Para um tal de Prof. Xuhua
Xia (na foto acima), vindo lá do Departamento de Biologia da Universidade de Ottawa,
no Canadá, segundo um estudo que publicou na revista “Molecular Biology and
Evolution”, os cães vadios que comem carne de morcegos podem ter começado a
presente pandemia, sendo estes o hospedeiro intermediário animal mais provável
para a transmissão do Sars-Cov-2 em humanos, apesar doutros cientistas
contestarem as suas afirmações e descobertas.
Segundo o estudo, o
ancestral do novo coronavírus e o seu parente mais próximo - o coronavírus do
morcego - infectaram os intestinos dos cães, evoluindo depois para infectar os
humanos. Humanos e mamíferos podem combater os vírus através de uma proteína
antiviral que impede a multiplicação da infecção. Em simultâneo, regiões do ADN
- dinucleotídeos CpG - dizem ao sistema imunológico para atacar o vírus. Mas os
coronavírus de fita única podem evitar as defesas naturais do corpo, reduzindo
a CpG. Xia analisou os genomas de betacoronavírus e descobriu que Sars-CoV-2 e
seu parente mais próximo - o coronavírus de morcego - têm a menor quantidade de
CpG. Apenas os genomas de coronavírus canino têm valores genómicos semelhantes,
diz o estudo.
O receptor celular para
Sars-CoV-2 é "amplamente difundido no sistema digestivo humano", diz
o estudo, acrescentando: "Isso é consistente com a interpretação de que a
baixa CpG em Sars-CoV-2 foi adquirida pelo ancestral de Sars-CoV-2 evoluindo nos
sistemas digestivos de mamíferos. "A interpretação é ainda corroborada por
um relatório recente de que uma alta proporção de pacientes com Covid-19 também
sofre de desconforto digestivo. "De fato, 48,5% apresentaram sintomas digestivos
como principal queixa". O professor Xia disse que os resultados sugerem
"a importância de monitorar os coronavírus do tipo Sars em cães selvagens
na luta contra o Sars-CoV-2".
Porém, o professor James
Wood, chefe do Departamento de Medicina Veterinária e pesquisador em dinâmica
de infecções da Universidade de Cambridge, não está convencido e disse: "Há
muita inferência e muito poucos dados directos. Não vejo nada neste artigo para
apoiar essa suposição e estou preocupado que ele tenha sido publicado nesta
revista. "Eu não acredito que qualquer proprietário de cão deva preocupar-se
como o resultado deste trabalho."
Para muita gente, o que
vale é um estudo conduzido pelo Covid Research Group da Universidade Católica
do Sagrado Coração, publicado na revista do Instituto Pasteur de Paris, que
concluiu que a proximidade com os animais de estimação e com o gado pode
aumentar as defesas imunológicas “naturais” do homem e diminuir os sintomas de
uma possível infecção. Como se depreende, as opiniões dividem-se e o cerco em
torno dos cães aumenta. Resta-nos esperar e não entrar em alarmismos, tomar as
devidas cautelas e higienizar os nossos cães e os lugares em que coabitam
connosco, já que nada está comprovado.
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