo 7 no Velho Continente e 8 no Pacífico. Graças à prestação destes cães, os japoneses nunca conseguiram emboscar uma patrulha norte-americana liderada por um deles. Entendeu o QUARTERMASTER CORPS treinar também cães para detectarem baixas no campo de batalha, sendo os cães testados pela primeira vez em CARLISLE BARRACKS, em 04 DE MAIO DE 1944. O programa viria a ser abandonado porque os cães não conseguiam fazer distinção entre homens não feridos, feridos e mortos (se fosse hoje sabiam como, porque já temos cães detectores de cadáveres).
Depois da II Guerra Mundial, o CORPO DA POLÍCIA MILITAR assumiu a responsabilidade de treinar os cães militares, que continuaram e continuam a servir com distinção noutros conflitos. Calcula-se que o Exército Norte-americano mobilizou 1.500 cães para a GUERRA DA COREIA e 4.000 na GUERRA DO VIETNAME. A coragem e lealdade destes cães continuam a salvar vidas  e a evitar baixas desde a criação do CORPO K-9, como ainda recentemente o fizeram no IRAQUE e no AFEGANISTÃO.

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