Enquanto não se implementar
aqui uma solução “à finlandesa”, a política pouco nos importa, apesar dos
políticos nos causarem sérios amargos de boca, o que não nos pode deixar
totalmente indiferentes, porque nos encontramos cativos às suas “magnânimas”
decisões. No relógio de cuco que é a “Sic Notícias”, que repete de hora a hora
sensivelmente as mesmas, ouvimos por casualidade os resultados da votação do
último Orçamento do Estado. E como as novidades no Hemiciclo de S. Bento são
tão raras, pelo menos as boas, interessou-nos saber qual a posição do novo e
único deputado do PAN (Pessoas, Animais e Natureza) em relação ao dito
orçamento. Ficámos a saber que ele não votou a favor nem contra, absteve-se
simplesmente, decisão que nos “encucou”, valendo-nos de um verbo muito usado pelos
nossos irmãos do outro lado do Atlântico, até porque nutrimos alguma simpatia
pelas ideias daquele partido, como não podia deixar de ser, apesar de julgarmos
algumas delas utópicas. Será que alguém lhe perguntou porque se absteve? Teria feito
alguma declaração? Se sim, não chegou ao nosso conhecimento nem mereceu o
devido destaque nas “notícias papagaio”.
Somos naturalmente
resistentes às opiniões dos engenheiros, que nos perdoem os nossos amigos desta
profissão, pois bem sabemos que em todas elas existem pessoas profundamente
diferentes, porque se há gente que se diz saber de tudo, os engenheiros ocupam tradicionalmente
o primeiro lugar no pódio, apesar de grande número de engenheiros civis infelizmente se
encontrar hoje sem trabalho devido à crise no sector, permanecendo acantonados
em casa, sem horas para se deitar e levantar, normalmente ataviados de roupão e
de pantufas, sentados num sofá com um jornal pela frente. Como o nosso deputado
é também Engenheiro de Construção Civil e especializado na recuperação do
património arquitectónico e artístico, ainda mais nos interessou saber quais as
causas que o levaram à abstenção.
Uma vez que o seu peso
político não conta para a aritmética das decisões, pelo menos enquanto estiver
só, pergunta-se: será que o fez para se poder sentar à mesa e dialogar com
todos os partidos? Teria entendido que o Orçamento do Estado não era uma causa suficiente
para se pronunciar, para não se situar nem à esquerda nem à direita? Temeria
que a sua tomada de posição comprometesse de alguma forma a paz social e a
estabilidade política? Entenderia que tanto a aprovação como o chumbo desse
Orçamento em nada influiria na vida e bem-estar dos portugueses? Ele lá saberá,
nós não sabemos! Certo é que vamos acompanhar de perto as suas propostas,
intervenções e tomadas de posição, nomeadamente as relativas aos animais e em
particular as que aos cães dirão respeito.
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