Não é fácil adequar uma
aula de ginástica canina num raio de 100 metros a partir da minha porta de casa,
com os cães atrelados e com a diversidade de obstáculos que exige, mas com criatividade
e sentido prático tudo é possível, graças à experiência que tende a suprir as
necessidades. Na foto acima, como introdução aos “obstáculos de projecção
negativa”, valemo-nos dum comum banco de jardim e convidámos os cães a saltá-lo
das costas para o assento. Na foto anterior vemos a Patrícia com a Keila a
saltá-lo no seu 3º momento. A menina parou para olhar para a cadela, causando-lhe
assim impacto visual (travamento) quando deveria continuar a correr, uma vez
que a cadela ainda se encontrava em suspensão. Na foto seguinte vemos o Pedro
no mesmo momento do salto com a Nala e a incorrer no mesmo erro. Contudo, os dois
irmãos parecem já ter compreendido quais as ajudas a dar aos seus cães nas
transposições.
Num estilizado banco de
uma praça, alusivo a um motivo que ainda não descobri, aproveitámos para
treinar comodamente o “quieto” a partir da rotação dos lugares de donos e cães,
com eles sentados e não ditados para que se sentissem mais à vontade e dali
saíssem facilmente caso se sentissem ameaçados (as cadelas levam 15 dias de
treino).
Para que tudo aconteça sem
atropelos e o afastamento dos donos seja melhor tolerado, valemo-nos de dois
marcos do correio, colocando os donos por detrás deles e os cães soltos na sua
frente (as trelas jogadas no chão disso dão testemunho).
O Adestrador, como sempre,
para matar saudades e não perder faculdades precocemente, agarrou no CPA Bohr e
levou-o a saltar um caracol de prisão para bicicletas urbanas, exemplo que foi imediatamente
seguido pelos restantes condutores.
A foto que se segue,
referente ao mesmo exercício, mostra o Pedro a conduzir a Nala acertadamente.
Acertadamente porquê? Porque é visível a sincronia entre a ajuda de mão do
condutor e a acção do animal - a cachorra ainda está a subir e a mão do
condutor auxilia o seu movimento (o rapaz está a começar a acertar. Qual é o
título da canção mais famosa do falecido Leonard Cohen?).
Aproveitámos uma velha
roda de tirar água para as populações de tempos idos e colocámos lá os três
cães como se fizessem parte daquele histórico engenho. Conforme a foto elucida
através das expressões mímicas dos cães nela retratados, os animais estiveram
perfeitamente à vontade, cómodos e com os olhos nos donos, como convém.
Todos sabemos que os cães
melhoram substancialmente as suas tarefas com o tempo e o treino. Os nossos
estão cada vez a saltar mais alto, melhoria que os capacita a lidar melhor com
as alturas por já terem aprendido a sair delas. Por outro lado, a subida à
caixa eléctrica visou também o robustecimento do carácter dos animais.
Num muito para além do que
nos é permitido ir, encontrámos umas escadas e convidámos os binómios a descê-las,
isentando os cães de fazê-las atrás dos donos como seria de esperar. E Isto
porquê? Para não subjugar em demasia as cadelas e não concorrer para o seu
demérito, porque uma é pouco segura e a cachorra deverá crescer na perspectiva
que tudo está ao seu alcance. Mais tarde, quando estiver liberta de medos, não
deixaremos de refrear-lhe os ímpetos e de proceder ao seu controlo absoluto.
Já na subida das escadas
procedemos de maneira inversa ao mandar os cães “à frente”, o que de certa
maneira facilitou a vida aos seus condutores (foram rebocados), porque queremos
que os cães se acostumem a circular na frente dos seus mestres debaixo de
ordem, vindo mais tarde e dessa forma a protegê-los em ruas mal iluminadas ou
em caminhos pouco seguros, utilidade para a qual a subida de degraus concorre
decisivamente.
Procuramos sempre que
possível actividades ou exercícios em que donos e cães sejam obrigados a
fazê-lo lado-a-lado, não só por causa dos alinhamentos ou das progressões
alinhadas, mas também e particularmente para aumentar a cumplicidade entre
donos e cães, revestindo-os assim de superior unidade de propósitos. Na foto
seguinte vemos o Pedro e a Nala a ultrapassar correctamente uma cerca de jardim.
Sobre um “jogo da macaca”,
agora interdito às crianças neste tempo de pandemia, colocámos os binómios para
lembrar-lhes que podemos treinar sobre aquele jogo e debaixo das suas regras o “alto”,
o “senta”, o “de pé” e o “em frente”, quando importa que estes comandos sejam
executados com precisão.
Para terminar, convidámos
os binómios presentes a sentar-se num miradouro virado para o rio, com as
cadelas comodamente sentadas a seu lado, imagem clara da coabitação entre humanos
e cães que se deseja profícua e harmoniosa (pelo semblante da Patrícia, ela
parece já ter ido rio abaixo, para muito longe).
Participaram nos trabalhos
os seguintes binómios: Paulo/Bohr, Patrícia/Keila e Pedro/Nala. O Afonso foi
para a mãe e o Paulo Jorge encarregou-se das fotografias como é seu hábito.
Entretanto soubemos que o Tomás foi devolver o cão à criadora, o que se
compreende diante das suas actuais responsabilidades familiares.
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