Se o aluno não vier a ser melhor do que o
mestre, andará o mundo para a frente? Se uma escola canina se agarrar aos cães
do passado e não produzir outros melhores, não terá os dias contados? As
memórias são o que resta a quem já fez e quem tem que fazer, não pode ficar
parado. O nosso passado tem pouca duração e só o que fazemos hoje nos transportará
para o futuro. Ninguém pode agarrar-se ao passado e desprezar o presente,
descansar à sombra do que realizou e ficar parado, porque enquanto o sábio aponta
para a lua, o idiota fica a olhar para o dedo, como dizem os chineses.
Quando olho para o que vivi e o que fiz, fico com a sensação de pouco ou
nada ter feito, de ter sido escravo de um tempo há muito ultrapassado. E
depois, se as boas recordações nos suavizam a morte, só os novos desafios nos
manterão vivos. Os cães que nos chegam hoje merecem o nosso melhor, porque
doutro modo estaremos a desperdiçar a sua vida e a malbaratar a sua
cumplicidade. Adestrar não será lapidar e aprimorar? Encontrar solução para os
problemas e seguir adiante? Eu acredito que sim, enquanto a vida for o melhor
dos bens. Ninguém é melhor que ninguém e será o empenho de cada um a
estabelecer a diferença.
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