Como
“vamos lá falar de disparates” é uma frase acutilante e a toada dominante é
hoje mais doce, podemos trocá-la por “aquilo que não devemos fazer”, que é o
objectivo deste artigo, rubrica assente sobre uma história real do nosso quotidiano
tantas vezes repetida. Determinado cavalheiro decidiu comprar um cachorro
Pastor Alemão para oferecer à sua esposa, senhora que muito estima e que há
pouco tempo havia sepultado o seu velho cão, também ele um Pastor Alemão.
Interessados numa variedade cromática particular, deslocaram-se ao Sul do País,
onde acabaram por comprar um cachorro com essa característica, trazendo-o de
imediato para casa.
Encantada
com a fragilidade e graciosidade do cachorro, que de alguma forma lhe fazia
lembrar o cão falecido, a senhora foi-lhe tolerando toda a sorte de tropelias, ao
ponto de não conseguir sair com ele à rua, por se ter auto dispensado do
exercício da obediência. Devido à dificuldade que criou, viu-se obrigada a
contratar uma pessoa para levar o cão a passear, um brasileiro alcunhado de “avô”,
que entre outras tarefas, se prestava a trabalhar na construção civil, sendo
colher para toda a obra como qualquer trabalhador não-qualificado. O homem
aceitou o biscate e passou a sair diariamente com o animal. Como não entendia
nada de cães, nem tampouco como pegar numa trela, deixava o Pastor Alemão
rebocá-lo, não o contrariava quando intentava atacar os outros cães, consentia
que amarinhasse sobre os transeuntes, deixava-o cheirar os caixotes do lixo,
abocanhar restos de comida e permitia-lhe que farejasse, urinasse e defecasse à
vontade ao longo dos trajectos. Tornado assim mais incontrolável e alcunhado de
“maluco”, o cão foi recambiado para um monte alentejano, onde foi solto e nunca
mais viu uma trela, tendo como companhia um cão doutra raça, uma vara de porcos
Landrace Alemão e outros animais.
Quem será mais insano: a dona ou cão? A resposta
é óbvia, porque nenhum cão nasce com um kit de obediência e todos carecem de
regras para melhor se adaptarem, quer sejam bravos ou mansos. Um cão é uma
prenda que exige cuidado e trabalho, que gera algum incómodo e reclama por alguma
(muita) disponibilidade. Correndo o risco de nos repetirmos, dizemos: “quem não
tempo para um cão, não o perca a adquiri-lo”. Daqui aconselhamos os nossos
leitores a não incorrerem neste disparate e a dirigirem-se a uma escola canina,
onde certamente serão elucidados e ajudados na educação dos seus cães. Para
além disso, sendo esta a verdadeira razão de ser deste blogue, sempre estaremos
à disposição de quem nos procurar, quer necessite de esclarecimento, conselho
ou ajuda.
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