domingo, 19 de novembro de 2023

QUE VENHA A PAZ QUE DE GUERRA ANDAMOS FARTOS!

 

Apesar de também ver o mundo tal como é, o nosso Balzac não é francês nem escritor, somente um proibitivo Boxer (1) quase negro, bem constituído, harmonioso, alegre e brincalhão, que talvez se chame assim em homenagem a Honoré de Balzac ou devido à letra que presidiu ao ano do seu nascimento. Seja como for, o que importa é que está ao meu cuidado e cabe-me treiná-lo para que seja cada vez mais feliz no mundo que o rodeia. Quando reassumi o trabalho na Pista Táctica, fui surpreendido por uma briga entre ele e dois Filas, o que me deixou profundamente revoltado e desgostoso, mas ao mesmo tempo sedento de resolver aquele inusitado conflito logo que possível, o que veio a acontecer ontem. O alcance da sociabilização alcançada pelos cães permitiu também que o Balzac se estreasse na condução em liberdade (solto), conforme se pode ver no Gif acima (cão e dono gozam de uma excelente cumplicidade). No Gif seguinte vemos o Balzac a cruzar com um Fila (Doc), encontrando-se ambos soltos, ainda que o exercício tenha sido primeiro executado à trela por razões de segurança.

Perante a resposta afirmativa do Boxer passámos à fase seguinte, convidando-o para o cruzamento frontal com dois cães, com o Doc e com o Dingo, sendo o último um híbrido de Doberman com FSM, um matulão que é um verdadeiro Apolo canino, com saúde e força para dar e vender. Conforme era esperado, a tarefa resultou numa experiência feliz.

Face ao sucesso alcançado, o cruzamento dos 3 cães foi várias vezes repetido para se alcançar o condicionamento mecânico. Ao reparar com mais pormenor nos cães que estava a usar na sociabilização do Balzac, apercebi-me instantaneamente que entre eles existia uma rivalidade aberta e um conflito não sanado, impropriedade que o FSM Doc não conseguiu esconder ao evoluir com o pêlo do dorso levantado. Este ambiente canino de rixa há muito que deveria ter sido resolvido e se não foi, é porque alguém não quis ou não soube como resolvê-lo. Convém relembrar que o bom andamento nas aulas colectivas depende em primeiro lugar da sociabilização dos cães, devendo ser esta a sua principal preocupação e o primeiro dos seus trabalhos.

Nos cruzamentos finais, para dotar o Boxer de um quadro experimental mais abrangente e estender a sua segurança nos cruzamentos com outras raças caninas, optei por convocar para o efeito dois Pastores Alemães, a Dream e a Kiara, conduzidos respectivamente pela Viv e pelo José Maria.

Reinou a paz onde anteriormente havia guerra e a sociabilização dos cães foi alcançada naquele momento, devendo ser recapitulada até deixar de fazer sentido. Por vezes esquecemo-nos que os cães nas aulas colectivas são também agentes de ensino uns dos outros, que cada cão evoluirá mais ou menos, segundo a contribuição e qualidade da matilha escolar em exercício. E se assim é, qualquer picardia obsta a este propósito – que venha a paz que de guerra andamos fartos!

(1)Os Boxers são animais braquicéfalos, caracterizados por alterações anatómicas do crânio, que tornam o focinho mais curto, a braquicefalia (crânio oval, curto e quase tão largo como comprido) faz com que estes cães apresentem traços muito carismáticos, como face arredondada e olhos arregalados. Por outro lado, ela também é responsável por uma maior predisposição a certos problemas de saúde, nomeadamente os respiratórios. Assim, um Boxer negro ou quase negro pode ser muito bonito, mas obrigatoriamente deverá ser poupado nos esforços e resguardado nos dias de maior calor. Para que ganhe maior resistência nestas circunstâncias particulares, urge que treine amiúde contrabalançando-se os períodos de trabalho e de descanso em condições consideradas ideais.

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