terça-feira, 28 de novembro de 2023

SEM ABRIGO: CONSENTIR-LHES A POSSE OU ESTENDER-LHES OS BENEFÍCIOS DOS CÃES DE ASSISTÊNCIA?

 

No condado norte-americano de Yolo, na Califórnia, uma sem-abrigo que se alojava num SUV com os seis cães foi presa por supostamente abusar de um deles num estacionamento. Ontem, dia 27 de novembro, pelas 06h21, agentes do Departamento de Winters disseram que receberam uma chamada telefónica sobre uma mulher que estava espancar e a sufocar um cão no estacionamento perto do Starbucks na Matsumoto Lane. Ao chegar ao local, um polícia relatou que a mulher se barricou num SUV preto com vários cães e que o ameaçou com uma arma. O agente da autoridade solicitou reforços e recebeu assistência do Gabinete do Xerife do Condado de Yolo. As autoridades identificaram a mulher como sendo Anastasia Mischenko, de 25 anos. Disseram que após mais de 30 minutos de negociação com ela, ela saiu finalmente do veículo, mas resistiu à detenção. Mischenko acabou por ser presa e autuado na Cadeia do Condado de Yolo por contravenção, crueldade contra animais e resistência/obstrução a um polícia. As autoridades disseram que ela será avaliada pela equipa de saúde mental da prisão. O abrigo de serviços para animais do condado de Yolo assumiu a custódia dos seis cães que estavam no veículo. A equipa de serviços de animais irá avaliar e tratar os cães acerca de possíveis necessidades médicas.

Este é mais um caso que me põe a pensar sobre se devemos consentir a posse de cães aos sem-abrigo, como até aqui tem vindo a acontecer, ou se ao invés, deveríamos estender-lhes os benefícios dos cães de assistência. Se o acompanhamento feito até aqui junto dos sem-abrigo visa a sua integração social, consentir que tenham os seus cães é obstar à sua reintegração e subsidiar o seu pequeno mundo à parte, para além de condenar os animais à mesma sorte que induz à miséria. Mas se ao invés levarmos cães de assistência aos seus pontos de apoio, os animais irão ajudar-nos na reinserção social dos sem-abrigo pela criação de vínculos afectivos que levarão alguns a desejarem reintegrar-se na sociedade para poderem ter o seu próprio cão. Para além da desesperança e da miséria, o isolamento é um dos principais recrutadores dos sem-abrigo. Ao terem que deslocar-se aos centros de apoio para estarem com os cães, obrigatoriamente acabarão por estabelecer contacto com os seus tratadores, que dali em diante farão parte da sua vida, a quem ouvirão e que acabarão por ser seus confidentes, quiçá em parte responsáveis pela sua mudança de vida. Dar um cão a um sem-abrigo pode potenciar o seu indesejável isolamento; um cão de assistência pode trazê-lo de volta. Enquanto adestrador canino entendo que os cães não vieram para separar os homens, mas sim para uni-los. 

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