quinta-feira, 2 de abril de 2020

1º DE MAIO SEM CÃO E SEM GATO NA MESA

Foi preciso vir o impiedoso Covid-19, para a cidade de Shenzhen proibir o consumo de cães e gatos, a primeira em toda a China. Esta medida foi implementada dentro de uma repressão mais ampla ao comércio e consumo de espécies selvagens, uma consequência directa da prevenção contra o coronavírus.
As autoridades desta cidade do sul da China disseram que a proibição de comer carne de cão e de gato entrará em vigor no dia 1º de Maio deste ano. Foram vários os motivos que levaram a esta decisão, entre eles está o facto de “cães e gatos estabelecerem uma relação muito mais próxima com os seres humanos do que todos os outros animais, e proibir seu consumo é uma prática comum nos países desenvolvidos e também em Hong Kong e Taiwan", segundo disseram as autoridades da cidade à agência Reuters.
Como todos sabemos, os cães são comidos em várias partes da Ásia, mas para o centro de Prevenção e controlo de Doenças de Shenzhen “as aves, animais e peixes disponíveis são suficientes” para satisfazer as necessidades da sua população, junto com tartarugas e sapos que não foram objecto de proibição, apesar do consumo destes ter gerado muitas controvérsias no passado mês de Fevereiro.
Não obstante, a campanha para proibir o consumo de animais selvagens recebeu rasgados elogios por parte de grupos locais ligados ao bem-estar animal. Desgraçadamente, esta proibição de Shenzhen dificilmente terá algum efeito, pelo menos imediato, sobre o tradicional e muito contestado Festival de Carne de Cão de Yulin, que acontece a centenas de quilómetros de distância desta cidade, desde 2009 e durante o Solstício do Verão, com uma duração de 10 dias e onde costumam ser consumidos entre 10 a 15 mil cães, normalmente acompanhados de Líchia (1).
A China está a mudar e ninguém sabe onde irá parar o “Império do Meio”. Há mais de 200 anos, em 1816, Napoleão Bonaparte afirmava que a China não estava condenada à decadência. “Quando a China acordar, o mundo tremerá", disse. O escritor gaulês Alain Peyrefitte, um pensador, político, diplomata e ensaísta, que foi também Ministro da Justiça, Ministro da Educação e Ministro da Cultura da França, 157 anos depois, recuperou a frase do “Imperador dos Franceses” para título de um livro célebre, onde profetizava que os chineses, por serem muitos, acabariam inevitavelmente por dominar o mundo.
Dominem o mundo ou não, há que dar os parabéns às autoridades de Shenzhen pela sua aproximação aos direitos dos animais. Tomara que venha a ser um exemplo e que outras cidades da China proíbam também o consumo de carne de gatos e cães.
(1)Fruto pequeno e avermelhado de uma árvore tropical da família das sapindáceas (Litchi chinensis), de origem asiática.

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