Ninguém
tem dúvidas que o FSM Doc é um atleta de eleição, provavelmente o José António
não virá a ter outro igual, desejoso de agradar e capaz de trabalhar para além
dos seus limites. O Doc foi convidado ontem para dois exercícios de transporte
sobre obstáculos com um haltere de madeira na boca de 1Kg (GIFs acima e
abaixo). A parte do trabalho mais difícil o cão realizou exemplarmente, “borrando
apenas a pintura” na parte final, quando deixou cair pesadamente o objecto no chão
ao invés de entregá-lo nas mãos do dono, problema que não é de natureza
atlética nem de nenhuma lacuna na área da obediência, mas resultante da
filosofia de ensino a que o cão foi sujeito. Atleticamente, este Fila de S.
Miguel tem um desempenho acima do esperado, bastando para isso observar o peso
excessivo do haltere em relação ao seu light volume das coxas que nos impactos
ao solo quase o obrigava a bater como focinho no chão. Por outro lado, o
desempenho do Doc demonstrou cabalmente o seu alto nível de obediência.
O cão largou o haltere por 3 princípios ligados a uma ultrapassada filosofia de ensino, que precisam urgentemente de ser eliminadas, a saber: 1 _ A uma intimidade q.b. que mais se preocupou com os incómodos do que com os benefícios, o que teve como consequência um menor à vontade e algum temor por parte do cão, que ganhou um líder e perdeu em parte o companheiro que tanto necessitava; 2 _ O uso do princípio abusivo do “ quero, posso e mando”, leviandade e despreparo que ainda afecta muitos proprietários caninos; 3 _ À lesiva aplicação do princípio de “ele é ele e eu sou eu”, que deverá ser abandonado e dar lugar ao “ele e eu somos um!”, mais-valia que o adestramento oferece. Para que isto aconteça e o haltere seja entregue nas mãos do dono, é necessário que o José António tenha uma relação com o Doc mais tangível, permissiva, lúdica e afectuosa que permita a cumplicidade sem os entraves da coerção. Por outro lado, porque todos os cães necessitam de alguma autonomia, há que evitar todas as situações despóticas e de abuso do poder. Quanto um cão salta de alegria para os braços do dono e é bem acolhido, entregar-lhe um haltere é uma coisa natural. O haltere é uma ferramenta de ensino que foi feita para ser entregue e quando assim não acontece é porque os donos não souberam utilizá-lo ou impediram que surtisse o efeito desejado. Largar um haltere é quase sempre um sinal de precariedade pedagógica, de desencanto e/ou de infelicidade, porque um cão cioso do seu haltere chega a resistir à sua entrega por considerá-lo um dos seus bens!
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