terça-feira, 8 de março de 2016

DOBERMANN VERSUS PUMA

Cada vez são menos os pumas da variedade concolor presentes na América do Norte, ali tratados por “Leões da Montanha”, felinos que vão dos 60 aos 90cm de altura e dos 53 aos 100kg, chegando a atingir velocidades entre os 60 e 80km/h e que exigem uma área de vida entre os 50 e 1000Km2, território que uma vez invadido pelos humanos, acaba por gerar alguns conflitos com as pessoas e com os seus animais de estimação. Assim sucedeu no ano transacto, no quintal de uma residência em Tujunga, na Califórnia/USA e só agora divulgado pelos principais jornais ingleses e americanos com uma secção dedicada aos “pets”, que em simultâneo divulgaram as imagens do sucedido, captadas por uma câmara de vigilância. Nelas é possível ver a luta desenfreada e sangrenta entre um puma invasor e um dobermann na defesa do seu território. O combate teve dois rounds e o cão saiu muito mal do primeiro, porque acabou imobilizado e com as mandíbulas do puma cravadas no seu pescoço. Por sorte encontrava-se com um estrangular metálico nele, o que impediu de alguma forma o enterrar dos dentes do felino, que o largou por ausência de resistência. Apesar de muito maltratado, o dobermann reergueu-se e deu continuidade à luta, acabando o puma por pôr-se em fuga. O cão, que sobreviveu, foi suturado com 60 pontos após o término do confronto. Eis aqui mais uma razão para se gostar do Dobermann.
Esta peleja fez-nos lembrar uns vídeos horrendos e brutais, aqui muito em voga nos anos 90, que mostravam combates por demais sangrentos entre pumas e Dogues Argentinos, invariavelmente ganhos pelos cães, o que se prestava à propaganda e divulgação desta raça caçadora, que em termos de guarda deixou muito a desejar, apesar de também anunciada para esse fim. As repetidas vitórias dos cães ficaram a dever-se à ausência de unhas dos pumas, que uma vez capturados, eram-lhes cortadas, contrariamente ao sucedido na Califórnia, onde o puma se apresentou intacto e de unhas afiadas prá contenda. Patetices e despropósitos destes, então empreendidos pelos criadores argentinos, só vêm dar corpo à “Lenda Negra” e envergonhar mais uma vez a grande família latina. Passados estes anos, onde se encontra a maioria dos dogues argentinos que importámos? Obviamente entregues à montaria e caça grossa, até porque alguns deles, não tendo o que caçar, não se importam de dar caça aos donos, facto que já testemunhámos com cães dispensados da obediência básica, ainda que a maioria deles de bravo pouco tenha, fama e proveito também iguais aos visíveis no Fila Brasileiro (sabemos o que dizemos, porque treinámos uns quantos em São Paulo, no Bairro do Morumbi).
Só compreendemos o exercício da caça quando alguma espécie se torna excedentária, põe em risco outras ou provoca desequilíbrios ambientais, também quando alguma coloca em risco vidas humanas, desde que respeitados os seus territórios. Não podemos gostar de animais e ir para o Botswana caçar elefantes, já que isso é uma prerrogativa de Dom Juan Carlos, rei aposentado de Espanha e ao tempo presidente honorário do “World Wide Fund for Nature” espanhol (WWF), organização não-governamental apostada em parar a degradação do ambiente natural do planeta e construir um futuro no qual os seres humanos vivam em harmonia com a natureza, tendo como missão um tríplice propósito: a conservação da diversidade biológica do mundo; garantir que o uso dos recursos naturais renováveis é sustentável e promover a redução da poluição e do desperdício (“tem pai que é cego”, como tantas vezes temos ouvido da boca de Jô Soares, apresentador e humorista do Canal Globo da televisão brasileira).

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