quinta-feira, 30 de abril de 2020

NUM RAIO DE 100 METROS

Não é fácil adequar uma aula de ginástica canina num raio de 100 metros a partir da minha porta de casa, com os cães atrelados e com a diversidade de obstáculos que exige, mas com criatividade e sentido prático tudo é possível, graças à experiência que tende a suprir as necessidades. Na foto acima, como introdução aos “obstáculos de projecção negativa”, valemo-nos dum comum banco de jardim e convidámos os cães a saltá-lo das costas para o assento. Na foto anterior vemos a Patrícia com a Keila a saltá-lo no seu 3º momento. A menina parou para olhar para a cadela, causando-lhe assim impacto visual (travamento) quando deveria continuar a correr, uma vez que a cadela ainda se encontrava em suspensão. Na foto seguinte vemos o Pedro no mesmo momento do salto com a Nala e a incorrer no mesmo erro. Contudo, os dois irmãos parecem já ter compreendido quais as ajudas a dar aos seus cães nas transposições.
Num estilizado banco de uma praça, alusivo a um motivo que ainda não descobri, aproveitámos para treinar comodamente o “quieto” a partir da rotação dos lugares de donos e cães, com eles sentados e não ditados para que se sentissem mais à vontade e dali saíssem facilmente caso se sentissem ameaçados (as cadelas levam 15 dias de treino).
Para que tudo aconteça sem atropelos e o afastamento dos donos seja melhor tolerado, valemo-nos de dois marcos do correio, colocando os donos por detrás deles e os cães soltos na sua frente (as trelas jogadas no chão disso dão testemunho).
O Adestrador, como sempre, para matar saudades e não perder faculdades precocemente, agarrou no CPA Bohr e levou-o a saltar um caracol de prisão para bicicletas urbanas, exemplo que foi imediatamente seguido pelos restantes condutores.
A foto que se segue, referente ao mesmo exercício, mostra o Pedro a conduzir a Nala acertadamente. Acertadamente porquê? Porque é visível a sincronia entre a ajuda de mão do condutor e a acção do animal - a cachorra ainda está a subir e a mão do condutor auxilia o seu movimento (o rapaz está a começar a acertar. Qual é o título da canção mais famosa do falecido Leonard Cohen?).
Aproveitámos uma velha roda de tirar água para as populações de tempos idos e colocámos lá os três cães como se fizessem parte daquele histórico engenho. Conforme a foto elucida através das expressões mímicas dos cães nela retratados, os animais estiveram perfeitamente à vontade, cómodos e com os olhos nos donos, como convém.
Todos sabemos que os cães melhoram substancialmente as suas tarefas com o tempo e o treino. Os nossos estão cada vez a saltar mais alto, melhoria que os capacita a lidar melhor com as alturas por já terem aprendido a sair delas. Por outro lado, a subida à caixa eléctrica visou também o robustecimento do carácter dos animais.
Num muito para além do que nos é permitido ir, encontrámos umas escadas e convidámos os binómios a descê-las, isentando os cães de fazê-las atrás dos donos como seria de esperar. E Isto porquê? Para não subjugar em demasia as cadelas e não concorrer para o seu demérito, porque uma é pouco segura e a cachorra deverá crescer na perspectiva que tudo está ao seu alcance. Mais tarde, quando estiver liberta de medos, não deixaremos de refrear-lhe os ímpetos e de proceder ao seu controlo absoluto.
Já na subida das escadas procedemos de maneira inversa ao mandar os cães “à frente”, o que de certa maneira facilitou a vida aos seus condutores (foram rebocados), porque queremos que os cães se acostumem a circular na frente dos seus mestres debaixo de ordem, vindo mais tarde e dessa forma a protegê-los em ruas mal iluminadas ou em caminhos pouco seguros, utilidade para a qual a subida de degraus concorre decisivamente.
Procuramos sempre que possível actividades ou exercícios em que donos e cães sejam obrigados a fazê-lo lado-a-lado, não só por causa dos alinhamentos ou das progressões alinhadas, mas também e particularmente para aumentar a cumplicidade entre donos e cães, revestindo-os assim de superior unidade de propósitos. Na foto seguinte vemos o Pedro e a Nala a ultrapassar correctamente uma cerca de jardim.
Sobre um “jogo da macaca”, agora interdito às crianças neste tempo de pandemia, colocámos os binómios para lembrar-lhes que podemos treinar sobre aquele jogo e debaixo das suas regras o “alto”, o “senta”, o “de pé” e o “em frente”, quando importa que estes comandos sejam executados com precisão.
Para terminar, convidámos os binómios presentes a sentar-se num miradouro virado para o rio, com as cadelas comodamente sentadas a seu lado, imagem clara da coabitação entre humanos e cães que se deseja profícua e harmoniosa (pelo semblante da Patrícia, ela parece já ter ido rio abaixo, para muito longe).
Participaram nos trabalhos os seguintes binómios: Paulo/Bohr, Patrícia/Keila e Pedro/Nala. O Afonso foi para a mãe e o Paulo Jorge encarregou-se das fotografias como é seu hábito. Entretanto soubemos que o Tomás foi devolver o cão à criadora, o que se compreende diante das suas actuais responsabilidades familiares.

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