Cada vez são menos os
pumas da variedade concolor presentes na América do Norte, ali tratados por “Leões
da Montanha”, felinos que vão dos 60 aos 90cm de altura e dos 53 aos 100kg,
chegando a atingir velocidades entre os 60 e 80km/h e que exigem uma área de
vida entre os 50 e 1000Km2, território que uma vez invadido pelos humanos,
acaba por gerar alguns conflitos com as pessoas e com os seus animais de
estimação. Assim sucedeu no ano transacto, no quintal de uma residência em
Tujunga, na Califórnia/USA e só agora divulgado pelos principais jornais
ingleses e americanos com uma secção dedicada aos “pets”, que em simultâneo
divulgaram as imagens do sucedido, captadas por uma câmara de vigilância. Nelas
é possível ver a luta desenfreada e sangrenta entre um puma invasor e um
dobermann na defesa do seu território. O combate teve dois rounds e o cão saiu
muito mal do primeiro, porque acabou imobilizado e com as mandíbulas do puma
cravadas no seu pescoço. Por sorte encontrava-se com um estrangular metálico nele,
o que impediu de alguma forma o enterrar dos dentes do felino, que o largou por
ausência de resistência. Apesar de muito maltratado, o dobermann reergueu-se e
deu continuidade à luta, acabando o puma por pôr-se em fuga. O cão, que
sobreviveu, foi suturado com 60 pontos após o término do confronto. Eis aqui
mais uma razão para se gostar do Dobermann.
Esta peleja fez-nos
lembrar uns vídeos horrendos e brutais, aqui muito em voga nos anos 90, que
mostravam combates por demais sangrentos entre pumas e Dogues Argentinos,
invariavelmente ganhos pelos cães, o que se prestava à propaganda e divulgação desta
raça caçadora, que em termos de guarda deixou muito a desejar, apesar de também
anunciada para esse fim. As repetidas vitórias dos cães ficaram a dever-se à
ausência de unhas dos pumas, que uma vez capturados, eram-lhes cortadas, contrariamente
ao sucedido na Califórnia, onde o puma se apresentou intacto e de unhas afiadas
prá contenda. Patetices e despropósitos destes, então empreendidos pelos
criadores argentinos, só vêm dar corpo à “Lenda Negra” e envergonhar mais uma
vez a grande família latina. Passados estes anos, onde se encontra a maioria
dos dogues argentinos que importámos? Obviamente entregues à montaria e caça
grossa, até porque alguns deles, não tendo o que caçar, não se importam de dar
caça aos donos, facto que já testemunhámos com cães dispensados da obediência
básica, ainda que a maioria deles de bravo pouco tenha, fama e proveito também iguais
aos visíveis no Fila Brasileiro (sabemos o que dizemos, porque treinámos uns
quantos em São Paulo, no Bairro do Morumbi).
Só compreendemos o
exercício da caça quando alguma espécie se torna excedentária, põe em risco
outras ou provoca desequilíbrios ambientais, também quando alguma coloca em
risco vidas humanas, desde que respeitados os seus territórios. Não podemos
gostar de animais e ir para o Botswana caçar elefantes, já que isso é uma
prerrogativa de Dom Juan Carlos, rei aposentado de Espanha e ao tempo presidente
honorário do “World Wide Fund for Nature” espanhol (WWF), organização não-governamental
apostada em parar a degradação do ambiente natural do planeta e construir um
futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza, tendo como
missão um tríplice propósito: a conservação da diversidade biológica do mundo;
garantir que o uso dos recursos naturais renováveis é sustentável e promover a
redução da poluição e do desperdício (“tem pai que é cego”, como tantas vezes
temos ouvido da boca de Jô Soares, apresentador e humorista do Canal Globo da
televisão brasileira).
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