terça-feira, 17 de julho de 2018

COMER PARA MORRER

Decididamente os fabricantes de rações para cães não olham a meios para enriquecerem, produzindo inclusive algumas com alimentos “sem grão”, à base de ervilhas, lentilhas, batata  outras leguminosas e seus derivados de proteína, amido e fibras como principais ingredientes, alimentos que todos sabemos serem nocivos para os nossos amigos de quatro patas. Como resultado desta ganância e abuso, cães sujeitos a estas dietas e de raças não susceptíveis à doença, parecem padecer agora de CARDIOMIOPATIA DILATADA CANINA (DCM), uma doença cardíaca responsável pelo aumento do coração que então se esforça para funcionar correctamente. Os sintomas da doença incluem letargia, perda de peso e por vezes até tosse.
A FDA (FOOD AND DOG ADMINISTRATION), autoridade federal norte-americana executiva pertencente ao Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, a quem também cabe a fiscalização da comida para animais, tem sérias suspeitas que o aumento desta doença em cães se deva a uma nutrição imprópria e deficiente do tipo atrás descrito, investigando ao momento o potencial elo entre a DCM e essas rações.
A situação é muito estranha e a FDA não nomeia marcas porque considera os ingredientes mais importantes. Ainda que raças como o Grand Danois, o Terra Nova, o Boxer, o Doberman e o São Bernardo tenham uma predisposição genética para o problema, o mesmo não acontece com Labradores, Whippets, Shi Tzus, Schnauzers miniatura e rafeiros, animais em quem ultimamente foi detectada a doença. Assim, esta agência norte-americana está a encorajar os proprietários caninos e os veterinários a relatar os casos de DCM em cães sem predisposição para a doença. O problema não pode ser encarado de ânimo leve, porque a doença poderá evoluir para uma insuficiência congestiva que poderá ser fatal. Os relatos deverão ser feitos através do link do Portal de Relatório de Segurança electrónico ou directamente para os Coordenadores de Reclamações dos Consumidores da FDA.
A mesma agência aconselha os proprietários caninos a consultarem os veterinários antes de alterarem as dietas dos seus cães, em particular os que têm cães que sofrem de DCM, já que uma dieta deficiente em TAURINA é uma explicação potencial. A TAURINA é um aminoácido – um bloco de construção de proteínas – essencial para os carnívoros e a sua insuficiência tem sido amplamente comprovada como concorrente à DCM.
Não fora a santa legislação europeia que nos protege e que tantos abusos tem evitado, há muito que os casos de DCM teriam aumentado em Portugal. E como mais vale prevenir do que remediar, há que ler os rótulos das rações antes da sua distribuição, muito embora o rótulo diga uma coisa e o saco possa trazer outra, trapaça também extensível aos alimentos para os humanos. Na dúvida, vale a pena mandar analisar a ração e há já quem o tenha feito através do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. Perante tamanha safadeza, lamenta-se que os cães não possam transitar automaticamente para porcos.

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