Depressa
os meus alunos aprendem a não culpar os cães pelo insucesso binominal, que
invariavelmente resulta duma comunicação insuficiente que leva os donos a não
se fazerem compreender ou a não entenderem os seus cães. A Andreia, que é
pródiga em novidades, chegou hoje com uma nova: “não consigo fazer com que o
Luca salte uma corrente de ferro baixinha”. Quem assiste aos treinos do Beagle
sabe que ele é “um verdadeiro guia de cegos”, que resolve por ele um conjunto
de dificuldades sem a dona tomar conhecimento. Disposto a ajudar o cão e
apostado em resolver o problema, acabei por levar o Luca a saltar vários lances
de corrente junto ao rio, o que não dispensou alguma perícia face à proximidade
da muralha. Quando o cão começou a saltar confiante, passei-o para as mãos da dona,
como se pode ver no GIF acima. “O Luca não gosta de água”, disse a Andreia
outra vez. Na verdade o Beagle não tinha medo, mas sim pavor, quiçá por não ter
sido acostumado à água desde cachorrinho ou porque os seus genes não lhe
permitem caçar raposas aquáticas. Como importava familiarizar o Beagle com o
ambiente aquático, dona e cão foram convidados a dar um passeio à borda-d’água.
Com
o Luca mais confiante e descontraído, à guisa de recompensa, foi convidado para
se sentar ao colo da dona à beira-mar, gesto de carinho que muito lhe agradou e
que lhe transmitiu ainda maior confiança.
Como
importava desentorpecer os membros ao Luca e prepará-lo para os exercícios
seguintes, optei por convidá-lo para um “extensor de solo” improvisado, situado
entre duas faixas de rodagem. O Beagle mostrou-se indiferente ao movimento e
enveredou pela marcha suspensa.
Com
o aquecimento feito e satisfeito pela recompensa, o Luca foi depois convidado para
um movimento de Slalom, aproveitando uma sequência de pequenos pilares de
ferro, que apenas servem para impedir que os carros estacionem em cima dos
passeios. A execução do Beagle no Slalom está pendente de uma maior
disponibilidade física da sua condutora, que por vezes é mais chegada às
paragens do que às ajudas que o pequeno cão precisa.
Para
combater as más associações, o binómio foi depois convidado para executar à
trela um trivial exercício de “abaixo” e “up” numa estrutura metálica. Depressa
o Luca espevitou as orelhas e respondeu afirmativamente às solicitações da sua
dona. O GIF seguinte disso dá mostras.
Mais
adiante, num parque de estacionamento pouco concorrido, optei por pedir ao
binómio que executasse um “Moinho Direccional” para o lado esquerdo, servindo-se
de dois separadores tubulares abertos. Também aqui o Luca esteve à altura das circunstâncias,
apesar de ser obrigado a esperar pelo acerto da sua condutora, que atendendo à distracção
que transporta, caso fosse cão, seria ainda mais Beagle do que o seu próprio
cão!
Pondo de parte o humor, há que reconhecer o esforço e a dedicação da Andreia, que finalmente tem o Luca em “estado de graça”. Bem sei que peço muito aos meus alunos, mas nada que primeiro não exija a mim próprio, tarefas ao alcance de qualquer e que dispensam a colaboração ou a intercessão de demiurgos, criaturas aladas, alienígenas ou espíritos benfazejos.
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