O
amor dos celtas pelos animais faz parte da sua cultura milenar, tanto que transformaram
alguns em divindades e os anglo-saxões são conhecidos pelo seu apego aos cães,
assim como a maioria dos germânicos. E se assim é, como explicar que no
Noroeste de Portugal, onde celtas e suevos mais vincaram a sua presença e deixaram
descendência, os cães sejam ali ainda hoje considerados criaturas de somenos
importância pelo grosso da população? Relembrando Rui Veloso na canção “Primeiro
Beijo”: haverá gente informada capaz de explicar este desamor? A questão ou é
complexa ou muito simples, porque tanto os cães como os filhos são mais
numerosos entre os pobres e o Minho historicamente sempre se viu sangrado por
forçadas migrações. Será porque os que partiam não os podiam levar e os que
ficavam não tinham como os sustentar? É possível!
O
que nos parece impossível torna-se possível na Grã-Bretanha ou no Reino Unido (qualquer
das designações vai dar ao mesmo ou vai parar lá perto). Desta vez, segundo
noticiou a maioria dos tablóides britânicos, um conjunto de adestradores
lembrou-se de arrebanhar 12 cães abandonados, em vias de serem abatidos, na sua
maioria rafeiros e transformá-los em vedetas, levando-os a proezas pouco
fazíveis, inimagináveis e quase impossíveis para os bichos. Imagine-se que
depois de algumas provas selectivas, iniciadas por pô-los a tocar tambor, tal
qual macaco de “Jumbo Box”, três deles acabaram seleccionados para pilotar
aviões, tudo isto ao abrigo de um show televisivo.
Tudo
leva a crer que o comandante da tripulação será o mestiço de Staffordshire Bull
Terrier que dá pelo nome de “Shadow”, que segundo o seu treinador é um
verdadeiro “Houdini” canino, perito em desaparecer sem ser visto e extremamente
hábil no destrancar de portas. Não será de estranhar que estes estranhos
pilotos acabem por aterrar em Hollywood, porque os cães estão na moda e não é
todos os dias que vimos alguns deles a pilotar aviões. Resta saber que truques
irão utilizar os seus treinadores para a façanha, por certo irão necessitar de
raro engenho e de uma equipa técnica experimentada e versada em filmagens do
género, o que nem sempre se encontra.
Como
nem eu nem ninguém se arriscaria a entrar num avião pilotado por cães, apesar
de haver malucos para tudo, exalta-se o esforço daquela gente ao resgatá-los da
morte e transformá-los em heróis de ficção, evento a quem não faltará audiência
por ser do agrado de miúdos e graúdos. Que melhor campanha se poderia fazer em
prol dos animais resgatados do que evidenciar a sua cumplicidade e mais-valias?
Estamos
em crer, é isso que tudo indica, que os próximos heróis televisivos e cinematográficos
virão a ser comuns híbridos ou mestiços, cães familiares mais gratos e com maior
aptidão, mercê do abandono que os vitimou e do contributo inescusável da
selecção natural. E se assim for e caso tenha um cão destes, não sei do que está à
espera para começar a treiná-lo, esperará que outros o façam? Talvez você não esteja
contente com o que é mas o seu cão pode ajudá-lo a cumprir alguns dos seus
desejos. E sabe que mais? Há oportunidades na vida que não se repetem!
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