Como
os franceses estão a enterrar cada vez mais os seus animais, os funerais destes
não pararam de aumentar nos últimos anos. Enterro ou cremação, as empresas
funerárias são cada vez mais procuradas. Como vem sendo hábito desde o Séc.
VII, o período do Dia de todos os Santos é sinónimo de multidões nos cemitérios
e muitos franceses prestam agora homenagem aos seus animais de estimação
falecidos. O cemitério gaulês mais antigo foi inaugurado em Asnières-sur-Seine,
perto de Paris, em 1899, sucedendo-se nas suas vielas lápides relativas a toda
a sorte de animais (cães, gatos, cavalos e até tartarugas).
Há
quem venha ciclicamente tirar o pó de cima dos túmulos dos seus animais, gente
para quem o tempo ainda não apagou o desgosto da separação. E, para apagar a
saudade, não são poucos os donos que se deslocam ao cemitério dos animais. Como
existem muitos casais endinheirados sem filhos, os pets ocupam agora o seu
lugar nos lares, merecendo por isso, quando morrem, um funeral digno desse dono
e serem homenageados nos seus túmulos. Funeral e sepultamento rodam os 6.000€
(se o casal comprar o caixão almofadado e assim por diante)
Mas
a conta nem sempre é assim tão alta segundo Cédric Malin, gerente da
Animémoire, agência funerária especializada. “Não vamos mais ficar na casa dos
1.100 euros por uma pequena concessão”, afirma. O serviço inclui o caixão, a
escavação, o transporte do animal ao veterinário, a organização e a laje de
granito. Mas alguns artesãos são convidados para erguer um monumento e, neste
caso, os preços podem disparar, “Podem ir dos 1.000 aos 6, 12, 15.000 euros”,
explica o gestor da Animémoire.
Como a cremação é mais barata, está a atrair muitos franceses. Só no ano passado, a empresa Séleste cremou 20.000 animais. O seu presidente, Nicolas Goosseens, nota um aumento no número de cremações individuais. “É antes de mais uma convicção pessoal, sem dúvida uma vertente mais prática de poder guardar a urna do companheiro em casa ou perto de casa”, adianta. Nos últimos 20 anos, o tabu em torno do luto animal foi levantado e o fenómeno que está a provocar uma explosão na procura de funerais, à medida que os crematórios locais se tornam mais difundidos. A empresa Séleste prevê criar cerca de vinte novos crematórios num futuro próximo, estando os de Nantes e Lyon a funcionar já no próximo mês. Estamos sem margem para dúvidas perante um bom negócio, ainda mais que 1 em cada 3 franceses acredita na vida para além da morte, segundo o INSTITUIT FRANÇAIS d’OPINION PUBLIQUE (IFOP), a mais antiga empresa de pesquisas de opinião e de marketing da França. Na esperança de um possível reencontro, os donos tudo levam a preceito.
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